Capítulo 13

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Chamada não atendida:






— Sim sim! Eu também acho —  ele ficava dizendo sem parar. Braços cruzados, seu movimento amassou o terno. Mas pouco notou, e continuou incutido na conversa 

— Você nem sabe e ainda assim diz isso! 

— Realmente?! — Descruzou os braços e voltou a falar. Estava ainda mais envolvido agora. 

— Claro, eu vi por mim mesmo. — As duas cabeças quase se tocaram enquanto conversavam baixinho sentados à mesa do escritório.

— Você não viu, você assistiu. Seu idiota — advertiu.

— Dá no mesmo, mas isso não importa, no jornal diz que o índice de criminalidade nesse quarteirão é exorbitante. E ninguém foi preso. 

— Espero que sejam pegos logo, afinal, soube que andam furtando especialmente mulheres, crianças e gestantes. — Ambos acenaram, concordando. No silêncio, permanecia a preocupação.

Ouvia cada palavra da conversa deles, embora apenas ficasse quieto do lado de fora da porta. Eventualmente, me afastei silenciosamente. Não tinha o costume de ouvir conversas de outros, a maioria de suas palavras eram boatos. Baseadas apenas no que veem do ponto de vista deles e não se importam com o que está além. 

Sobretudo, uma pessoa me veio à mente ao ouvir isso. Quando essa pessoa me vem à mente, lembro-me que, mesmo que resida na mesma casa, é como se estivéssemos separados por dois mundos inteiros. 

Me pergunto se algum dia eu e ele poderíamos retornar ao estilo de vida original, onde poderíamos conversar normalmente um com o outro. Mas diante da nossa circunstância atual, o melhor é ficar longe. Ele se tornou uma cicatriz escondida em meu coração.

Na minha mesa, o aparelho notificou uma ligação perdida. Uma chamada não atendida. Neste momento, sentia que esquecia de algo. Não lembrava o quê. E então pequenos fragmentos de memória vieram, mais cedo prometi algo, só não lembrava qual era a promessa. 

A hora exata em que recebi a chamada perdida foi às 19:58. Novamente o aparelho tocou.

E essa ligação tocou por um longo tempo, embora não atendesse, olhava para o número piscando na tela. Coloquei o telefone em um canto, esperando que a tela escurecesse.

Então lembrei! A ligação era dele, prometi ir buscá-lo. Presumi que seja hora de ir encontrá-lo. Ainda assim, deveria ser o CEO racional e calmo, não o companheiro impulsivo e possessivo que havia se tornado diante dele. Tinha uma reunião nos próximos segundos, não podia ser adiada. Logo iria vê-lo.

Então a secretária Kim me notificou que era hora da reunião no momento em que a tela escureceu. Saí do meu lugar para ir a reunião, deixando o telefone sobre a mesa e meus documentos em mãos. Caminhei ao seu lado, olhei-a de soslaio. Sua postura profissional estava impecável como sempre, seus cabelos presos. Olhou-me de volta, sua pupila clara refletia minha imagem. 

Sabia que tinha sentimentos por mim, da mesma forma que ela tinha consciência de que jamais poderia respondê-los. Para mim, meus sentimentos eram como os dois lados de uma moeda, em ambos os lados existia apenas uma pessoa. Não havia espaço para mais ninguém.

Seguimos nosso caminho lado a lado. Não disse nada, nem ela. Segundos depois, houve uma nova notificação no telefone de que chegou uma nova mensagem. No entanto, não pude visualizar.

A reunião durou cerca de 20 minutos. Depois voltei para meu escritório, sentei-me e estava prestes a chamar o chefe dos recursos humanos quando lembrei da mensagem vinda do mesmo número: “Bloco 8”, o conteúdo da mensagem dizia.

Este lugar não ficava longe do escritório, não tinha ideia do porquê Oscar havia enviado um endereço, mas sabia que havia algum significado por trás disso. É por isso que queria ligar para perguntar. Só que a voz que soou ao telefone era uma voz feminina e fria. “Desculpe, o número para o qual você ligou está desligado.” Recordei o comentário anterior do funcionário, o endereço era perto do lugar mencionado.

Foi quando finalmente percebia que algo estava errado. As mesmas palavras frias foram ouvidas quando liguei para ele novamente. E continuaram soando nos meus ouvidos. Compreendi que algo ruim poderia ter acontecido. Minha cabeça estava uma confusão, meus pensamentos emaranhados. 

Não me atrevia a continuar essa linha de pensamento e então saí correndo com meu terno. Passei rapidamente pela secretaria Kim enquanto ligava e corria ao mesmo tempo.

Precisava ir para aquele lugar imediatamente. Algo devia ter acontecido no endereço que Oscar enviou.

Esse pensamento encheu minha cabeça, empurrando qualquer outro para longe enquanto meus passos aceleravam. Quando saí do prédio percebi que havia começado a chover forte do lado de fora.

A chuva inesperada envolveu toda a cidade na névoa. Gotas pesadas caíram e atingiram as poças de água no chão, enquanto algumas gotas menores espirraram. O som único e alto da chuva permanecia nos meus ouvidos. Podia até ouvir vagamente o som de carros dirigindo sob as ruas molhadas ao longe. O reluzir dos raios e trovoadas criava um show de luzes e sons na cidade.

Parei apenas por um segundo antes de usar o terno para me cobrir vagamente e correr para a chuva. Continuei ligando para Oscar sem parar, embora fosse a mesma voz robótica que respondia todas as vezes.

Estava começando a me sentir frustrado. Quanto mais tempo passava, mais eu corria e quanto mais ficava sem resposta, mais rápido meu coração batia.

Só queria correr para chegar rápido àquele lugar. Precisava vê-lo agora.









Betagem:Arabella_McGrath

A Década Depois Da PrimaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora