Eu, A Estrela da Manhã e a Escuridão.

Festa

Sabrina me ligou, tentando me convencer a ir para a festa com ela e eu acabei aceitando, porque ela não ia desistir. Por volta das 21h eu apareci na casa dela que saiu pela janela de casa como uma fugitiva, o que me deixou impressionada.

"Vamos?" 

Ela usava um macacão azul escuro e um all star preto.

Durante nossa caminhada ela não parava de falar e parecia estar surpresa com a sua própria atitude em sair de casa sem avisar a ninguém.

"Nunca fiz nada assim antes.."

"Eu imaginei.."

Ela agarrou meu braço e seguimos caminhando assim até chegar na festa.

Uma vez estando lá, logo percebi que não valia a pena! Adolescentes bebendo, quase em orgias, som alto, gente idiota..

Alguns diriam que seria a visão do inferno, mas somente os tolos que jamais foram ao inferno diriam isso.

O inferno é um lugar organizado e agradável. Claro que quando se trata dos ambientes onde ocorrem as torturas, cada um tem o inferno pessoal que merece, mas fora isso, os demônios em geral não gostam de bagunça e são bem exigentes, em especial os reis e príncipes infernais. 

Belial é um dos que são exigentes. É extremamente diplomático e se comporta como um lorde, se não contrariado, claro.

Sabrina me puxa para dentro daquela bagunça e algumas pessoas começam a nos olhar. Ela pega alguns copos que estavam ali, me entrega um e bebe o liquido. 

Ela tosse um pouco e faz uma cara ruim.

"Isso está com um gosto muito forte!"

"É porque deve estar com bebida."

Ela coloca o copo de volta e eu continuo com o meu. Bebo um pouco e de fato era bebida.

Como não sou humana, essas bebidas não fazem efeito em meu organismo, ao menos não como faz neles. Posso beber o quanto quiser e talvez depois de uns 20 dias bebendo, eu fique realmente alcoolizada. 

Uma música bastante irritante começou a tocar e Sabrina fica animada.

"Vem , vamos dançar juntas."

Ela me puxa e começamos a dançar de uma forma desengonçada, porque nem eu e nem ela sabemos dançar.

Durante a dança e toda  aquela energia caótica sinto que tinha algo familiar por perto. De repente, o tempo congelou e pude ver quem era. 

Asmoday.

Ele se aproxima olhando a todos com indiferença, caminhando com a magnificência de um rei arrastando sua capa pelo chão.

"Então foi para cá que Samael mandou sua cria..que lamentável! Está perdendo aulas importantes , princesa."

"Eu estava cansada do inferno."

"Não pode cansar do seu reino! Está perdendo tempo brincando com essas criaturas quando tem tanta coisa para aprender. Mas onde está a cabeça de Lúcifer!!"

"Não acho que papai vai gostar de saber que questiona suas decisões.." - rio

"Sou incisivo em minhas opiniões e ele sabe bem disso."

"Então, veio apenas para me dar um sermão?"

Ele me olha com um semblante sério.

"Aviso que a senhorita não está dispensada de suas incumbências e que como parte de seu aprendizado deverá realizar algumas atividades."

"Quais?"

"A primeira e importante é o seu contato mais próximo com as almas. Já que está por aqui, será responsável por capturar algumas para nós. Será simples."

"Ok." 

Asmoday pega um pergaminho em seu bolso e me entrega.

"Ai está a lista das almas que deve pegar."

A lista era bem grande. Logo nos despedimos e o tempo descongelou.

Guardei a lista e voltei a dançar com Sabrina. Ao fim da festa, eu a acompanhei até sua casa e para minha sorte enquanto caminhava de volta para casa me deparei com a primeira alma da lista.

"Essa foi fácil!" - pensei

Aproximei-me do homem e o pergaminho esquenta. Vejo que o nome dele está vermelho agora..

"Boa noite." - falei

O homem que estava sentado em uma mesa de bar com duas garrafas de cerveja a sua frente volta sua atenção para mim.

"O que deseja, moça?"

"Está na sua hora."

"Hora de que?"

"Está na hora de ir ao inferno. Seu tempo aqui já acabou!"

O homem começa a rir.

"Você deve ser alguma maluca.. saia daqui e me deixa em paz." - ele se levanta e se aproxima de mim.

"Facilite meu trabalho e venha comigo." - estendo a mão para ele. 

A essa hora ele já me via em minha forma infernal e entra em desespero. Tenta fugir , mas eu o pego.

Eu o arrasto pelo pé até o pequeno portal que se abre, rodeado de fogo, nos guiando até o inferno.