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Dayos. Um órfão de Sunnyside, um orfanato velho fechado de Northville. Não há sobrenome, pois não há ninguém que houvesse o adotado. Não há registro de sua data de nascimento. Não há registro sobre seu tipo sanguíneo. Não há registro médico. Não há registro de sua origem. Não há registro sobre familiares. Não há nada. Dayos... É apenas Dayos... E ele existe.

"É inútil pesquisar sobre ele" Igor pensa após 2 meses investigando ele "É inútil pensar sobre qualquer coisa, nada parece fazer sentido, mas tudo parece conectado de alguma forma, eu sinto isso".

-Onde estão Maria, Johnathan, Joseph, Kate, Laura e Mark?                 -ele pergunta para uma funcionária-

-Oh, você não soube? Eles foram adotados ontem depois de você sair              -a senhorinha responde-

-Que estranho, não sabia que eles estavam prestes a ser adotados, achei que me falariam quando fossem               -ele cruza os braços-

-Ora, não fique assim            -ela ri-           Eu sei que tem apego à todas as crianças desse orfanato, mas pelo menos pode ficar tranquilo sabendo que elas arranjaram um lar

"Não, elas não foram adotadas..." ele pensa consigo mesmo, "Elas nunca foram, forjaram a adoção delas... Aquele animal com sacola nas costas... Naquela noite.... Seria possível, mas não tenho provas ainda".

-Você tem andado meio estranho esses dias, Igor           -Connor fala preocupado-            Não vai me dizer que está se isolando de novo

-Eu não sei, Connor... Eu estou...              -ele suspira-           Esses dias tem sido difícil para mim... Tem algo me pertubando

-... Você está preocupado com algo e não está me contando, não é?                  -ele pega um cigarro e acende-                    Seja lá o que for                   -ele suspira-                 Saiba que pode contar comigo para ajudar

"Não, você não pode. É perigoso, Connor, eu sinto isso" ele pensa "Você é um policial de respeito, inteligente e corajoso, eu te ajudei e você me ajudou muitas vezes, mas dessa vez, não há como você me ajudar. Há algo em minha mente, algo que me pertuba e não sai de minha cabeça."

-Igor! Eu trouxe isso para você            -ela sorri e entrega uma marmita para ele-

-O... Obrigado                 -ele pega a marmita-

-Espero que goste... Fui eu que fiz...           -ela suspira-          Eu espero que você consiga melhorar e sinta um imenso conforto e felicidade ao comer isso, eu percebi que você não tem estado normal... Bem... As crianças tem sentido sua falta e eu também... Espero que você volte logo

"Marrie... Eu não sei como expressar minha gratidão por ter você em minha vida, nem que seja superficialmente" ele pensa "Sua comida sempre me deixa com um sentimento reconfortante e amável. Você é tão gentil, se minhas circunstâncias não fossem essas, num mundo ideal, seríamos mais próximos, como eu queria... Porém, não posso e nem devo."

-10 crianças em um labirinto, incluindo você. Elas fizeram de ti um líder e o viam como uma figura "paterna", mesmo sendo apenas um garoto. Todos eles morreram, porém, você sobreviveu. Certo?

-Sim... Essa era a peça que estava faltando, eu tenho certeza... Mesmo que eu não lembre de detalhes e tudo seja um blur, tenho certeza que foi real              -ele falou sem expressão alguma no rosto e em um tom monótono-

-Igor... E se o labirinto for apenas uma metáfora que sua mente criou?

-Como assim?            -ele se senta e olha para ela-

-Bem, a mente de todos nós é como um labirinto. Alguns são mais simples, alegres e iluminados como um labirinto de milho. Tem aqueles, porém, que tem um labirinto vazio, sombrio e assustador em suas mentes, que podem possuir representações de seu próprio eu e de experiências de sua própria vida. As crianças que você descreveu... Elas parecem divisões de sua própria irmã. Cada criança possuía características em comum com ela de alguma maneira. Você criança como figura paterna é uma representação de como você teve de crescer rápido para sobreviver. Elas todas terem morrido e você sobrevivido, é por você se culpar ainda pela morte de sua irmã, a qual, você tentou o máximo proteger, algo que você acha injusto. Afinal, "por que ela e não eu?" com certeza foi algo que você já pensou várias e várias vezes... Não é?

-Eu nunca lhe contei como ela morreu... Não é?

-... Igor                    -ela fica surpresa, ela nunca imaginou que chegaria o dia em que ele falaria mais detalhes sobre o que aconteceu-

-A verdade é que... Eu não sou uma pessoa boa...               -ele olha nos olhos da terapeuta-                 A verdade é que... Eu a matei com minhas próprias mãos, doutora...

"Talvez seja hora de parar de fugir..." ele pensa "Agora que tenho a peça que precisava, mesmo que incompleta... Eu preciso consertar tudo o que eu quebrei e evitei."

O Labirinto - Abaixo Da SuperfícieOnde histórias criam vida. Descubra agora