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I wanna be yours porra.

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O avião pousou sete minutos depois do horário que eu deveria estar na talvez mais importante reunião da minha carreira profissional.

Não é minha culpa.

O piloto avisou com antecedência que teriam que pousar em outro aeroporto nas proximidades de Roma para recarregar alguma coisa essencial pro pleno funcionamento da aeronave.

Enviei uma mensagem para Thaísa avisando de meu atraso, cinquenta mensagens brilham no visor do meu celular depois disso, li apenas a última e mais importante.

"Nos darão trinta minutos, nem que você tenha que pular daí, chegue logo. "

Ri de minha própria desgraça e retirei o cinto quando enfim as pessoas se direcionavam a saída. O ar puro nunca me foi tão necessário.

Um motorista italiano me esperava na saída, tão grande quanto um urso, pegou minhas três malas e as carregou até o porta mala, claramente mais interessado nisso do que em mim, não me dirigiu uma palavra até o momento em que entrei.

Os italianos eram todos assim?

Peguei minha pasta dentro da maleta preta que carregava meu passe para um enorme salto na minha carreira profissional, eu espero.

Minhas mãos estavam ansiosas, não de medo ou despreparo. Havia me preparado para aquilo a meses, desde que Thaisa me indicou para isto. Uma ideia um tanto ousada visto que trabalhamos em áreas diferentes.

Eles devem confiar muito nela para aceitarem uma "entrevista" com uma brasileira quase desconhecida por eles nesse ramo, aonde eu já deveria aparecer com uma solução prévia para seus problemas. Thaisa me disse que isso seria importante, talvez importante até demais.

Estava tão focada em meus pensamentos que só notei que já estávamos em frente a uma das maiores empresas de energia elétrica do mundo, quando o motorista pirragueou baixinho.

Não tive tempo para me constranger por estar tão avoada, Thaisa me esperava ao pé da calçada, com as mãos nos bolsos e os olhos apreensivos. Ao lado dela um homem tão baixo que creio eu não ultrapassava os 1,70. Desci do carro e ia me virar em direção ao motorista quando Thaisa acenou e entregou a ele um papel.

- Per favore porta queste borse a questo indirizzo ( por favor, leve essas malas até este endereço.) - Na voz de Thaisa, um italiano impecável se fez ouvido. O homem sorriu minimamente e eu levantei às sobrancelhas surpresa. Ele nem parecia ter a capacidade de sorrir. O homem apenas assentiu e o carro partiu em alta velocidade. Thaisa se votou para mim e me abraçou rapidamente. -  Ah, graças a Deus você está aqui. Estava a ponto de arrancar meus cabelos, tudo pronto?

- Sim.

Lembrando-se subitamente do baixinho ao lado dela, Thaisa nos apresentou em italiano.
Diretor de projetos gerais, Cesare Barbiere. Lidaria com ele e sua equipe hoje, incluindo obviamente os presidentes da Enel.

Conversamos rapidamente enquanto subiamos ao andar da sala de reuniões. A empresa era luxuosa e bastante iluminada pela luz do dia, algo muito apreciado pelos italianos. Fora isso, apenas um prédio empresarial normal. Funcionários andando por todo canto com pastas e papéis na mão olhavam para nós a todo momento, Thaisa segurava em meu ombro enquanto passávamos, com certeza me passando um pouco de segurança.

Chegamos em um corredor silencioso e com apenas uma sala no final. Cesare a abriu e entramos, todos já estavam lá, homens e mulheres bem vestidos com relatórios a mão que eu sabia serem do que eu explicaria hoje, conversavam baixo, mas todos se silenciaram quando entramos. Alguns me encarando de cima a baixo. Como já conheciam Thaisa, ela apenas os cumprimentou e se sentou numa cadeira vaga, Cesare fez o mesmo depois de me oferecer um copo de água.

Noi due - Rosattaz.Onde histórias criam vida. Descubra agora