Capítulo 22 - Premiação

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  Namoralzinha, na seriedade mesmo, esquece todos os questionamentos e dúvidas da Alexssandra recentemente de novo (ela não vai sacar de primeira mesmo) e concorde nesse ponto: qual a necessidade de perder 15 minutos pra se arrumar? É torturante esperar tudo isso para uma entrega de medalha que dura uns 10 segundos. Devia ser mais rápido para acabar agora, entretanto outro momento de tortura surge no caminho: a espera.

  Será chamado um por um para a premiação, o participante e seu respectivo treinador, num extenso simbolismo cerimonial. O fato de Alexssandra ter ganhado significa que ela é a última a entrar.

  E isso está gerando certa apreensão nela. Coisa pouca, mas não deixa transparecer para Yasi, que está ao seu lado.

  Ambas estão combinando na vestimenta, nada de traje de combate dessa vez, apenas uma simples calça e jaqueta ilustrando como uma única peça a bandeira de Aurum.

  O discurso de algum presidente — provavelmente de alguma Metrópole do leste por que só eles que usam esse termo atualmente — acaba e o que ele disse é desnecessário comentar.

  Inicia a entrega das medalhas, chamando o terceiro colocado. Só que cadê o terceiro? Cadê a Thalia Lills?? Ela sumiu, não acharam ela nos arredores da arena.

  Deve que fugiu e deixou o treinador dela sozinho para receber a medalha das mãos do conselho-chefe de Ferrum. Pena pra ele, já que acaba de sair das cortinas para ser recebido com o bronze. E ele não parecia muito feliz, pelo contrário, parecia temer algo.

  Alexssandra bem que podia dar uma espiada pra ver o que está acontecendo, mas claro que ela não faria uma coisa dessas. Concentrada na calmaria como tá, indo em vindo nos devaneios do pensamento, achando que pode deduzir quem seria a mulher de preto e misturando lembranças dela com Edmond.

  Quando o segundo entrou, Yasi embasa os pensamentos dela.

  — Será que o Chanceler vai se sentir ofendido seu eu não fazer a reverência? — pergunta olhando a premiação da prata.— As histórias que meu povo conta fala que o Chanceler punia quem não fazia a reverência. É considerado uma ofensa sem perdão.

  A realidade do passado que virou história nas mãos dos oprimidos.

  Quis garantir a tranquilidade para ela.

  — Não se preocupe, meu pai não ficará ofendido e muito menos te punir.

  A colega de dupla parece entender.

  — O Chanceler tem benevolência. Espero que apresente o mesmo quando estiver no lugar dele.

  Ih citou um assunto delicado.

  — Não pretendo assumir esse posto — corrige Alexssandra.

  Yasi fica perplexa seguindo a clássica expressão de perplexidade.

  — Como não? As leis dizem que o sucessor do Chanceler é o primogênito do sangue dele. — Parece que o Mark esqueceu desse detalhe quando tomo..... quer dizer, ocupou democraticamente o poder. — Então é seu destino assumir. É o seu futuro.

  Não. Eu que vou decidir o meu futuro.

  Iludida demais coitada. Esqueceu que a mensagem do anel ainda é vigente.

  O áudio trisca, mas chama por elas antes que Alexssandra pudesse lançar uma resposta contrária.

  Chegou o momento das vencedoras.

  Seguindo na ordem simbólica, Yasi entra primeiro, acenando para as palmas e gritos dos milhares de pessoas presente e pros milhões assistindo. Alexssandra entra em cena na sequência, com acenos pontuais, aumentando a sonoridade provocada pelo público, grato pelo espetáculo que ela ajudou a proporcionar para eles.

  A ida ao pódio é acompanhada por uma melodia a capela de timbre grandioso, demostrando honra e conquista. Todavia, ela repara mais em algo lá no alto, perto da pira olímpica, tremulando acima dos picos das chamas. Repara num evento que não via constantemente. As bandeiras de todas as Metrópoles, exceto a de Aurum, estão sendo abaixadas naquele momento. E não até meia-haste, e sim retiradas totalmente dos mastros ao chegarem na base. Ficando a bandeira da Metrópole vencedora balançando ao ar lá no topo.

  Mostrando ali vários significados. Talvez sendo o mais importante que, naquele instante, Aurum está acima de todas as outras Metrópoles.

  Deixa de notar essa mensagem e passa a se preparar em subir no pódio, no entanto, antes disso, a primeira fagulha emocional toca ela de jeito e precisa se segurar com tudo que tem para não deixar vazar. A visão traz uma lembrança que fica nela.

  O pódio é todo decorado na cor branca, igual ao desenho de Edmond, na verdade, tudo isso está representando aquele desenho. E isso destrava as emoções internas dela.

  Alexssandra conseguiu realizar o plano desenhado pelo amigo. Se um dia foi o desejo dele, ela o cumpriu hoje. E ela fez isso por ele.

  Reconheceu que está completando o pedido no segundo que pisa na superfície mais alta do pódio, no espaço dedicado ao primeiro lugar, vendo o imperador de Partenon trazer as coroas de louros e o pai as medalhas de ouro.

  Prendeu as lágrimas no fundo do olho para ver Yasi, num degrau um pouco inferior ao dela, mesmo ganhando também, receber a coroa e a medalha de forma merecida, pois sem ela, com certeza Alexssandra teria um destino pior nas mãos da arqueira Ully. A treinadora agradeceu com murmúrios na língua antiga.

  Pensou também o que seria dela sem a ajuda de Yasi e logo parou. É a vez dela agora.

  Inclina a cabeça após Mark passar satisfação através da aparência de formalidade, sente a oleosidade da coroa, fica realizada com o peso da medalha recebida e é contemplada com uma chuva de palmas vinda de todos, desde o público até os líderes das Metrópoles e os treinadores e o competidor que completa o pódio.

  Todos celebram a vitória dela.

  E a vitória de Aurum.

  Confetes são disparados neles ao fundo do hino da Metrópole, que começa a tocar enquanto fumaça colorida pintam o ar após saírem dos fogos de artifício, que voltam a explodir no céu noturno.

  Deixa o círculo dourado na palma da mão e observa os detalhes, um guerreiro clássico dos tempos da antiga civilização do ocidente segurando uma tocha em chama ardente numa mão e na outra sustenta os arcos olímpicos. Na outra face encontra o brasão de Partenon junto do ano atual e a edição.

  Uma edição que sempre lembrará. Foi um evento que homenageou alguém importante e tirou o gosto amargo do vice da treinadora.

  No meio do bater de palmas, Alexssandra estende a mão para Yasi e acena com a cabeça para ela subir. As duas ganharam juntas, nada mais justo elas estarem juntas no topo do topo. O piso tem espaço para as duas ocuparem e a treinadora aceita, segurando a mão dela e as duas ocupam o lugar mais alto do pódio juntas. Lado a lado. Sendo foco para todos ver, tirar fotos e serem transmitidas pelo globo inteiro.

  Como forma de representar a parceria vitoriosa, levantam os braços ao mesmo tempo, para cima, brevemente, apontando para o céu, fazendo Alexssandra perceber uma estrela brilhante em meio as explosões coloridas. O brilho é forte e constante, querendo que toda a sua luz iluminasse aquele momento. Provocando os pensamentos mais distantes. Terminando com tudo.

  O brilho daquela estrela me lembra o brilho da sua alegria.

  Sei que está alegre pela minha conquista. Eu consegui, realizei o pedido que não teve tempo de me convencer a aceitar. Eu venci pensando em você para me dar forças, junto da minha mãe para me guiar.

  E agora você me parabeniza com esse novo brilho. Eu adorei.

  Esta medalha pertence a você, porque é o verdadeiro vencedor. Sempre foi. Do seu jeito divertido.

  Algumas lágrimas desgarradas escapam dela novamente.

  Sinto saudades do seu jeito. De você. Todos os dias!

  Mas agora vejo que vai estar comigo com o seu brilho.

  Portanto, essa conquista é para você Edmond.

 

  Meu eterno amigo.

A Princesa e o Passado do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora