Capítulo 04

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No topo de uma das torres decrépitas e abandonadas da paróquia, uma coruja piou. Ecoando pela noite, prenunciando o início de sombras mais profundas e nefastas. S/n passou boa parte interna de seu pulso na sua testa limpando o suor que se formava, enquanto amassava uma massa de pão caseiro para o jantar. Ela suspirou com seus pensamentos ainda perdidos e perturbados com a morte da amiga há dias. Misturando-se com a sensação opressora, densa e perigosa do padre Doflamingo pairando à sua volta como lobo selvagem. A mulher estava pálida, suas noites eram inquietas com sonhos, aterradores e quentes com o padre. Seus pensamentos se fragmentavam entre o sacerdote lembrando ainda da sua língua sobre seu íntimo, a deixando entorpecida por alguns minutos antes de voltar a realidade esfregando uma perna na outra.

Às vezes seus sonhos viraram pesadelos, com algum algoz que usurpava suas vítimas, e para piorar não conseguia mais ver os rostos das pessoas em seus sonhos, tudo em um borrão assustado.

Ela parou de sovar a massa, sentiu um ar gélido em seu pescoço. Seu coração batia violentamente contra seu peito, zumbindo em seus ouvidos. Duas grandes mãos pálidas com veias azuis e roxas saltadas estavam lado a lado segurando a pia de granito preto onde preparavam as refeições. O corpo duro e frio atrás de si, sentiu algo gélido roçar na sua nuca, lhe causando arrepios, sentido seus seios endureceram com a presença diabólica que Doflamingo tinha.

O padre arrastou seus lábios sobre a pele quente da humana sobre seu domínio, ele riu quando o arome salpicou suas narinas.

— Seu cheiro é tentador, ainda mais quando está com medo. Ovelhinha. — S/n, ofegou sua mente também se perdia em seus pensamentos depravados com ele, mordeu seu lábio resgatando em sua mente o quanto ele lhe deu prazer no dia anterior. Tentou empurrar aqueles lembretes que surgiam como larvas vulcânicas, escorrendo pela terminação nervosa de seu corpo.

Em suma, Doflamingo era fascinante como uma estátua de mármore de um diabo, em Liége. Ele a arrastava lentamente para uma sensação execrável, algo pungente. Suas mãos desceram tocando a cintura feminina emitindo vibrações dúbias, que cortavam e arrepiavam a derme da mulher.

― Isso é errado padre ― falou em um fio de voz, escutando sua risada de divertimento. Ele a virou segurando seu rosto com seus dedos frios, seus olhos azuis possuía uma fagulha depravada, impura e errática para um servo do senhor. As órbitas impuras do homem a banhava com sua própria corrupção, como se sua alma aos poucos se tornasse sombria como ele.

― Ninguém precisa saber, ovelhinha! ― Ele desceu seu olhar para os lábios que tremiam, os olhos femininos tinha um desejo que ela tentava a todo custo máscara. ― Sei, que quer repetir. — E ela queria, contudo não podia, ele era um padre.

Tentou se afastar dele, porém a puxou para mais perto um choque escorregou pelo seu corpo, quando seus olhos glaciais se encontraram outra vez. As vozes que dançava na sua mente mandavam ela fechar seus olhos. Já era tarde demais, estava dominada pelo homem, carrasco que fazia o pecado ser apenas um detalhe.

"Renda-se." — Seu pensamento berrou, empurrada mais contra a pia ele levantou seu rosto, seus lábios tocaram-se e um bolor formou-se no seu estômago. Um frio amaldiçoado a abraçou quando as mãos do padre deslizaram pela sua nuca. A respiração de S/n ficou profunda quando via aos poucos se entregando ao dominador. As batidas altas e fortes do seu coração a deixaram em transe, o barulho dos passos despertaram Doflamingo do seu mundo pecaminoso

Doflamingo ajeitou seus óculos, escondendo seu ódio do humano que estava atrapalhando seu momento com sua companheira. Mas, ele teria a eternidade para provar de seu sabor, e macular seu interior virgem.

Sacrilégio - Imagine Donquixote DoflamingoOnde histórias criam vida. Descubra agora