Anjo caído

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No intervalo, Sabrina me questiona sobre os nomes das pessoas da minha família.

"O nome do seu tio não é o nome de anjo? E seu sobrenome também é bem diferente."

"Ex-anjo! Azazel é um anjo caído."

"Ah, sim. Sua família deve ser muito religiosa, não é?"

"Não. Acho que por um acaso temos nomes ligados a religião.."

No final da aula, Azazel já estava no portão me esperando e parecia estranhamente satisfeito.

Ele me cumprimenta e seguimos caminhando.

"O que encontrou de diversão?"

Ele sorri.

"Nada muito fora do esperado."

"Então, o anjo da corrupção e o grande acusador, encontrou alguém para ser sua vítima."

"Eles já estão corrompidos, alteza. Mas será uma ótima diversão ainda assim."

Logo imagino que o que ele irá fazer não será muito agradável aos humanos.

"Aquela sua amiga humana me parece uma ótima oportunidade. Ela não tem absolutamente.."

Antes que ele terminasse de falar eu completei sua fala.

"nenhuma marca do inferno."

"Exatamente."

"Quando terminar com os humanos que encontrei quero partir para ela." - ele sorri.

Fico pensando por alguns segundos e de alguma forma isso me incomodava.

"Não. Ela não."

"Hum, deseja fazer as honras?"

"Claro." - respondi meio incerta.

Ele concordou e seguimos andando até chegar em casa.

Azazel como humano é bem engraçado. E com os olhos amarelos fica mais interessante ainda.

Tê-lo em casa comigo é um bom momento, pois ele faz o papel do meu pai que quase sempre está ocupado com outras coisas.

Ele agora prepara minha comida, pois gostou dessa nova atividade.

Sentamos à mesa e ele apenas me olhava comer. 

"Não vai tentar?" - perguntei

"Eu sou um demônio das altas potestades do inferno, a minha natureza não necessita disso."

"Eu preciso aqui."

Ele ri.

"Por que assim Samael quis."

Reviro os olhos e ele ri.

"Eu estava conversando com Sabrina e fiquei pensando. De fato, Azazel, tu és meu tio, já que és irmão de meu pai."

"Tecnicamente, sim" - ele ri

"Sabrina é muito curiosa. Se ela for mesmo uma humana comum, acredito que talvez ela comece a ligar os pontos."

"Tem medo de uma humana?"

"Não. Eu só acho que talvez isso aconteça em breve.."

No outro dia,  Azazel me deixou na escola e seguiu para sua diversão. Ele foi até o casal que encontrou no outro dia, pois os acompanhou até sua casa. 

Como um bom demônio e sabendo bem o que se passava ali, ele ingressou na casa sem qualquer receio. Caminhou até o porão, onde ele sabia que o casal estava e lá entrou.

O casal estava realizando um ritual um tanto macabro com alguns simbolos desenhados no chão, animais sacrificados e recitando algumas palavras em latim. Assim que viram Azazel ficaram assustados.

"Quem é você? Como entrou aqui?" - o homem perguntou.

Azazel riu.

"Você está fazendo todo esse ritual e pergunta quem sou ?" 

A mulher coloca o livro no chão e pega um punhal.

"Você é só um humano." - homem fala.

Enquanto Azazel e o homem discutem, a mulher se aproxima e enfia o punhal em Azazel.

Ele a observa , agora com os olhos amarelos.

"Vocês não tem poder algum para me ferir ou me matar."

A mulher fica paralisada.

"Você é um demônio?" - ela pergunta.

Azazel sorri.

A mulher desmaia e o homem começa a proferir palavras do livro que em linhas gerais seriam para fazer um demônio se submeter.

Azazel caminha em direção ao homem rindo. Mas não era um risada qualquer, era um riso grosso, meio distorcido que fazia os móveis da casa balançar.

"Submeta-se você ao meu poder, seu lixo." - ele fala de forma imponente.

O homem larga o livro tremendo de medo e cai no chão ajoelhado. Azazel fica satisfeito.

Segundos depois, alguns espíritos infernais aparecem, apenas para serem expulsos por Azazel.

Com os dois agora em seu poder, o grande demônio acusador planeja seus próximos passos na Terra.

Na escola

Começaram os trabalhos escolares e naturalmente Sabrina queria ser minha dupla. Nós combinamos de nos encontrarmos na casa dela, pois os pais dela não gostam que ela fique fora de casa. 

Ao final da aula, esperei Azazel para avisar que iria com Sabrina, mas ele não apareceu. Decidi então ir logo com ela e depois descobrir o que houve.

Chegamos na casa dela e logo de cara me deparei com vários símbolos religiosos. Ela me convidou para subir ao quarto e eu fui.

O quarto dela tem uma cruz de tamanho razoável bem acima de sua cama. Ela sorri, senta na cama, pega o notebook e me diz para sentar ao seu lado.

"Então, você quer começar por onde?"

As horas se passam e logo nos damos conta que já era 21h, então deixamos para continuar amanhã. Eu abro a porta e assim que coloco meus pés do lado de fora, sinto uma energia negativa na casa. 

Descemos as escadas e lá estava um homem, com roupas amarrotadas e visivelmente embriagado.

"Quem é essa?" - ele pergunta.

"É uma amiga, pai. Ela veio fazer um trabalho comigo."

Pai? Como ela pode ter um pai com uma energia dessas.

"Eu já disse que não gosto de estranhos na minha casa, sua vagab*" - ele a puxa pelo braço.

As palavras e a atitude desse homem me incomodaram de uma forma estranha. A mãe de Sabrina aparece e tenta apaziguar a situação.

A pobre moça aproveita e me puxa para fora da casa.

"Desculpe." - ela fala meio entre lágrimas.

Vê-la assim me causou uma sensação de não aceitação. Ela é um espirito tão alegre e agora aparece aquele humano e estraga tudo.

"Amanhã a gente conversa melhor.." - ela fala.

"Tudo bem." - respondo.

Eu, A Estrela da Manhã e a Escuridão.Onde histórias criam vida. Descubra agora