Capítulo 6

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A noite foi tranquila, mas passar horas acordada tinha sugado o pouco da energia que me restava. Eu estava um caco. Acordo as meninas assim que o sol começa nascer ao horizonte, era uma vista linda.

- Está na hora de irmos - sussurro baixinho. Freda se levanta bocejando e se espreguiçando, enquanto Aeerin fica resmungando sobre querer dormir mais.

- Você tá horrível - diz Freda.

- Obrigada, por nada. - dou um sorriso falso para ela.

- Posso tentar fazer algo, ainda tenho um pouco de magia sobrando - ela mostra as mãos em um tom brincalhão.

- Não. Podemos precisar dela mais tarde e estou bem assim.- o que era uma tremenda mentira, a cada minuto que se passava sem a Selene parecia que eu estava pior, nós estávamos desidratadas e sem energia. 

- Você que sabe.

Havíamos voltado para estrada que nos levaria a Lunaria, onde passamos por uma plantação de lavanda. Freda e Aeerin ficaram encantadas, elas correram entre as flores brincando, mas ainda seguindo a estrada.
Eu não conguia parar de pensar sobre aquela situação toda, uma bruxa, uma elfa, e uma loba inútil que agora eram fugitivas. Solto todo o ar que nem havia percebido que estava segurando e olho para as meninas que seguiam pelas flores.

Começo a sentir uns calafrios e de repente minha visão fica embaçada.

"Estava sentada na beira de um lago contemplando a vasta beleza da noite, deixando a luz da lua banhar toda minha alma enquanto a imensidão da noite cobria tudo ao meu redor. Estava em paz, pela primeira vez na vida eu estava tranquila.

Vejo meu reflexo sobre a água, mas não sabia se era realmente meu. A pessoa que eu via ali estava bem cuidada, os cabelos ruivos sedosos e havia um brilho nos olhos acinzentados que pareciam serem meus. Era realmente eu ali?
Tudo em mim estava diferente daquele reflexo, meus braços estavam magros de mais, meus pés descalços e machucados..

Lágrimas se formavam em meus olhos, mas por quê?
Não conseguia entender.
Ouço um barulho vindo de trás das árvores e me assusto quando um lobo preto enorme com os olhos verdes sai do escuro vindo em minha direção cautelosamente. Ele era maior do que todos os que eu já tinha visto e seu olhar era feroz como se estivesse pronto para atacar."

- Madson, ola??- abro os olhos e vejo Freda me encarando apreensiva.

- o que aconteceu?- olho ao redor e vejo que ainda estamos no campo de lavandas, mas agora eu estava deitada no meio dele.

- Você apagou, então eu e Aeerin te tiramos da estrada- diz ela apontando para onde eu estava, e me encara - você é leve como uma pena, até a Aeerin que é mais nova deve pesar mais que você.

- Não seja rude, Freda- diz Ari sentada no chão ao meu lado. Ela coloca a mão em minha testa e arregala os olhos - você está queimando de febre.

Tiro a mão dela de cima de mim gentilmente e me levanto cambaleando um pouco, mas logo recupero a postura. Minha boca estava seca e eu estava com frio, mas faltava pouco para chegarmos e eu precisava deixar elas seguras. 

Nunca quis realmente alguma coisa ao longo dos anos, depois que meu pai morreu eu sempre soube que jamais o teria de volta. Uma criança normalmente procuraria pelo amor da sua mãe ou dos pais, mas eu sabia que mesmo se eu chegasse a procurar não encontraria algo que nunca esteve lá.
Aquela alcatéia me ensinou o quanto as pessoas são hipócritas, todos sabiam o que acontecia lá em naquela casa quando meu pai não estava, preferiram virar as costas a uma criança e tachar ela de puta só porque sua mãe era. Mas eu não viraria as costas pra essas meninas como fizeram comigo, mesmo que eu quisesse que todo o resto fosse pro inferno eu não podia abandona-las. Cravo minhas unhas na palmas das minhas mãos e respiro fundo forçando um sorriso para elas.

As duas me olhavam um pouco tensas e até Freda parecia preocupada.

- Relaxem, está tudo bem.- digo tentando acalmá-las. Vou indo na frente enquanto caminhavam logo atrás em silêncio.

Havíamos caminhado por um bom tempo quando avistamos os portões da cidade, o que aparentemente era estranho porque a essa altura os rastreadores já deviam ter vindo atrás de nós... Haviam somente quatro guardas de vigia na entrada da cidade. 

- Ou somos muito sortudas ou tem algo errado- diz Aeerin.

Assim que os guardas nos avistaram vieram em nossa direção, mas não era como se tivéssemos nos escondendo deles. 

- Paradas aí! - diz um deles nos barrando no portao- revistem-nas. - ele faz um gesto com a mão dando ordem para o outro. Eles nos revistam e percebem que não havia nada conosco.

- Onde está sua sua matilha, loba? - diz o mais baixo deles.

As meninas trocam olhares apavoradas, eu precisava pensar em algo para sair dessa situação o quanto antes. Freda se pronuncia para dizer algo, mas a silencio no mesmo instante pisando em seu pé discretamente.

- Somos órfãs, perdemos nossos pais a pouco tempo e nossa alcatéia nos rejeitou porque seríamos um estorvo para eles e minhas irmãs ainda não se transformaram- digo para convencê-los 

Eles nos olham de cima a baixo tentando captar algum sinal de mentira, mas aparentemente não conseguem.

- Elas parecem inofensivas e duas até são crianças - sussurra um deles para o que parecia ser o líder que olha para a gente pensativo.

- Vocês estão com sorte! Hoje estamos comemorando os 150 anos do nosso Supremo, então a cidade está em festa. - diz o líder abrindo o portão - e parece que há vagas para novas empregadas na casa crescentes.

- 150??- corro para calar a boca de Aeerin, mas já era tarde. Um deles apenas diz.

- A linhagem dos supremos são diferentes de nós lobos comuns, ele pode ter 150 anos, mas é como se tivesse uns 27.- diz ele nos guiando pelas ruas iluminadas e enfeitadas da cidade que conforme a noite caia o frio que eu sentia por causa da febre intensificava.

As ruas eram todas intertravadas, as pessoas dançavam e bebiam por todos os cantos. Tudo na cidade parecia incrível. Assim que nos afastamos das ruas do centro da cidade passamos por árvores enormes e caminhamos uns 15 minutos até chegar em um portão de ferro grande com um lobo de pedra ao lado dele.

-Está é a casa crescentes- diz o guarda nos levando para uma pequena entrada ao lado do portão que deduzi que seria para empregados. Assim que entramos pude ver melhor, a casa era toda cinza em um design moderno e com detalhes e vidros pretos, a porta da frente tinha quase uns três metros ela era marrom madeira e suas maçanetas douradas.

Conforme íamos andando passamos por uma fonte e fomos para o fundo da casa e entramos por uma porta pequena.

- Uau, parece ter uns quinze quartos lá dentro.- diz Freda, surpresa 

- Apenas trinta - diz o homem, fazendo a gente se assustar.- venha vou levar vocês para a chefe que cuida dessa parte dos empregados.

- Por que está nos ajudando? - pergunto ao guarda curiosa

- Porque sei como é não ter um lar.

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