O início de tudo (Parte 2)

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Lauren

Todos os domingos, reuníamos no teatro principal para uma apresentação, estava alheia à encenação a minha frente, meus pensamentos caindo sobre a noite em que havia tocado Camila pela primeira vez.

O toque leve de seu pai em seu braço a desperta para o que acontece no palco. Brad permanece no centro do palco encarando-a, em suas mãos segura o que parece ser uma flauta. Quero afundar-me em um buraco quando ele diz que a música que iria tocar seria para mim.

Encaro sua testa fingindo prestar atenção à música horrível que sai da flauta, dirijo meu olhar até a grade onde os escravos se amontoam para assistir ao espetáculo, encontro seu olhar e permaneço hipnotizada até que percebo Brad em minha frente oferecendo-me a flauta, aceito por educação, mas tudo o que consigo pensar é o olhar de Camila em mim.

Volto pra casa seguida de perto por ela, sinto seu olhar estudando-me com atenção, utilizo todas as forças em mim para não virar de encontro a ela e terminar o que havia começado na noite passada. Tento concentrar-me nos pergaminhos à minha frente, mas seus olhos cor de chocolate me perseguem, entro na banheira e fecho meus olhos tentando relaxar.

Durmo pelo que parecem horas e quando abro os olhos encontro Camila em minha frente. Seu olhar encara o chão, mas não posso deixar de desejar que ela estivesse me observando com o mesmo desejo que sinto ao olha-la agora. Encaro-a até que ela levanta o olhar prendendo-o no meu. Levanto-me devagar observando sua expressão, seus olhos admiram meu corpo assim como fiz a noite passada com o dela.

Paro em sua frente e ela abaixa a cabeça em respeito. Levo minha mão ao seu queixo fazendo-a olhar pra mim. Meu toque em sua pele causa um choque de eletricidade por todo o meu corpo e percebo a mudança de respiração que causo nela, sabendo que causo o mesmo efeito que ela causa em mim.

Meu polegar desenha a curva de sua mandíbula, mal percebo quando ela deixa a toalha cair entre nós, leva os braços até minha cintura nua e sinto a parede gelada atrás de mim. Seu toque manda uma onda de eletricidade por todo o meu corpo e então ela põe seus lábios próximos ao meu.

Ataco seus cabelos e pescoço enquanto uno nossos lábios com força, sinto-a gemer quando aprofundo nosso beijo com minha língua, nossos corpos se movem com perfeição sem precisar de uma palavra, tiro sua roupa sem dificuldade e falta-me o ar quando encaro seu corpo nu. Uno nossos lábios novamente fazendo nosso caminho à cama.

Uma de minhas coxas permanece entre as suas e gemo com o novo contato, nunca havia deitado com uma mulher, mas é como se a sequencia de ações fosse já conhecida, nossos corpos encaixando-se perfeitamente.

Sinto sua mão em meu sexo e gemo em sua boca, com dificuldade desenho círculos com minha língua em seu mamilo, sinto-a gemer com meu toque e invertemos posições. Sua boca indo de meu pescoço ao meu seio demoradamente.

Sinto-me extremamente entregue quando ela finalmente alcança meu sexo já molhado e quando suas mãos hábeis finalmente enfiam dois dedos em mim, me sinto completa. Não demoro a chegar ao ápice e observo toda a constelação acima de nós, tenho certeza de que o que vejo não é real, mas uma série de imagens me invade, Camila e eu em várias outras situações, tudo passa muito rapidamente até que sou capaz de focalizar seus olhos cor de chocolate encarando-me com paciência.

Puxo-a para um último beijo e adormecemos em um sono tranquilo.


Camila

As lembranças da noite anterior voam em sua mente. Um sorriso pousa em seus lábios enquanto espera o despertar de sua mestra. Ela já havia feito todos preparativos do dia, arrumado os quartos, servido a refeição matinal e retornado para achar Lauren assim como havia a deixado mais cedo, dormindo profundamente.

Algo estava diferente, Camila se sentia viva de alguma forma, sua vida sempre consistiu de trabalho árduo sem tempo para pensar em si mesma, olhando para Lauren dormindo calmamente em sua cama ela havia se lembrado de algo que sua mãe sempre lhe dizia enquanto criança.

"Nós átomos somos feitos com o objetivo de amar, quando chegar sua hora você sentirá uma nova energia dentro de você, quando você achar o seu átomo, essa tristeza que sente agora passará."

Camila franze a testa com a lembrança, ela se sentia viva e despreocupada de todas as tristezas que já havia passado em sua vida, mas não havia sido um átomo que a havia feito se sentir assim e as roupas pretas de Lauren perto à cama deixam bem claro o oposto que sua roupa branca é.

Seus pensamentos são cortados assim que sente a atmosfera mais escura. Sua atenção é voltada para o motivo da súbita ausência de luz, o sol estava se tornando preto aos poucos enquanto uma esfera se posicionava lentamente a sua frente. Camila corre em direção à cama quando gritos desesperados vêm em direção das ruas.

- Lauren, senhora! - Grita desesperadamente enquanto tenta acordar sua mestra.

Ela assiste enquanto a mulher em sua frente tenta acordar, um sorriso apaixonado brota em seu rosto assim que os olhos cor de esmeralda encaram o seu, Lauren retribui o sorriso e pousa a mão em sua bochecha devagar.

Um grito vindo de fora do quarto quebra a interação das duas e Camila puxa sua mestra para fora da cama a fim de lhe mostrar o que estava acontecendo.

- Um eclipse - Camel observa de perto sua mestra, pronta para protegê-la do que fosse. - Camila! Isso é um eclipse! - Lauren se vira para a escrava com uma expressão de brilhantismo no rosto.

Ela observa enquanto Lauren veste rapidamente suas roupas e devota sua atenção à pilha de pergaminhos em sua mesa. Seu olhar se deixa vagar pelas formas perfeitas da mulher em sua frente e um sorriso se forma em seus lábios.

Seus pensamentos são cortados com o calor que o toque de Loure causa em seu braço. A mais velha a puxa em direção à porta correndo pelos corredores.


Lauren

Corro em direção à parte principal da casa e vejo meu pai cercado de vários homens pertencentes ao governo, diminuo meus passos até um andar normal e cumprimento-os com um aceno simples.

Todos falam ao mesmo tempo sobre o que acabam de ver no céu, sei que não devo intrometer em conversas assim, mas meu conhecimento torna-se maior do que o dos homens em minha frente.

- Isso que veem é um eclipse - Digo com um sorriso no rosto, todos os olhares do local pousam em mim. - Estudiosos antes de nós determinam o eclipse como a união dos pares perfeitos, vejam, está tudo aqui nos pergaminhos, não há nada com o que se preocupar. - Digo pousando meu olhar em todos na sala, meu pai vem ao meu encontro e põe suas mãos em meus ombros.

- Você é sempre tão inteligente, mas há pessoas que não veem o mundo do mesmo jeito que nós. Estudamos e sabemos o significado que isso tem, deveria ser uma ocasião de grande festa, mas as outras classes pensam que nós causamos isso com bruxaria, tem centenas deles no portão lá fora prontos para atacar.

Subitamente o silêncio na sala se torna pesado demais antes que aos poucos todos voltem a discutir o que fazer a seguir. Sinto-me frágil e necessitada, procuro pela sala até encontrar o que faltava, vou de encontro a seus olhos cor de chocolate e me sinto melhor como se estar perto dela fosse o suficiente para apaziguar minha confusão.

Dirijo-me ao grande portão que divide a morada dos tenazes com o resto da cidade, subo as escadas ao lado do muro até chegar à beirada e fico sem ar ao contemplar a paisagem à minha frente.

Milhares de átomos e nêutrons preparando-se para algo nunca visto antes.

Guerra.

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