capítulo 8

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Passo as horas seguinte ajudando na cozinha tentando não pensar no fato do meu companheiro estar aqui. Termino de finalizar os últimos pratos que seriam levados para o salão, quando Dáila se aproxima.

- Você está se saindo bem, como se chama?- pergunta ela pegando um dos morango que eu estava usando para decorar os pratos, quando meu estômago começa a roncar porque fazia dias que não comia direito.

- Madson, senhora. Madson Ravens - digo desviando o olhar do morango que agora estava na boca dela. Ela me lança um olhar diferente que não consigo decifrar, talvez estivesse com pena?

- Está cansada? - pergunta ela esperando uma resposta, mas apenas nego com a cabeça - Os Crescentes descendem de uma linhagem pura no qual existe a milhares de anos, por isso chamamos aqui de casa crescentes que é onde nosso Supremo reside. Portanto, serei rigorosa quanto ao seu desempenho e não aceitarei nenhum deslize.

- Sim, senho.. - antes de eu terminar uma mulher bem vestida com cabelos loiros dourados entra bufando, ela era linda. Ela vem pisando dura em direção a Dália e esbarra em mim ignorando completamente minha presença.

- Dália, eu disse a você que hoje tinha que ser perfeito. Por que colocou pessoas inexperientes para servir o salão?- diz a mulher num tom alto e estridente, enquanto Dália permanecia tranquila.

- Elas causaram algum problema, senhorita Yara? - Dália pergunta calma, o que parece fazer a garota entrar em combustão.

- Só pode está de brincadeira comigo né sua velha?- a garota parecia querer arrancar a cabeça de Dália fora, e ela simplesmente permanecia inabalável e plena. - Quando eu virar Suprema Luna você estará na rua.

- Com todo o respeito senhorita, mas eu não trabalho para você. E mesmo que venha a se tornar Luna ainda servirei apenas a meu Supremo. - Dália responde com uma calma de matar, eu arregalo os olhos pensando em como ela teve essa audácia pois a garota parecia importante, mas a senhora de meia idade parecia não ligar.  A garota parecia tão surpresa quanto eu e seu rosto branco agora estava vermelho de raiva.

- Isso não vai ficar assim- ela sai da cozinha pisando forte. Eu ainda estava processando o que acabou de acontecer, na verdade, a cozinha inteira estava. Percebo que as pessoas haviam parado o que estavam fazendo para ver a cena. Dália suspira despreocupada.

- Voltem ao trabalho! - com isso o restante da cozinha retoma o que está fazendo como se nada tivesse acontecido. Termino de arrumar os pratos e coloco na bandeja para serem levados ao salão, mas o garçom que executaria essa tarefa não estava a vista então sobrou para mim levar os pratos.

Saio da cozinha carregando as bandejas com o máximo de cuidado para não derrubar nada, sirvo algumas mesas e sinto o cheiro dele mais forte e provavelmente ele também sentia o meu. Eu estava apavorada com a ideia de encontrá-lo, não precisava de alguém, mas por um momento... esquece!
Dou meia volta e vou servir uma outra mesa, mas me arrependo completamente porque a garota arrogante de cabelos dourados estava lá agarrada junto a...

"Meu" sussurra selene.
"Minha" uma voz masculina preenche meus pensamentos, era o lobo dele.

Ele era alto e tinha cabelos pretos com olhos verde safira, e seu corpo...puta que pariu! Por trás do smoking preto dele dava para ver sua fisionomia bem definida. Ele me encarava com raiva estampada em seu rosto.

"Não ouse dizer nada a ninguém ou eu mato você." Ele invade meus pensamentos, mas era diferente da voz que tinha escutado a minutos atrás.

"Luke, não vou deixar você fazer isso. Sabe o quanto esperamos por ela?" Diz o lobo.

"Calado, Deimos. Não vou tolerar ficar com uma empregada." O homem me lança um olhar mortal.

"Não pense que quero ficar com você, cresci sozinha e não preciso de ninguém" digo por fim.

- Ei serva, você é surda?- expulso eles da minha cabeça quando escuto Yara chamando - Sirva-nos!

- Sim, senhora. - me apresso para colocar os pratos em sua mesa e me forço a não olhar para a cara do cretino e acabo me atrapalhando.

- Anda logo garota, sirva seu Supremo. - olho assustada para a cara dela e volto meu olhar a ele. Escutei direito? Supremo?
Puta que pariu.

"Sabia que ele era importante" diz selene.

"Tanto faz, esse desgraçado arrogante não se importa e eu também não" digo brava enquanto sirvo o prato para ele sem encara-lo, mas sinto que ele estava inquieto.

" Ele realmente é um desgraçado arrogante" o lobo começa a rir como se aquilo fosse a melhor piada do mundo.

" Como entrou? Eu tirei vocês." Pergunto brava

"Calma, ele não pode nos ouvir dessa vez. Peço que tenha paciência com Luke" diz o lobo.

" Deimos, não vou deixar que ele nos magoe. Sinto o desprezo dele por nós, ele não percebe que isso nos machuca?" Diz Selene um pouco triste.

" Já chega disso, não me importo" digo a eles e termino de servir, mas eu me importava.

- Com sua licença, senhores- me curvo e saio dali depressa. Entro na cozinha e respiro fundo quando vejo Dália e vou até ela.

- Senhora, posso me retirar?

- O que foi? Sua cara está péssima.- ela se aproxima de mim, mas dou um passo para trás.

- Estou bem, eu só- ela se aproxima novamente e agarra meu pulso para eu não me afastar e coloca sua outra mão em minha testa.

- Você está queimando de febre!- ela diz calma, mas seus olhos mostravam uma breve preocupação.

- Não é nada demais, já estava assim quando cheguei.- digo e ela se sobressalta.

- Passou as últimas nove horas trabalhando assim?, Pelos céus!- ela me olha incrédula - Vá, pode ir descansar. Pedirei a alguém que lhe mostre seus aposentos.

- Obrigada, senhora- suspiro de alívio enquanto o ar queima meus pulmões, mas não demonstro. Dália manda um dos empregados me mostrar onde ficarei e sigo ele em direção a porta.

- Ei garota- ouço ela me chamando novamente e me viro para ver, ela me entrega uma caixinha com vários morangos- Suas irmãs ficarão bem.

- Obrigada. - com isso eu saio de lá e sigo o rapaz que estava me mostrando o caminho, passamos pelas laterais do salão de baile quando os olhos de Luke cruzam os meus brevemente, e então ele desvia o olhar.

Entramos numa porta dourada aos fundos e fomos para a ala dos corredores, quando o rapaz para e aponta para o quarto a minha frente e com isso vai embora sem dizer nada.

- Obri- pretendia agradecê-lo, mas ele já estava longe.

Entro no quarto e fecho a porta, ele era pequeno, porém aconchegante. No meio havia um tapete marrom peludo e a cama era bem espaçosa, parecia macia. Sinto algo escorrendo pelo meu rosto, então me dou conta de que estava chorando e não conseguia conter as lágrimas que caiam.

Meu corpo doía e tudo que eu havia segurado até agora não conseguia mais conter, caio no chão e abafo o grito que estava se formando em minha garganta. Deito naquele tapete macio e fecho os olhos.

" Ei..ele-" Selene tenta me falar algo mas corto nossa conexão, eu não queria escuta-la.

Nunca pensei em encontrá-lo assim e nem que ele fosse a porra do Supremo, eu nunca queria nem encontrar ele. Sabia que isso não iria terminar bem, mas ele não tinha o direito de me menosprezar assim. Quem ele pensa que é? Ahh, inferno de Supremo, inferno de febre, inferno de lagrimas..passo a mão pelos olhos tentando limpar, mas elas não paravam de cair. A raiva e a frustração tomam conta de mim e acabo adormecendo no tapete do quarto.

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