O início de tudo (Parte 4)

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Alexandria – 340 d.C.

Camila

Já haviam se passado 5 anos desde que eu havia deixado Lauren em seu quarto, a sociedade havia mudado muito, tornando-se cada vez mais igual e mais civilizada também.

Eu havia me juntado a o que se pode chamar de "exército", fazendo a segurança da cidade contra a escravidão e os crimes como roubo e afins.

5 anos de treinamento, 5 anos de solidão.

Eu era pressionada por meus companheiros para encontrar meu par e eu tentava realmente, mas eles não sabiam era que eu havia deixado meu coração no quarto junto a Lauren e o vazio e a dor por estar longe dela só era preenchido pela consciência de que ela estava bem.

Ela havia casado com Brad e ele agora era prefeito da cidade. Apesar de todos os rumores e informações que eram passadas pelas fofocas nada era suficiente pra mim.

Eu estava no local que ocupava todas as noites durante os últimos 5 anos, em cima de uma grande árvore que dava visão para o quarto de Lauren, passava minhas noites observando-a estudar e dormir, sempre na mesma rotina de antes.

Observo-a finalmente chegar a seu quarto após o jantar, seu braço direito segurando o braço de Brad que a acompanha em segurança, apesar de saber o que aconteceria a seguir não posso deixar de trincar o maxilar e cerrar os dentes de ciúmes.

Ele para em sua frente e, toca sua bochecha, se inclina deixando um beijo em sua testa, sorri e sai do quarto a deixando sozinha.

Até onde eu sabia, apesar de estarem casados, Lauren não havia consumado o casamento, usando-o somente como fachada, eu via o quanto ele se preocupava e gostava dela desde muito antes dos acontecimentos recentes, mas a sensação de alívio por ele a respeitar dessa forma era preciosa para mim.

Ajeito minha posição na árvore e me preparo para dormir assim que ela desliga as luzes do quarto. Entro em um sono profundo, repleto de imagens do que eu gostaria de fazer com a menina dos olhos verdes a alguns metros de mim.

Lauren

Cada dia era uma tortura nova, acordar, ensinar, comer, dormir, eram tarefas feitas em modo automático, mas desde que ela se foi respirar era cada vez mais difícil.

Às vezes durante o dia as imagens do momento que ela me deixou me atingiam com força ocasionando uma dor incontrolável em meu peito, a falta de ar indicava o ataque de pânico que tomava conta de mim por alguns minutos. Sempre que isso acontecia eu conseguia disfarçar em frente às outras pessoas, mas toda vez que entrava em meu quarto e me preparava para dormir, as lágrimas eram inevitáveis.

Havia me casado com Brad por muita insistência de meu pai, ele definitivamente não era meu par perfeito, mas me tratava com amor e respeito e pra mim isso era o suficiente, ao longo dos anos nos tornamos amigos e ele sempre me procurava para conselhos, como se eu ainda fosse sua professora de anos atrás.

Odiava admitir, mas apesar da aparente paz que havia se instalado na cidade nos últimos 5 anos, a escravidão havia voltado, não tão evidente como antes, tudo era muito bem maquiado pelos grandes mestres que usavam do dinheiro para continuar esse processo, não havia como culpar os escravos, algumas pessoas não sabiam lidar com a liberdade, afinal servir era tudo o que conheciam.

Não demorou muito para que tudo desmoronasse novamente, estava voltando de minha última aula do dia quando vejo uma multidão se formar em minha frente, entre o mar de cinza, preto e branco pude entender o que havia acontecido. Aparentemente um homem não satisfeito com sua escrava havia a jogado no chão e começava a bater-lhe com um pequeno porrete.

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