- Não estamos criando nenhuma ovelha nesta família. - O homem retirou o cinto e colocou sobre a mesa como forma de aviso, dando ênfase às suas palavras, - e eu vou acabar com a sua raça se você virar um lobo.
Anelise engoliu a comida rapidamente, surpresa, mas não discordante das palavras do marido.
- Jasper. - Disse ela. Não era uma reprimenda, mas um aviso para que ele fosse mais gentil, afinal, sua pequena Dhalia - de quase 4 anos - ouvia suas palavras com uma atenção especial.
- Mas protegemos os nossos. - Ele continuou, com mais calma, e se virou para o garoto mais velho - se alguém estiver mexendo com sua irmã, tem minha permissão pra acabar com ele.
Benjamin assentiu, e seu cabelo louro escuro refletiu a luz amarelada dos candelabros com o movimento.
- Ele estava implicando com Dhalia.
Jasper Rosevelt - pai da família à mesa - se virou para a pequena criança, que agora tinha a cabeça baixa, como que envergonhada, e ele sabia que não era apenas por não ter sido capaz de se defender; - e falaria com ela mais tarde.
- Isso é verdade? - Perguntou Anelise, olhando a filha com os olhos azuis maternos e preocupados.
A cabecinha branca da caçula apenas balançou em confirmação, com uma expressão indecifrável no rosto - mesmo para uma garotinha tão pequena.
Sua capacidade cognitiva era além da de outras crianças de sua idade, isso ficou claro mesmo antes de que ela começasse a falar, podia absorver detalhes e enxergar padrões com uma facilidade quase adulta - e não os convencionais, como as cores ou a voz de seus familiares. Mas sim detalhes como a quantidade de maçãs na cesta no centro da mesa, podendo enxergar se seu irmão roubava uma, o tempo que passava de uma refeição a a outra, o quanto crescia a barba de seu pai durante os dias que ele estava muito atolado em trabalho para cortá-la.
Ela percebia essas mudanças e logo aprendeu suas consequências, os puxões de orelha que seu irmão recebia sempre que era pego roubando maçãs, seu pequenino estômago roncando quando a o hora de comer (sua favorita) se aproximava cada vez mais, e as reprimendas de sua mamãe quando papai trabalhava muito e a barba crescia, dizendo para ele que descansasse.
Ainda assim, ela era minúscula e indefesa, física e verbalmente - e isso (sua impotência) a deixava mais irritada do que nunca. Talvez fosse um costume se formando.
- Acabou com ele? - Perguntou Jasper, de início apenas para descobrir a resposta, mas a soube logo que viu o pequeno sorriso insinuar-se nas feições da filha mais jovem.
- Sim. - Assentiu o garoto, parecendo ao mesmo tempo orgulhoso de si mesmo e temeroso com o que fizera.
- Bom. - Dessa vez quem respondeu também foi um patriarca, mas outro, mais antigo, com os cabelos louros riscados de uma branco que o assemelhava a Dhalia, de certo modo. Mas seu rosto era inegavelmente o que originara o de Jasper, seu filho mais velho. - Estou orgulhoso, garoto.
- Vovô! - Disseram os irmãos em uníssono, com uma surpresa alegre no tom de voz, a garota pulou da cadeira para os braços do ancião tão logo ele entrou na sala.
Alexandre era austero, de rosto castigado pelo tempo e pelas condições nada fáceis de vida quando ainda era um membro da Tropa de Exploração. Mesmo assim, quando se tratava da neta, era protetor e gentil. A pegou sem esforço, apesar da idade avançada, e veio com ela até a mesa de jantar sentando-se com ela na perna.
- É bom ver que decidiu se juntar a nós, pai. - Grunhiu o louro mais novo.
- Ah deixe disso, meu filho. - Riu o mais velho, afagando os cabelos brancos da criança em seu colo afetuosamente - você só está assim por que a menina aqui tem bom gosto e me ama mais.
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𝐄𝐫𝐠𝐚́𝐬𝐭𝐮𝐥𝐨 {•𝐀𝐜𝐤𝐞𝐫𝐦𝐚𝐧 𝐋𝐞𝐯𝐢•}
Fanfiction"𝐄𝐬𝐬𝐞 𝐞́ 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐭𝐫𝐚𝐛𝐚𝐥𝐡𝐨," 𝐝𝐢𝐬𝐬𝐞 𝐞𝐥𝐞 "𝐚𝐫𝐫𝐢𝐬𝐜𝐚𝐫 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚, 𝐧𝐚̃𝐨 𝐩𝐞𝐥𝐨 𝐛𝐞𝐦 𝐝𝐞 𝐯𝐨𝐜𝐞̂𝐬 - 𝐝𝐞𝐬𝐠𝐫𝐚𝐜̧𝐚𝐝𝐨𝐬, 𝐞𝐠𝐨𝐢́𝐬𝐭𝐚𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐨́ 𝐧𝐨𝐭𝐚𝐦 𝐨 𝐩𝐫𝐨́𝐩𝐫𝐢𝐨 𝐬𝐨𝐟𝐫𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭�...