Anata No Naosu

Noroi

Tesla estava inquieto, andando de um lado para o outro pelo laboratório enquanto murmurava e fazia gestos repetitivos com as mãos, como se estivesse gesticulando em uma palestra ou repetindo uma contagem mental. Entre os murmúrios Beelzebub notou que ele estava repassando as informações que ele havia descoberto antes enquanto repensava as perguntas que o deus não respondeu e criava teorias sobre outras coisas relacionadas.

— Eu tenho algumas roupa que podem servir em você. — Beelzebub falou enquanto se aproximava, interrompendo os pensamentos de Tesla e atraindo a atenção dele — Pegue qual achar melhor e se vista no outro cômodo.

Começou a desconectar os cabos dos pulsos e peito de Tesla.

— Oh, obrigado! — Nikola agradeceu com um sorriso enquanto prestava atenção nos cabos que Beelzebub removia.

— Tome cuidado com o braço direito e não mexa nisso. — disse com firmeza enquanto se referia a substância regenerativa.

— Você ainda não me explicou o que é isso.

— E nem pretendo. — disse enquanto voltava a concentração para a remoção dos cabos e aparelhos.

— Isso não é nem um pouco generoso da sua parte. — disse em desagrado.

— Você é o único ingênuo o suficiente pra revelar informações dessa forma.

— É uma questão lógica! Como vamos evoluir se retermos informações?! — disse levemente exaltado.

— Apenas se apresse. — disse ignorando a pergunta e se afastando — As roupas estão no outro cômodo.

Apressado e curioso, Tesla foi para o outro cômodo.

Beelzebub foi até a valquíria começar a trata-la. Já a havia negligenciado por muito tempo. Era sorte ela ainda estar viva.

Quase meia hora depois, o deus estava começando a se perguntar se Tesla havia desmaiado ou morrido no outro cômodo quando ouviu a porta abrir.

— Você sabia que roupas pretas absorvem muito mais a luz do que roupas claras? — Tesla começou a falar assim que saiu do outro cômodo — Por isso são tão quentes. Aliás, tentar me vestir com apenas uma mão foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz.

Beelzebub ergueu o olhar para Tesla.

Ele estava usando botas pretas que iam até o meio da canela, uma calça preta, blusa social branca, um sobretudo preto com detalhes em prata nas pontas e luva cinza.

— Onde pegou a luva?

— Achei por ali enquanto olhava ao redor, surpreendemente coube até que muito bem. Devo dizer que é um lugar fascinante! — disse animado — Inclusive, achei uma caneta e um bloco de notas já que você não me forneceu. Está em branco então suponho que você não vá se incomodar.

Beelzebub respirou fundo, contendo a irritação.

— Tanto faz. Apenas pare de mexer nas coisas sem minha permissão.

— Ah! Sinto muito! Agora que tenho o que preciso isso provavelmente não vai mais se repetir. — se desculpou enquanto ia até a mesa — Aliás, você tem café? Só encontrei vinho por lá. Não que eu não goste de vinho, mas eu preferia uma xícara de café agora. — se sentou a mesa enquanto abria o bloco de notas — ... Eu acho que vou precisar de mais e maiores folhas, mas isso vai servir por enquanto.

Beelzebub respirou fundo mais uma vez. Aquilo seria difícil.

— Não, não tenho café. — disse enquanto novamente repensava sua decisão de salvar o cientista.