No dia seguinte, Sabrina me olha meio envergonhada e me pede desculpas pelo que aconteceu.
"Não tem porque pedir desculpa."
"Foi muito desagradável.."
"Você não foi."
Ela sorri.
"Então admite que sou agradável?"
"Não é desagradável, apenas."
Sabrina me abraça e eu consigo sentir um pouco de sua angústia com aquele homem. É a primeira vez que sinto algo um pouco negativo nela.
Entramos na sala, sentamos, então entrou uma professora nova. De imediato notei algo diferente naquela mulher.
A diretora entra em seguida e apresenta a professora.
"Alunos, essa é a senhorita Wood. Ela vai ser a nova professora de literatura de vocês."
Nossos olhares se cruzam por um breve momento e ela sorri. Aquele sentimento de que tem algo estranho toma conta de mim.
Após a aula, eu e Sabrina pegamos nossos lanches e vamos sentar juntas como sempre.
"Você não achou nada estranho nessa professora?" - pergunto.
"Não. Por que?"
"Eu só tive uma sensação estranha sobre ela."
"Talvez seu santo não bateu com o dela" - ela ri
"Pode ser."
Sabrina agora parece ter recuperado a sua repulsiva energia.
Ao final da aula, observei a senhora Wood ir embora e a inquietude sobre ela me incomoda. Em casa, Azazel estava me esperando e parecia feliz. Ele me fala sobre o que anda fazendo com os humanos e me parece divertido.
A grande maioria desses seres merece serem feitos de bonecos pelos demônios, então não me comove nem um pouco.
"Azazel, hoje apareceu uma professora nova e eu achei ela meio estranha.."
"Estranha??"
"Não sei , tinha algo diferente nela."
"Diferente como a humana Sabrina?"
"Não...esquece!"
Fui para o quarto e enquanto lia um livro recebi uma mensagem de Sabrina.
MENSAGEM
Sabrina: Posso te ver?
Eu: Quer vir aqui?
Sabrina: Pode vir me buscar? Eu não queria ficar aqui hoje..
Eu: Vai fugir?
Sabrina: Meio que sim kk
Eu: Estou indo.
FIM DA MENSAGEM
Troco de roupa, deixo o livro de lado e quando me preparava para sair, Azazel aparece.
"Onde vai?" - ele pergunta enquanto come uma maçã.
"Vou buscar a Sabrina.."
"Hum."
"O que?"
"Nada, alteza."
Segui caminhando pelas ruas observando a todos. Alguns espíritos se aproximam e conversam comigo durante o caminho. Dois deles eram bem terríveis do ponto de vista humano e me acompanharam até a casa de Sabrina.
Assim que a viram, eles ficaram encantados, pois viram um bom alvo.
"Ela não." - falei
Eles ficaram desapontados e saíram.
Sabrina desceu pela janela com uma mochila nas costas e eu não aguentei e tive que rir dessa situação.
Ela notou e perguntou o motivo.
"Só acho engraçado você descendo como uma fugitiva."
Sabrina me dá um tapinha de leve no ombro, pega na minha mão e seguimos caminhando de mãos dadas.
"Seu pai está sendo desagradável?" - pergunto.
"Ele nunca é agradável.."
Sentir a tristeza dela era de certa forma desconfortável.
Chegando em casa, Azazel estava no sofá comendo umas frutinhas e quando percebeu a presença de Sabrina logo mudou sua postura.
Eles se cumprimentaram e nós subimos para o quarto. Sabrina colocou a mochila ao lado da cama e se deitou, me chamando para ficar ao seu lado.
"Não me disse que seu tio estava morando com você."
"É..essa casa é tão grande que esqueço que ele vive aqui."
Ela sorri.
"Eu sinto uma paz ao ficar ao seu lado. Não sei explicar isso.." - ela fala encostando a cabeça em meu peito.
Acho que nada mais irônico que uma humana se sentir bem ao meu lado. Pela manhã, Azazel já tinha preparado o café da manhã e , claro, nos acompanhou no desjejum. Ele nos observava com um olhar um tanto macabro.
"Sabrina, gosta muito de minha sobrinha?" - ele pergunta
"Sim." - ela sorri olhando para mim.
Azazel sorri também e por alguns breves segundos seus olhos ficam amarelos. Assim que terminamos, pedi para Sabrina esperar lá fora que eu já iria, pois tinha esquecido algo.
Logo que ela saiu fui conversar com Azazel.
"O que foi isso?"
"Isso o que, alteza?"
"O que está tramando? Ela é minha e ninguém mais tem direito de tentar qualquer coisa com ela."
Ele sorri e enxuga as mãos no avental.
"Já percebi que ela é sua, alteza. Não se preocupe, apenas não tenho o costume de estar tão próximo de humanos como ficamos hoje."
Analiso bem sua reação e por fim aceito sua resposta.
Seguimos para a escola e Sabrina andava cantarolando como uma criança feliz. É meio repugnante, mas suportável.
Faltava apenas 2 quadras para chegar na escola quando algo inexplicável aconteceu. Um homem aparentemente descontrolado pilotava uma moto e atingiu em cheio a humana Sabrina.
Olhei para meu ombro e tinha sangue nele. O sangue dela..
Corri para ajudá-la, mas ela estava inconsciente. Liguei para a ambulância e fomos para o hospital.
Chegando lá eles logo me separam dela e a levaram sabe-se lá para onde. Algum tempo depois a mãe dela chega.
Ficamos ali naquela sala, o meu ombro com o sangue dela e uma sensação estranha toma conta de mim.
Um médico aparece depois de algumas horas e fala que a situação dela não era grave, mas precisaria ficar ali alguns dias em observação. Assim que eu pude vê-la, fiquei ao seu lado e me dei conta que ela é apenas humana.
Desconfiava que talvez ela fosse uma celestial, mas ali , vendo toda a sua fragilidade , vi que ela é apenas uma humana..
Por um impulso que não compreendi, peguei a mão dela e depositei um beijo. Um energia conhecida se aproxima, olho pela janela e lá estava Belial sorrindo.
"Desgraçado!" - pensei
A fúria toma conta de mim. Não podia acreditar que ele tinha me afrontado dessa forma. Sem controle, tomo a minha forma infernal.
Minhas asas negras aparecem, assim como meus chifres, minha coroa e meus trajes reais. A raiva me impede de pensar que eu estava entre humanos e que alguém podia ver.
"Isabela.."
Uma voz fraca e doce pronuncia meu nome e me deparo com Sabrina me olhando incrédula. Nesse momento eu não sabia o que dizer e nem o que fazer, porém para meu alívio ela desmaia.
Retomo minha forma "normal" para chamar os médicos e informar o que aconteceu. Eles ficam com ela e eu saio, pensando no que ia fazer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu, A Estrela da Manhã e a Escuridão.
FantasiLúcifer e Lilith , o casal renegado tiveram uma filha que é o orgulho de seu pai e o símbolo de sua quase equiparação a Deus. A jovem Isabela Nahash já entediada de ficar confinada no inferno e constantemente inconformada, aceita a proposta de ir a...