Chapter 07

1.2K 135 54
                                    

– Eu pensei que você iria me deixar. – As suas palavras saem ofuscadas pelos meus fios. Levanto a minha cabeça e olho diretamente nos seus olhos, que me perfuram a alma. As suas mãos são guiadas até à minha face. – Porra, isto não era para acontecer. Nicole, estou completamente viciado em você!

– Nós não podemos estar juntos! Temos opiniões e rotinas totalmente opostas. – Nego lentamente e largo-me de suas mãos, que me consomem completamente.

Ao caminhar para fora daquele escritório, temo olhar para trás, até que avisto Paul na porta. Ele acena-me amistosamente com a cabeça, como se tudo aquilo que aconteceu não fosse verdade. Outro homem avança para dentro da mesma sala que acabei de abandonar.

O barulho de frustração e vidro partido ecoa pelo corredor, todo o barulho vindo daquele escritório. Tento ignorar a sua dor e sigo Paul até à suite. A verdade é que não me sinto bem ao pé de um homem que fode com qualquer mulher que aparece à sua frente.

Respiro fundo e tento ignorar a dor que domina o meu ser. Ao chegar na suite, um sorriso consome os lábios delicados e preciosos da minha filha. Abro os braços e permito que ela corra até mim.

– Mamã Nico, estou tão feliz por não termos indo embora. Não queria deixar o papá e o senhor Paul. – Estremeço com as suas palavras e logo a repreendo, porém não obtendo nenhum resultado. Aurora está convencida que Damian é o seu pai e isso destroça o meu coração.

– Mary? – No mesmo instante, a mulher loura e elegante aparece do quarto infantil com uma esfregona, pronta para realizar qualquer pedido meu. – Eu estou um pouco cansada, se não se importar, gostaria que fosse brincar um pouco com a Aurora. Leve também o Paul.

Aurora bate ansiosamente de alegria. Planta um leve beijo nos meus tristes lábios e largo-a no chão, que corre para os braços alegres do Paul, que sorri de satisfação com o cheiro da minha filha.

Assim que a porta da suite é fechada, permito-me pela primeira vez que aqui estou chorar. São várias emoções que me consomem o corpo. Pensamentos que pairam sobre mim. Tenho de me agarrar à mesa de vidro da cozinha para não cair no chão.

Choro por todas as crianças em sofrimento nas mãos daqueles violadores; pelas famílias arruinadas pela drogas, mas ajudadas pelo Damian.

Caminho até um dos armários da cozinha e tiro de lá um copo de cristal. Há uma garrafa de whisky mesmo à entrada da suite, por isso vou lá. Abro apressadamente a garrafa e deixo o copo escorregar no chão, estilhaçando-se por completo.

– Merda. – Não me importo em limpar os vidros, por isso emborco o primeiro gole. O ardor na minha garganta obriga-me a fazer uma careta, mas a sensação de desgosto é mais forte que qualquer outra dor.

Com o passar da tarde, estou de pé à frente da alta janela, e consigo ver Aurora a correr de Paul, que finge ser mais lento que a minha filha. Continuo com a camisa de Damian e um par de calças, sem sequer me importar em vestir algo mais extravagante antes de avançar até à balada.

Faço imediatamente uma cara de desgosto quando tento dar mais um gole na bebida e reparo que está vazia. Deixo-a no chão e vou à procura de uma outra garrafa, porém nada mais está lá. Aproveito que escureceu e deixei Aurora nas mãos de Paul e Mary para ir até à balada.

No exterior do campo de golfe sou surpreendida por uma forte rajada de vento naquele meado de verão. Abraço o meu corpo com os braços e, naquele momento de embriaguez, torna-se mais difícil caminhar sem tropeçar nos meus próprios pés. Sorrio ao saber que nenhum rufia de Damian vem atrás de mim. Mas fico perdida quando reparo que não havia qualquer homem em nenhum corredor.

Será Verdade?Onde histórias criam vida. Descubra agora