Panquecas

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Aquele dia, ou melhor, aquela noite, começou de forma errada. Peter teve uma prova na faculdade e, logo em seguida, foi requisitada a sua presença no laboratório. Seu professor orientador pediu que ele fizesse alguns experimentos e testasse as novas máquinas que foram adquiridas para o laboratório de física. Peter não imaginava que essas tarefas iriam consumir tanto do seu tempo. Ao terminar, percebeu que já era noite e teria apenas uma hora e meia para chegar ao seu trabalho e se preparar para o início do seu turno.

E para piorar, começou a chover. Para completar, uma caixa de papelão foi arrastada pelas águas na sarjeta durante a tempestade... O resultado disso? Ele estava completamente encharcado e atrasado.

"Bem, eu não deveria me preocupar tanto... Já que no meu turno não tem tantos clientes assim!", pensou enquanto apressava o passo para chegar à "Chimichangas Infinitas".

Ao chegar em frente ao estabelecimento comercial, duas surpresas o aguardavam. A primeira delas era o fato de a lanchonete estar fechada. Isso era estranho, pois ela era conhecida por ser aberta 24 horas. Antonia, a funcionária do turno da tarde, deveria mantê-la aberta até Peter chegar, mas ela não o fez. E o motivo para isso deveria ser a segunda surpresa: Wade Wilson estava na porta da "Chimichangas Infinitas" com um guarda-chuva no formato de um panda.

"Antonia deve ter levado um grande susto ao ver o Wade! Por isso, provavelmente fechou sem sequer esperar por mim! Espero que o Senhor Gutierrez não fique chateado", imaginou Peter, apressando ainda mais o passo. Ele sabia que nem todos tinham a mente aberta e desprovida de preconceitos como ele próprio. Quando conheceu Wade Wilson, também teve um impacto inicial de surpresa e confusão, mas isso durou apenas alguns segundos... Agora, já estava acostumado com aquele carismático mascarado.

– Petey! O que aconteceu? – disse Wade, se aproximando com seu guarda-chuva adorável nas cores branca e preta. – Já estava preocupado!

– Desculpe pelo atraso. Aconteceram algumas coisas e... – Peter tentava explicar enquanto procurava as chaves para abrir a porta da lanchonete.

Wade notou a mudança na aparência de Peter. Não era apenas o fato de o rapaz estar completamente encharcado, mas o seu casaco, fechado até o pescoço, parecia estar cheio.

– Mi dulzura, não que eu esteja criticando ou algo assim, pois gosto de todos os tipos de homens, sejam eles gordinhos, magrinhos, de tamanho médio... Sou bastante eclético, se podemos dizer assim. Isso também vale para mulheres! Sem preconceitos! – Wade começou a tagarelar.

Peter olhou para ele, franzindo o cenho.

– Wade, desembucha. – comandou o garoto.

O mascarado apontou para o casaco de Parker, ao mesmo tempo em que o referido casaco começou a se mexer.

– Meu santo Mariachi! O que você tem aí? Um Alien? – Exclamou.

Peter soltou uma leve risada e abaixou o zíper do casaco para revelar o seu segredo: um gatinho.

– Como eu estava dizendo, meu atraso foi principalmente por causa desse felino. – Peter continuou a explicar enquanto finalmente abria a lanchonete. – Enquanto eu estava vindo para cá, vi uma caixa de papelão sendo arrastada pela chuva. Até aí, tudo bem. Mas quando ouvi um miado vindo de dentro da caixa, tive que agir. Encontrei esse filhote todo encharcado lá dentro. Provavelmente alguém o abandonou e... Não pude fazer o mesmo. Então, decidi levá-lo comigo.

Peter colocou o gatinho em cima da bancada e soltou um longo suspiro. Ele salvou o bichinho, mas o que faria com ele? Não poderia ter um animal de estimação, o dormitório da faculdade não permitia animais, e também não poderia deixá-lo com a tia May, já que ela é alérgica.

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