O Espectro

Príncipe insuportável

Fui coagido a me juntar ao tal príncipe Edward no almoço, eu sinceramente não suporto ele, parece que ele se acha superior, fica encarando com aquele olhar que parece julgar cada ação minha, é tão esquisito...

Edward: fui informado que você já está sabendo de como as coisas funcionam por aqui...

Diz ele com aquele tom frio e arrogante de sempre

Benji: fui sim, não graças a você

Edward: então?

Benji: então o que?

Edward: o que tem a dizer sobre isso?

Benji: o que quer que eu diga?

Edward: não sei, alguma coisa sobre o fato de sermos todos fantasmas, não te surpreende nem um pouco?

Benji: claro que surpreende, mas não tenho interesse em comentar nada com você

Edward: você é tão irritante, eu não sei aonde estava com a cabeça quando trouxe você, eu devia ter sido menos desleixado e procurado direito e não só pego o primeiro que apareceu na frente

Benji: concordo, eu não deveria estar aqui, com certeza você teria se dado bem melhor com a Kelly minha colega de sala, ela é insuportável e grossa assim como você

Edward: grosso eu? Como ousa se dirigir assim a mim?

Benjj: ouso sim, porque você é um metido e arrogante

Edward: e você é um pirralho chato, não acredito que gastei essa lua de sangue com você

Benji: me deixe ir embora e tudo se resolve

Ele se levanta de repente de sua cadeira e segue em direção a minha me puxando pelo braço em direção aos corredores

Edward: que seja então, quer ir embora, vamos embora, de todos os convidados que já tive você é o pior, só reclamou e me respondeu o tempo inteiro

Benji: convidado? Eu sou uma vítima em cativeiro como todas as meninas que você sequestrou no passado, se nenhuma reclamou de nada disso é porque provavelmente não tiveram coragem de enfrentar essa sua cara feia

Ele aperta meu braço com força nesse momento, não fiz questão nem de tentar soltar, ele se dirigia ao quartinho velho e se entendi bem as regras desse lugar era por onde eu sairia desse tormento, mas de repente o Chester surgiu vindo de um outro corredor e nos abordou

Chester: senhor aonde estão indo?

Edward: eu vou levar esse chato embora, isso nunca vai dar certo, ele não tem como ajudar

Chester: mas senhor...

Deu pra ver o rosto de decepção no Chester sumiu, sua feição ficou triste e melancólica, senti a mão do Edward folgar meu punho e ele fitou o chão por um momento soltando um suspiro

Edward: está bem Chester, eu tentarei mais um pouco por você e pelos outros

Benji: o que? Tentar o que?

Edward: Benjamin, sei que quer ir embora, mas eu e meus empregados ainda precisamos de você, então por favor, aceite ficar mais um pouco e juro que te levo embora o mais breve possível

Ele falou de forma gentil, mas isso não compra minha liberdade

Benji: não mesmo, você disse que eu ia embora, eu não quero ficar aqui

Edward: nem quando eu tento ser gentil você abaixa essa guarda não é mesmo? Pois saiba que não vai a lugar nenhum e me atormentar com grosseria e ofensas não vai me fazer te levar para casa

Disse o príncipe falecido elevando seu tom de voz novamente, como eu odeio ele, ele se retira do local me deixando para trás

Benji: seu fantasma de araque, espero que sua alma seja arrastada direto pro inferno

Fiz questão de gritar o mais alto possível, mas ele pareceu não ligar e apenas seguiu seu caminho sei lá para onde

Benji: você tem noção que ele está exigindo minha gentileza enquanto me mantém preso não é mesmo?

Chester: eu sei que isso não é fácil, mas por favor compreenda, precisamos de você

Benji: porque?

Chester: tá legal, eu não queria contar tudo para não ficar estranho, mas vai ser o jeito

Benji: desembucha Chester ou eu vou descobrir se fantasmas sangram

Chester: calma, basicamente o príncipe Edward tem que manter uma boa relação com um ser vivo para conquistar nossa liberdade

Benji: porque isso? Quem inventou essas regras?

Chester: não pergunte pra mim, é tudo coisa da anjo que apareceu aqui no primeiro dia, ela veio, nos disse onde estávamos, castigou o príncipe, explicou como funcionava a viagem ao mundo dos vivos, como conquistariamos nossa liberdade e nunca mais apareceu

Se anjos existem porque estão me fazendo passar por isso? Eu não mereço esse castigo, se anjos existem será que o céu é real? E Deus? Melhor não pensar muito se não minha cabeça explode, vou me focar em sair daqui e deixar pra entender o pós vida depois que eu morrer, é isso

Benji: pois avise seu mestre que ele vai precisar de outra pessoa pra ter uma boa relação, porque eu vou sair daqui

Chester: boa sorte com isso, só o príncipe pode abrir o portal naquele quartinho velho

Benji: eu odeio esse lugar...

Chester: pois trate de procurar algo pra amar aqui, porque não parece que você vai embora tão cedo

Ele diz isso saindo do meu campo de vista, deve ter outra saída, só tenho que conhecer bem o lugar, isso é um castelo mágico num limbo mágico, tem que ter outra saída mais acessível, sigo explorando o enorme castelo e vendo vários quadros, mas qualquer pintura que deveria aparecer os dois príncipes estão com os rostos rasgados, o que será que aconteceu?

Bonnie: então você é a tentativa da vez?

De repente uma voz estranha aparece ao meu lado, me assustei tanto que gritei alto

Bonnie: não queria te assustar, sinto muito

Benji: tá tudo bem, eu só estava distraído

Bonnie: Benjamin é seu nome não é mesmo?

Benji: pode me chamar de Benji, mas como sabe?

Bonnie: não se fala de outra coisa por aqui, eu sou a Bonnie

Benji: belo nome...

Ela era estranha, era uma jovem moça que deveria estar na casa dos 20, era ruiva e usava o cabelo numa trança longa, por algum motivo ela usava um grande chapéu mesmo estando dentro do castelo, e minha nossa, ela tinha olheiras pesadas, ela precisava dormir urgentemente

Bonnie: eu vou indo, te vejo por aí...

Benji: ok, até mais então...