Noi due - Rosattaz.

Traga-me paz

Se você não tem coragem, não adianta ter vontade.

Milão esconde uma beleza natural rara que mistura o romance indescritível de séculos
de história e arte romanas com a moda e design modernos dos dias atuais. Além de pulsar cultura, arte e encanto, a comuna é também a maior metrópole da indústria Itáliana.

Me senti absolutamente inserida na história daquela cidade e sobretudo acolhida pela grandiosidade que emanava da segunda maior cidade da Itália, que seria minha casa por duas semanas.

Dos 30 minutos da propriedade de Rosamaria até a base da Enel no centro da cidade, passei cada segundo admirando o que via pela janela e parecia não haver olhos o suficiente para enxergar tudo que Milão tinha a me mostrar.

Ao chegarmos na empresa fui diretamente recepcionada pela minha atual equipe. Cesare me levou em um tour para a sala de operações onde todos os projetos eram criados e aperfeiçoados. Ao todo eram 12 pessoas, desde gerentes de manuseio e instalações até pessoas da auditoria e sustentabilidade.

Cerca de 4 horas depois, poucos minutos antes da hora do almoço, eu conversava com Donata cutti, a especialista em meio ambiente e segurança sobre os tipos de solos e equipamentos que seriam necessários. Donata não tinha mais que 40 anos, vários centímetros mais baixa que eu e de lindos olhos azuis como o mar.  Era alguém animada e atenciosa a cada mínimo detalhe.

- Carol, em vários países, assim como no Brasil, para produção da energia elétrica em larga escala em terrenos agrícolas, é necessário que os compradores priorizem parques solares em fazendas deficitárias e infelizmente não é o que estão fazendo.

- Justo, exatamente por causa da pouca demanda dessas fazendas específicas, eles utilizam fazendas importantes ou no apogeu do rendimento. Não é muito mais fácil utilizar aquilo que já é bom ao invés de começar algo grande em uma terra nova e destruí-la? - Comecei apontando para o gráfico no tablet que Donatta segurava. Seus olhos acompanharam meu dedo precisamente. - isso deve ser bom para todos, por isso que preciso de um meio que mude essa realidade. Quanto não podemos perder, e eu não falo apenas de dinheiro, na forma como instalamos os equipamentos no solo?

Seus olhos se arregalaram e ela mudou algo no tablet, abrindo um aplicativo de desenho digital. Ela desenhou rapidamente alguns rasbicos com palavras.

- Então um desenvolvimento do setor solar de baixo impacto? Algo que nos entregue energia e não impacte negativamente o solo.. - Ela nem parecia estar falando comigo e eu via as molas na sua cabeça se movendo. No entanto antes que pudesse dizer algo, as pessoas da sala começaram a se levantar e sair com suas bolsas.

Horário de almoço.

- Oh Donatta, desculpe, ocupei muito seu tempo.

- Nada disso Carol, nossa conversa foi mais construtiva que muitas aulas minhas na faculdade. Eu já tenho algumas ideias, armarei o planejamento e depois te mostro, tudo bem? - Ela perguntou enquanto guardava o tablet na bolsa e a colocava sobre o ombro. Seus olhos brilhavam de animosidade, sorri largamente.

- Por favor. Estarei aguardando.

- Irá almoçar? - Perguntou-me.

- Oh, sim, só irei arrumar algumas coisas e sair.

- Tudo bem, até depois Carol. - Despediu-se antes de sair.

O visor de meu celular brilha pouco antes de sair porta afora. Era Thaísa.

- Carolzinha amor da minha vida, onde você tá?! - Perguntou em um tom exasperado me tirando uma boa risada.

- Saindo da sala de Planejamento, Blocco 2. -  Disse completando o nome do andar em italiano. A forma como tudo era meticulosamente organizado naquele edifício me impressionava.