Capítulo 01

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 "No silêncio profano da paróquia, segredos ocultos se agitam."

Um trovão rompeu o céu acinzentado com nuvem grossas, o dia estava gélido em Dressrosa, quando um vento frio soprou fazendo S/n soltar o ar de seus pulmões olhando para baixo no fim do penhasco. Observava as águas turvas e salgadas do mar agitado quebrando entre as paredes rochosas, fazendo as ondas se dissiparem em uma dança sombria e perpetua. Mais uma vez o vento seu algoz soprou, ela suspirou tentando arrumar seus fios rebeldes, que saiam de sua touca clériga já velha e porosa de tanto usar. Desde O dia que seu Tio Rules, a buscou no orfanato depois que seus pais morreram. Foi ensinada a ser uma mulher reservada e discreta como os dogmas das igrejas tatuados em sua mente e alma, qualquer quebra deles um buraco se abriria e o diabo vinha buscar sua alma para torturar no inferno. Seu tio sempre fazia terror psicológico na sua mente, sempre cometia um erro a julgando como se de alguma forma ela fosse uma amaldiçoada.

Ela não tinha raiva do seu tio, ele também caiu em uma vida nova criando uma criança como um padre regional. S/n lembrou que ele não tinha ideia do que fazer para cuidar de uma menina, mas, deu seu melhor no ponto de vista dela. Ele foi um bom pai, pena que ele teve que ir embora tão cedo com a endemia de tuberculose que se espalhou pelas redondezas, quando seu tio fazia um trabalho evangelístico pegou a doença, e há uma semana atrás ele morreu. S/n juntou suas mãos, sentido sua visão embaçar com as lágrimas teimosas que escorriam pelo seu rosto descascado do vento frio, sentindo uma saudade dos momentos divertidos que teve com seu pai Rules.

Sentiu sua cabeça doer um pouco, massageou suas têmporas, olhou para o céu mais uma vez antes de girar pelos calcanhares fazendo seu vestido voar. Caminhou pela trilha de pedras que seguia em direção a paróquia, de longe olhava para a magnífica construção magnífica. Andou pelos campos frios de Dressrosa, chegando até o jardim da paróquia, seus olhos se elevaram para a arquitetura melancólica, mesclava com o tempo que começava a escurecer. Parou no corredor aberto da igreja ouvindo o trotar dos cavalos na entrada da igreja. S/n lembrou-se que o novo padre chegaria perto do fim da tarde.

Seus passos lentos seguram para entrada, olhando para a velha senhora que estava parada nos degraus da escadaria, a mais nova deslocou-se para o seu lado com um mínimo de sorriso nos lábios. A bela carruagem negra parou na frente delas. Era grande com detalhes em dourado com o logo da sede que ficava na Itália, a porta se abriu uma bengala saiu primeiro com uma grande mão enluvada, depois um homem vestido de batina emergiu aos olhos das duas mulheres que se curvaram diante dele em respeito.

Ela ficou curiosa, seu rosto estava coberto e mal dava para ver como era o padre. Tudo que S/n notou foi sua altura e seu corpo grande e masculino. Um estranho arrepio poluiu seu corpo, sentido a uma grande necessidade de se aproximar, era como se algo intenso a puxasse de encontro ao homem a sua frente. Mas, aquilo estava errado, ele é um homem de Deus, e devia ter respeito. Como seu tio a ensinou, ela poderia ir para o inferno por conta disso. Balançou sua cabeça tentando afastar seus pensamentos libertinos.

Um trovão rompeu no céu clareando a noite que se fazia presente. O padre estava parado na frente das mulheres, olhando com uma apatia e desinteresse até o vento inconveniente soprar trazendo para suas narinas um doce aroma, cheiro que lembrava Dálias negras. Seus dedos agasalhados apertaram o apoio da bengala quando olhou para a dona do perfume, sua atenção seduzida como uma mosca a uma planta carnívora. Deslizou seus olhos cobertos pelos óculos que usava parando na bela figura ao lado da velha senhora. Ela tinha as profundezas das pinceladas de Caravaggio ou Rembrandt! Era como uma pintura viva, o padre respirou e olhou negando a verdade sarcástica na sua frente.

— Bem-vindo Reverendíssimo! — Elas falaram em uníssono, o misterioso homem só acenou com a cabeça para as duas, sem muito interesse.

— S/n querida, vou deixar você agora! — A voz da velha Beatrice fez os dois virarem suas cabeças na direção dela, que apenas acenou caminhando para longe dos dois, já tinha ajudado a mais nova e estava ficando tarde.

Sacrilégio - Imagine Donquixote DoflamingoOnde histórias criam vida. Descubra agora