Robby estava deitado no sofá com a cabeça no colo de Miguel, e distraído pelo filme a que assistia. Nem se lembrava mais de quanto tempo havia se passado desde a última vez que conseguiu assistir a qualquer coisa por mais de uma hora sem ouvir o som do filho chorando. Raul era a melhor coisa que já havia acontecido em sua vida, mas tinha que admitir que deixar ele viajar com os avós estava sendo muito relaxante. Ele confiava plenamente em Carmen para cuidar bem da criança, e esperava que o menino deixasse Johnny louco como apenas um bebê de dois anos seria capaz.
— Nem acredito que temos o fim de semana todinho pra nós — disse em voz alta.
— Nem me fala. Mais tarde a gente vai sair pra jantar num lugar bem romântico e depois rebatizar essa casa inteira — Miguel respondeu com um sorriso malicioso, fazendo Robby se arrepiar.
— Mal posso esperar — suspirou o mais baixo. — E já temos planos pra amanhã?
— Na verdade, eu queria conversar com você sobre isso — Miguel respondeu, hesitante. — Mas eu ia deixar pra amanhã de manhã.
Robby se levantou, rápido como um raio, encarando Miguel como se tivesse sido mortalmente ofendido.
— Você tá brincando né? Você sabe como eu sou curioso, não vou me concentrar em nada direito hoje se você não me contar!
Miguel sorriu de canto, um pouco inseguro. Foi convencido quando Robby cutucou sua costela cruelmente, ordenando que contasse logo.
— Ai, credo! Tá bom. É sério, mas não é nada ruim — disse, antes que Robby se preocupasse. — E tudo bem se você não quiser…
— Miguel, não me diga que você quer outro cachorro — Robby disse, com cara de cansado.
— Que? Não. Não, a gente já tem muito trabalho. Eu queria tentar uma sessão de regressão amanhã — Miguel falou, cada vez mais baixo.
— Por que você não disse logo? Tudo bem, amor.
— Eu queria saber como é regredir. Se você não se importar — disse, ficando vermelho de vergonha e achando a ideia estúpida, pensando até em voltar atrás.
Robby olhou para o marido de forma tão doce e compreensiva que a vergonha do moreno se dissipou quase instantaneamente.
— Acho que vai ser muito bom pra você — disse, pondo a mão no joelho do mais baixo e apertando para sinalizar apoio. — Você cuida de todo mundo, do Raul, de mim, da sua mãe, da yaya… Você merece se sentir cuidado também.
— Você também cuida de mim, amor. Mas eu sei que é diferente, parece te deixar tão tranquilo e feliz, eu… Eu queria tentar.
— Então já temos nosso plano pra amanhã, lindo. Vou fazer de tudo pra essa experiência ser muito especial pra você — Robby prometeu.
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O fim de semana de folga estava sendo perfeito, Miguel nem podia acreditar em como tudo estava dando certo. Foi até a cozinha e encontrou um bilhete de Robby na geladeira que dizia que ele voltaria logo e pedindo que o moreno o esperasse para tomar café. Como se ele precisasse pedir, Miguel pensou enquanto sorria feito um bobo.
Sentou no sofá e ligou a tv, procurando algo a que assistir enquanto esperava o marido voltar. Se decidiu por uma série de comédia com episódios curtos, assim não ficaria curioso por ter que parar no meio, o que se provou uma escolha muito acertada quando a porta se abriu uns vinte minutos depois.
Robby entrou com duas sacolas, uma grande e uma bem pequena, e Miguel foi até ele para recebê-lo e descobrir do que se tratava.
— Bom dia, amorzinho — disse docemente enquanto se inclinava para dar um beijo no mais baixo.
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Segunda Chance
FanfictieRobby descobre a função terapêutica da regressão e encontra uma forma de lidar com seus traumas e problemas da infância com a ajuda de Miguel.