Infância

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OHLALAOHHHH MAS QUE CALORRRRR

Espero que gostem



Camila

Olho com terror enquanto Lauren entra num sono profundo, grito por alguns minutos tentando chamar sua atenção, mas sei que isso não vai adiantar. Tento me libertar das amarras que me prendem na cadeira enquanto as lágrimas molham minhas bochechas. Sinto a dor antes mesmo de acontecer, uma carga elétrica percorre todo o meu corpo como uma medida para me acalmar, eu não poderia entrar na "sessão" naquele estado.

Eu não podia me render assim, não queria sentir de novo a mesma dor de acha-la para logo depois perdê-la, tento me libertar novamente e sinto o aperto em meus pulsos aumentar, encaro a origem da dor e vejo o fino caminho de sangue que sai de meu pulso. O terceiro choque me deixa fraca, pisco repetidas vezes na tentativa de expulsar a névoa que se forma em meus olhos. Olho uma última vez pra Lauren antes de entrar em um sono profundo.

2034 – 10:00 am, Los Angeles

Assim que abro os olhos percebo que não estou mais na sala com Lauren e sim dentro de mais uma de nossas "vidas". Toda vez que voltávamos era como se estivéssemos assistindo a um filme, acompanhando as interações sem poder mudar nada no rumo dos acontecimentos. Uma ruga surge em minha testa assim que observo o cenário à minha frente. Normalmente as vidas eram locais que eu nunca havia estado antes, Alexandria, Alemanha, Inglaterra, mas essa era diferente.

Ando pela calçada até parar em frente a uma casa de dois andares, meio marrom/bege com a garagem logo à frente, não muito diferente das outras do bairro, mas algo me era vagamente familiar. Um menino passa correndo perto de mim e reparo em suas roupas, não havia nenhum sinal de que esse cenário se passasse antes do século 21. Meus devaneios são interrompidos quando a porta da garagem começa a se abrir e uma pequena menina vestida de bailarina sai ao lado de sua mãe que segura sua bicicleta rosa.

- Você está pronta meu anjo? - Diz a mulher colocando o capacete na cabeça da pequena menina de costas pra mim. - Seu pai retirou as rodinhas e hoje você vai andar sozinha, tudo bem? - De onde estou consigo ver a pequena assentir com animação.

A mãe a ajuda a subir na bicicleta com cuidado e a segura durante as primeiras pedaladas até finalmente a soltar. Observo ela dar algumas voltas na calçada e na rua enquanto sua mãe a grava em seu celular e torce em incentivo.

A menina volta para sua mãe após alguns minutos, visivelmente feliz e desce da bicicleta para ganhar um grande abraço e um beijo na testa. Ouço o choro de uma criança e só agora percebo a babá eletrônica no bolso de trás da calça jeans da mãe em minha frente. Ela explica para a pequena que vai entrar para ver o neném e não vai demorar, observo-a entrar na casa deixando a pequena sozinha.

Decido andar mais um pouco assim que vejo minha mãe a duas casas à frente. Lembro-me vagamente desse dia, o dia em que minha mãe me deixou na casa de minha avó prometendo voltar assim que pudesse, essa foi à última vez que a vi. Minha mãe havia morrido alguns anos depois no início de minha adolescência, recebia seus cartões no natal e aniversário, mas minha memória dela era resumida a meus primeiros 5 anos de vida, o que não era muito devido a seu emprego que tomava todo o tempo.

Estamos em frente à casa da mulher que realmente me criou, minha avó espera em frente aos degraus de sua casa em um vestido branco. A casa era simples, tijolos marrons, dois andares e algumas plantas na frente. Minha avó observa a interação de minha mãe com a pequena menina de jardineira azul em minha frente.

- Camila - Ouço a voz melodiosa de minha mãe. - Mamãe tem de ir resolver algumas coisas então você ficará com sua avó por alguns dias tudo bem? - Ela diz abraçando-me apertado enquanto sorri.

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