Sinto a leveza no meu corpo. Certamente, sou carregada por braços que me transportam num amplo espaço vazio, acompanhado pelo vento que uiva forte.
Tento abrir os olhos, mas não resulta, portanto utilizo os sentidos para identificar o que se passa à minha volta. Ainda é de madrugada e, apesar do tempo de verão, o meu corpo treme por cima daqueles braços.
É então quando percebo, que estou coberta por uma manta, para evitar passar qualquer tipo de frio.
Penso na minha bebé. Entro em desespero e tento lutar contra a droga que inalei, de forma a puder abrir os olhos e procurar a minha filha.
Nada resulta. O meu cérebro está desperto mas o meu corpo morreu assim que vi Aurora no colo de um homem.
– Paul, o chefe já sabe que já conseguimos a senhorita Sparks e a sua filha? – Ouço alguém questionar ao homem que me carrega, pois sinto a pergunta a chegar em nossa direção.
– O senhor LeBlanc está avisado. Ficou muito satisfeito com a notícia e está a aguardar pela chegada de senhorita Sparks e da menina Aurora. – O meu corpo é carregado até ao topo de umas escadas e é quando me apercebo que estou a entrar num jato privado.
O ar lá dentro é ligeiramente mais fresco. O homem que me transporta pousa o meu corpo firme e defensivo numa cadeira, logo em seguida abaixando-a de modo a ficar deitada e confortável.
Um cobertor é colocado em cima do meu corpo, aconchegando-me, como nuvens que escondem o Sol tímido. Sinto o peso de Aurora largado no meu tronco, e sinto a sua respiração angelical e tranquilo sobre o meu pescoço.
O seu bafo de leite morno relaxa a minha mente e afasta os pensamentos, deixando o efeito da droga mais ativo. Antes mesmo de cair num sono profundo, alguém leva a minha mão até à cabeça da minha filha e a pousa lá, para que Aurora não se sinta longe de mim.
(...)
Sinto dedos minúsculos a tocarem nos meus lábios, seguido de uma suave boca a selar um beijo na minha. Reconheço os lábios da minha filha.
Abro lentamente os olhos e sou invadida por uma forte quantidade de raios que me atinge o cérebro. Consigo finalmente observar o ambiente turvo, sorrindo para a Aurora que se mantém no meu colo, com um pijama quente e novo.
Sobressalto-me quando as lembranças voltam no mesmo instante.
– Mamã Nico, estes homens simpáticos ofereceram-me este pijama muito quente. – Olho de relance para os homens. Não consigo contar ao certo quantos estão neste jato. Ou porque estou neste jato e para onde nos levam.
Tento me levantar mas um deles me trava com uma mão no ombro.
– Quem são vocês e porque estamos aqui? Não façam nada à minha filha! – Os meus gritos assustam novamente Aurora, temendo que eu a possa magoar e não controlar a minha força. Tento novamente me levantar e quase deixo a minha filha cair, mas desta vez sou travada não por um, mas por três homens.
São os mesmos homens vestidos de terno e gravata.
Aurora começa a chorar devido à minha reação e protege a sua cara com os seus pequenos e fragilizados braços. Os traumas a consomem. Um outro homem que carregava Aurora ao colo quando acordei exaltada caminha até nós, e quase vomito o meu coração para fora quando o vejo pegar na minha filha.
– Larga-a agora mesmo! – Contudo, gritar não ajudou em nada, e reparo que o homem, de cabelo louros e dourados como o ouro deita-a em seus braços. Relaxo um pouco o corpo e fico atenta a cada movimento seu. Faz uns barulhos delicados e consegue silenciar o seu choro e soluços, ao mesmo tempo que Aurora brinca com a sua gravata e fecha os seus preciosos olhos com o aconchego daqueles braços.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Será Verdade?
RomansNicole Sparks vive no bairro mais pobre e perigoso de França com a sua filha, Aurora, após o seu ex-marido fugir de casa devido a um envolvimento com drogas. Ambas são perseguidas pelos homens da máfia francesa, até o dia em que são sequestradas pel...