Pane no sistema

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Abro os olhos devagar, encarando meu quarto sem acreditar no que estava acontecendo.

Eu voltei para 2006?

"DE NOVO?"

Me dirijo imediatamente ao espelho pendurado na parede, me encaro perplexa. Isso deveria ser impossível! Eu deletei minha conta no Floguinho e não me lembro de publicar alguma foto antes de vir parar aqui. "Impossível, Anita? Como viajar no tempo?" Bom, impossível no contexto de que as viagens só ocorreram devido ao ato de eu publicar uma foto no blog. Quando aconteceu eu tinha uma explicação. E agora, eu não tinha.

Volto para a frente do computador que permanecia desligado. Depois de algumas tentativas falhas de tentar liga-lo ouço um barulho vindo da janela.

— Anita! - Grita Joel, adentrando meu quarto.

— Aí, que susto garoto! O que tá fazendo aqui, você também... - O mesmo interrompe minha linha de pensamento.

— Anita, o que você fez?

— Eu? Eu não fiz nada. - Disfarço, evitando seus olhos.

— Anita, por que num momento eu estava com nossos amigos na quermesse e noutro em 2021 no meu apartamento de onde eu nunca devia ter saído e depois de novo na quermesse? - Diz nervoso. — Cara, eu tô tonto. Não tive tempo nem de respirar, minha labirintite vai acabar com meu estomago desse jeito, e a culpa é sua. Eu tive que vir aqui antes que você nos teletransportasse de novo e eu acabasse tendo um derrame.

— Até parece, vovô. Energia para escalar minha janela você tem! -Digo zombando. — E, não se preocupe, viu? Por tempo indeterminado eu não vou mais nos teletransportar no tempo.

— O que, como assim?

— A-ah é que, eu não gostei muito da minha nova realidade, sabe. - Digo dando de ombros.

— E por isso, acho melhor ficarmos aqui mais algum tempo. - Por ora eu não diria a verdade, afinal, se ele descobrisse que está preso e começasse a surtar, ai sim, eu teria dois problemas para resolver.

— Como assim, Anita? Você não tem direito de ficar voltando no tempo sempre que achar conveniente, não esquece que eu também estou nessa agora.

— Eu sei, Joel. Mas o que eu posso fazer se você está preso a mim? Bom, eu decidi ficar, então, tenta fazer o melhor que puder em viver o passado como se seu futuro dependesse disso, ok? - Digo sincera me sentindo um pouco culpada pela situação.

— Tá bom, tá bom. Não sei se estou certo disso, mas ao menos estamos juntos. - Ele sorri se aproximando e me puxando para um beijo.

— A gente se vê na escola, então. - Diz antes de sair.

Eu volto minha atenção para a tela preta do computador. Que merda!


DIA SEGUINTE


Ao me aproximar do portão da escola Joel me puxa de surpresa para um beijo lento, qual eu tento retribuir.

Ao nos afastarmos vejo Fabricio com alguns amigos num banco mais distante, o skatista parece não se incomodar com o fato de que o peguei me encarando. Pelo contrário, seu olhar é intenso e me sinto um pouco zonza, droga, parece que tenho quinze anos de novo.

Lembro de suas palavras na noite anterior.

"Caso fosse verdade e você tivesse vindo do futuro, sabe me dizer se ficamos juntos?"

— De onde foi que ele tirou isso? - Penso alto deixando escapar um sorriso e Joel me encara confuso.

— O que?

— O que o que? Quer dizer, nada! - Dou risada de nervoso e ele puxa minha cintura.

— Você tá estranha, Anita. Não precisa levar tão a sério esse negócio de convencer as pessoas de que tem 15 anos. Nosso segredo tá seguro.

— Como é? Por que acha que eu estou tentando convencer alguém de alguma coisa?

— Você fica agindo como se tivesse quinze. Fica nervosa quando eu te beijo, com as bochechas coradas e, sei lá, parece perdida nos seus pensamentos. Pode ficar à vontade comigo. - Ele se aproxima mais e mais e...

— Ei, Anita! - Fabrício se aproxima com a respiração entrecortada. Puxando o ar como se tivesse corrido uma maratona. — Você foi embora cedo da festa ontem, vi quando você saiu. - Diz com um duplo sentido velado.

Agora mais essa. Que cara de pau! Eu sabia exatamente sobre o que ele estava falando, mas ele parecia querer me ver sem graça na frente do Joel. Até porque ele não contaria a ninguém sobre termos nos beijado, mas parecia se divertir as minhas custas. Garoto idiota de dezessete anos!

— Ei, Cara, você tá atrapalhando nossa conversa aqui... - Ia começando Joel que é cortado pelo mais alto.

— Queria que você tivesse ficado mais.

— Ah, que isso, Fabricio demonstrando algum apreço por mim. - Cruzo meus braços, não deixando me abalar por suas palavras.

— Não sei por que a surpresa. - Ele pisca divertido, ignorando completamente a presença de Joel.

O sinal da primeira aula toca e o mesmo se despede acompanhando o ritmo dos outros alunos em direção ao pátio. Joel me pergunta que cena foi aquela e eu finjo não entender também. Afinal, não valia a pena. Havia coisas mais importantes para me preocupar.

O melhor agora seria apagar completamente aquela noite da minha memória até que fosse seguro


Continua . . .

Primos, eu publiquei de novo com um formato que funciona pra mim, os próximos capítulos serão longos como este. Espero que gostem, por favor votem e comentem. Beijos!

Back to him - De volta aos 15Onde histórias criam vida. Descubra agora