Não tivemos muito trabalho em vender a carne que conseguimos:assim que entramos na grande ágora da cidade fomos cercados por homens vestidos de forma similar a Gurion, mas sem armadura. Por um momento, temi ser pisoteado tamanha era aeuforia dos homens que vieram a nosso encontro, porém a presença do grande homem foi mais do que suficiente para forçá-los a uma distância de alguns passos de mim e da carroça.
Não muito tempo depois o mercado começou a ficar deserto, não haviam mais tendas ou barracas, pessoas ou carroças. Eu entendia o motivo: o Sol era muito mais próximo no topo daquele Planalto e com tantas pessoas e plantas era muito mais úmido. Precisávamos encontrar algum local de descanso que nos protegesse de toda aquela luz e calor.
- Siga-me.
O homem tomou a frente e o cavalo começou a segui-lo puxando a carroça. Começando a me sentir desnorteado pelo calor, eu os segui pela rua que saía da ágora, uma rua menor e menos grandiosa do que a Avenida principal, que tinha grandes lenços presos entre as casas de ambos os lados o que fazia uma boa sombra, porém não o suficiente para diminuir o calor que sentia.
- Tem ideia de onde ir?
O homem mantinha um passo firme e lento, porém longo, quase que como se arrastasse um grande peso. Eu pensava que podia ser o peso da espada, mesmo que ela tivesse sumido ele não devia ter só jogado ela longe.
- Há sombra e água, poucos passos à frente...
Eu o segui junto ao cavalo e a poucos passos após uma curva estava uma pira de pedra lançando água para cima, de uma forma que eu era sinceramente incapaz de explicar. Uma nascente talvez? Provavelmente, a menos que tivesse algum monstro gigantesco assoprando água por um tubo debaixo da terra
- Eu vejo a água, mas não tem sombra
- A sombra está atrás da fonte.
E realmente, atrás da fonte havia um baixo pavilhão feito em pedra com o formato de domo coberto de vinhas, rachaduras e pequenos sendo escalado por pequenos animais como lagartos e roedores. Sua construção era parecida com a de uma capela, como as que eram feitas em respeito às deidades da terra. Não existiam muitas construções como essa desde que o povo havia se tornado descrente, acreditando apenas em dinheiro e lâminas.O homem caminhou até o pavilhão e com as mãos nuas arrancouas vinhas espinhosas que cobriam as colunas e com um passar da capa a poeira que cobria o chão foi levada para os cantos. Eu deixei o animal bebendo da fonte no lado de fora e segui o homem. Ele estava com os olhos fixados no chão, mas logo que entrei ele se sentou em um movimento rápido e estranhamente leve, como se não tivesse peso.
- Coberto de teias, poeira e vinhas. É assim que deixam o lar de seus criadores e protetores.
A voz do Homem soou com certo pesar e tristeza.
- De que divindades está falando?
- Aquelas adoradas desde o princípio dos tempos, as que formaram os povos antigos e os ensinou as artes. Aquelas que foram criadas por um ser ainda maior, um ser que cobre, vê e controla tudo. Um ser que trará uma onda de destruição e ruína antes nunca vista, e a espalhará por toda terra existente.
Os pelos em minha nuca se arrepiaram. Soa como loucura quando eu digo, mas ao sair da boca do homem soa como uma verdade absoluta. Um ser que nos traria ruína? Maior do que a queda dos dozereinos? Das cidades fortificadas das terras férteis? Maior mesmo do que a mortedo regente Maritalho?
- Está dizendo que estamos condenados? Mas por que diz i
- Me foi mostrado em um sonho. Um sonho que me trouxe vida... Um sonho que me fez sentir medo.
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As Crônicas do Rei: O Homem Que Se Levanta No Deserto
AventuraNo meio de um deserto, debaixo de uma pedra, um homem, magro, abatido, com um olhar morto se estende para o sol depois de incontáveis passagens de tempo. Na cabeça, uma coroa de lata pela metade, na mão, uma espada quebra e sobre o corpo esquelético...