Prólogo

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Esta é uma história que se adapta baseada nas palavras de quem a conta. 

Ela será dita diversas vezes, mas nunca repetida.

Anos atrás, o mundo passava por um período bastante conturbado, causado por diversas razões. Disputas políticas, guerra, fome, escassez de recursos naturais. Pandemia. Contudo, a humanidade já havia atravessado momentos ruins antes, talvez até piores do que aquele.

Ninguém se deu ao trabalho de se preocupar nas primeiras notícias. Quando o grande problema começou, era para durar apenas algumas horas, coisa simples.

"Um eclipse solar deixará a Terra em escuridão quase completa."

Alguns diziam que a situação era mais perigosa do que realmente parecia. Surgiram boatos e notícias, de pessoas que enlouqueciam, atacavam umas às outras sem nenhum motivo aparente, de maneira brutal e selvagem. As ocorrências cresceram de modo que os estados da época enfatizaram uma nova onda de quarentena para manter as pessoas dentro de suas casas.

Claro, isso só gerou revolta. Já haviam passado por isso antes. A COVID foi responsável por uma marca grande nas vidas daquela gente. Não queriam mais ficar presos em casa graças a uma ameaça invisível ao qual combater era praticamente impossível. Todos queriam viver suas vidas, livres, aproveitar ao máximo cada segundo.

Mas era diferente. As medidas de segurança tomadas para prevenir a COVID não eram eficazes contra a nova ameaça, porque esta não era um vírus, tão pouco fora invisível. Era real, e estava bem ali. Os incidentes se tornaram grandes ataques, e estes assaltos; logo, bairros inteiros foram consumidos pela irrestrita força daquelas criaturas demoníacas.

Eles eram... Eram como a própria morte. Disparos e bombas não surtiam o menor dos efeitos. Destruíam veículos e casas com as próprias garras, subiam nos prédios e voavam pelos céus escuros do eclipse que nunca foi embora. Dias, meses e, logo, anos. Diziam que ficaria tudo bem, as grandes potências mundiais tinham tudo sob controle. Porém, quando as bombas começaram a cair, percebemos que era o fim, não havia mais esperança para a humanidade; e sabiam disso. As bombas arrasaram cidades, países sucumbiram diante a onda massiva de criaturas, tão poucas de início, mas que se alastraram e se proliferaram como uma verdadeira praga, até não restar mais nada.

Foram três longos anos de completa escuridão.

No primeiro ano o desespero reinou. Não sabiam o que fazer. Tinham de lutar, mas é nessas horas que o pior desperta dentro do próprio ser humano. Uns uniam forças para combater os monstros, enquanto outros se empilhavam dentro de suas próprias barreiras. Haviam ainda aqueles que aproveitavam do caos para atacar uns aos outros. Era o inferno na terra, e nem todos possuíam o poder necessário para se defender. Muitos, muitos morreram.

No segundo ano, veio a depressão. Por que continuar lutando? Deus havia os abandonado, estava claro. O céu seguia obscuro, e os monstros pisoteavam as terras intempestivamente. O gado não sobrevivia mais, tal como plantações que, diante do frio interminável gerado pela ausência do sol, secaram, murcharam. Pessoas morriam pelas mãos das criaturas, por doença, ausência de vitaminas básicas, fome, frio, suicídio... Não, não havia qualquer razão para continuar.

Para alguns, o terceiro ano pode ter sido o momento onde muitos desistiram. Outros, porém, nomeiam-no de "ano da esperança", pois havia uma luz no fim do túnel. Os monstros estavam mais fracos, talvez. Pela primeira vez em muitos meses, o sol brilhou. Foi apenas por uma manhã, não mais do que dez minutos, mas ele brilhou, e sua luz foi o sinal pelo qual os poucos humanos restantes ansiavam há tanto tempo, o aviso de que ainda havia um mundo os aguardando depois de tanto sofrimento.

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