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-Tá chovendo muito forte hoje, estou com medo               -diz a garotinha-            P-posso dormir abraçada com você, irmãozinho?

-Não, eu estou fazendo outra coisa           -ele diz enquanto usava um martelo para dividir um pedaço de ferro em dois-

-M-mas... Está com muito trovão             -ela diz e segura o braço dele-

-Ophelia, é sério, me deixa quieto por um minuto, eu estou fazendo algo importante no momento            -ele dá uma empurradinha de leve nela-            Abraça alguma pelúcia ou algo do tipo, eu estou ocupado             -ele diz enquanto martela aquele ferro-            É questão de urgência

-Mas pai, por favor!            -ela diz com a voz quase chorando-

-Ophelia, caramba!            -ele bate o martelo com força-           Eu estou ocupado agora! E não me chame de pai! Eu não sou seu pai, sou seu irmão! Agora vai dormir!

-... F-foi sem querer              -ela começa a chorar-             D-desculpa... Eu sei que não gosta disso

-...             -ele respira fundo-            Droga...            -ele deixa o que estava fazendo e vai até ela. Ele se abaixa e olha bem nos olhos dela-            Desculpa, eu não quis gritar com você... A situação está difícil, eu não queria brigar com você             -ele faz carinho no rosto dela-          Não chora, por favor... Eu deito um pouquinho com você, tudo be-               -ele ouve passos de longe se aproximando e seu olhar fica meio assustado-            Ophelia, se enconda debaixo da cama, rápido             -ele sussurra para ela-

-M-mas

-Shhh fica quieta, vai logo               -ele se levanta e pega o martelo e o pedaço de ferro que estava mexendo-            Leva isso com você, rápido           -ele diz entregando as coisas para a garota-         Fica em silêncio e não se mexa, eu não quero que eles a levem

-Você vai ficar bem, não vai?           -ela diz ainda chorosa-

-Vou, agora se esconda

Ele ouve a porta se abrindo e fica em pé ali olhando para a porta. Ele respira fundo e logo finge um rosto completamente neutro. Ele não demonstrava sinal algum de nervosismo ou medo, apenas aguardava o que estava por vir.

-Igor, onde está sua irmã? Temos algo para ela

-Não sei, acho que ela foi ao banheiro ou algo assim, eu não lembro            -ele fala com tanta certeza e naturalidade, que não parecia uma mentira-            Ela apenas saiu do quarto

-Ah, então por que não está com ela?

-Ela não quis que eu fosse com ela, sabe como é né? Crianças da idade dela gostam de se pagar de independentes               -ele dá um leve sorriso e cruza os braços-             Eu não vou impedir que ela tente ser independente, é até bom para ela... Mas eu tenho uma proposta, já que ela não está aqui

-Uma proposta?

-Eu sei que vocês querem usar ela como parte dos experimentos, mas por que gastar isso com ela? Se são experimentos para melhorar, usem em quem realmente vale apena            -ele diz, mantendo sua postura-        Na realidade, pense comigo, uma criança que não tem ideia do que está acontecendo ao redor dela ainda e que é fraca demais para aguentar tais coisas, não deveria passar por isso, pois é uma perda de tempo. Se querem fazer a nova geração de forma aprimorada, deveriam usar crianças inteligentes, pois na natureza, apenas os mais fortes e os mais inteligentes sobrevivem por mais tempo. Não faz sentido aprimorar um coelho que vai ter um fim inevitável de ser devorado por uma raposa, não é?

O Labirinto - Abaixo Da SuperfícieOnde histórias criam vida. Descubra agora