Em casa passei um tempo contemplando o céu noturno. Até que era algo interessante.
Não os celestiais , claro, mas a visão daquelas estrelas era algo que eu nunca tinha experimentado.
Fiquei ali pensando no que tinha vivenciado naquele dia, tentando absorver tudo.
Azazel aparece ao meu lado e fica me observando em silêncio até que eu saio de meus pensamentos e questiono a sua presença.
"Sempre estarei ao seu lado, princesa." - ele responde.
"Azazel, esses seres são muito ridículos, pelo pouco que pude observar. Por que são eles os tais favoritos ?"
"Não acredito que sejam favoritos. Tenho outra ideia .. "
"E qual seria?"
"Eu acho que eles são um rascunho mal feito para algum tipo de experiência."
"Interessante."
Conversamos mais um pouco sobre diversos assuntos como sempre fazemos desde sempre.
Entre todos os demônios, Azazel é aquele pelo qual eu tenho apreço, pois ele meio que se tornou um tipo de figura paterna para mim, que talvez supra um pouco a falta que a figura materna fez e faz na minha vida.
Deitei na cama após me despedir dele e comecei a pensar em várias coisas. Adormeci e me vi no inferno.
Caminhei pela floresta infernal e ela parecia mais tenebrosa do que realmente é, tudo estava mais escuro e tomado por névoa.
Continuei andando e ouvi uma cobra. Ela balançava seu rabo e parecia estar cada vez mais próxima de mim.
Naturalmente não senti medo, pois eu comando as cobras e todos os animais peçonhentos.
Assim que ela chegou perto de mim a névoa baixou um pouco e eu vi uma imensa serpente negra de olhos vermelhos.
Ela parecia se preparar para me dar um bote e isso me irritou.
"Como ousa ficar em posição de ataque contra mim? Eu te comando. Rasteje e se submeta a mim!"
A cobra balançou a cabeça imitando um sinal de negação. Fiquei mais irritada ainda e agora já me via como princesa do inferno.
Usava a minha coroa e estava com trajes reais. Peguei a espada da bainha e apontei para a cobra.
"Submeta-se!"
A cobra se aproximou um pouco mais e começou a falar.
"Eu nunca me submeti a ninguém. Não tenho mestres e não temo a sua espada. Eu vivo na escuridão e antes que você existisse, eu já estava aqui."
"Quem é você?"
Nesse momento a cobra desapareceu e eu acordei desse sonho.
O sol já estava lá fora e já era quase hora de ir a escola.
Eu me aprontei e fiquei pensando no que tinha acontecido.
Durante o caminho para a escola esse era meu pensamento e então Azazel apareceu.
"O que houve?"
"Eu adormeci e tive um sonho estranho."
"Estranho? A princesa do inferno dizer isso é preocupante."
"No sonho eu estava na floresta infernal e encontrei uma cobra preta enorme e ela tinha os olhos vermelhos. Ela se recusou a me obedecer e me falou umas coisas que me deixaram intrigada."
Contei tudo a ele que parecia ter ficado intrigado também.
Chegamos a escola e eu decidi não pensar nisso enquanto estava lá.
A aula até que não estava tão ruim , tirando o fato daquelas garotas idiotas estarem cochichando algo sobre mim.
No intervalo, peguei minha bandeja e fui sentar o mais distante possível porém para meu desprazer a garota chamada Sabrina se aproximou.
"Posso sentar aqui?"
"Não."
"Não precisa ficar tão na defensiva.."
Ela se senta e começa a conversar ignorando a minha indiferença em relação a ela.
"Está sabendo da festa dos calouros? Você vai?"
"Não e não."
"Acho que você deveria ir. Sei lá, tenho a impressão de que você não sai muito de casa."
"E você sai?"
Ela fica meio sem jeito.
"Não muito.. meu pai ele é.. muito difícil, mas eu gostaria muito de sair. Se você fosse eu poderia dar um jeito de sair durante a noite e aí poderíamos ir juntas."
"E por que quer ir com uma pessoa que você nem conhece?"
"Porque eu tenho uma sensação boa sobre você." - ela sorri.
Eu a olho bem no fundo dos seus olhos claros e vejo que ela estava sendo genuína. Estupidamente genuína!
"Vamos?"
Ergo uma sobrancelha tentando entender aquele ser humano que estava diante de mim.
"Você não sabe nada sobre mim, nem sabe onde eu moro e nem eu não sei nada sobre você. Como isso pode funcionar?"
"Simples! Eu falo sobre mim e você me conta sobre você! Tem celular?"
Pego o celular no meu bolso e ela toma da minha mão.
"Ei! O que pensa que está fazendo?" - questiono.
Ela mexe no aparelho e logo me entrega.
"Aí tem meu número e eu já enviei uma mensagem para mim para pegar o seu. Agora podemos conversar fora do colégio."
Ainda tento processar essa garota quando aquelas outras duas se aproximam e derrubam dois copos de milkshake em nossas roupas.
"Ops.. desculpa. Somos muito desastradas!" - as duas falam em coro e começam a rir.
Essa atitude me irrita e quando levanto da cadeira para ir atrás dela , Sabrina pega em meu braço.
"Não adianta bater de frente. Vamos no banheiro nos limpar.." - ela dá um sorriso e eu desisti do que ia fazer.
Conseguimos limpar o que foi possível e retornamos para a sala de aula onde nos demoramos com as duas garotas rindo com mais algumas pessoas do seu grupo desprezível.
Sento na cadeira e tento me concentrar no que a professora falava , mas o cochichos tiravam meu foco e a raiva queria se apoderar de mim.
Na saída, Sabrina veio conversar comigo sobre a festa e tentar mais uma vez me convencer a ir. Ela disse que ligaria depois para confirmar.
A mãe dela veio buscá-la então eu caminhei em direção ao portão de saída para seguir meu rumo para casa.
Logo que cruzei o portão as duas garotas apareceram e começaram a debochar.
"Agora temos uma dupla de esquisitas. A santinha e a garota do 'inferno'. Espero que tenham aproveitado o milkshake grátis."
Fiquei mais irritada e continuei caminhando até a esquina e parei.
Olhei para trás e elas estavam lá rindo com o seu grupo.
Nesse momento, senti a força infernal tomar conta de mim.
"huc daemones" - pronunciei
Dois espíritos infernais apareceram ao meu lado fazendo reverencias.
"Sigam as duas garotas e devolvam o que fizeram a mim."
Os dois saíram e eu retornei para casa.
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Eu, A Estrela da Manhã e a Escuridão.
FantasyLúcifer e Lilith , o casal renegado tiveram uma filha que é o orgulho de seu pai e o símbolo de sua quase equiparação a Deus. A jovem Isabela Nahash já entediada de ficar confinada no inferno e constantemente inconformada, aceita a proposta de ir a...