CAPÍTULO 7

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JADE ORTIZ


       — Isso é muito ruim. — faço careta.

       O príncipe ri, observando meu desagrado pela comida. Estamos em um restaurante, um local reservado para o herdeiro da coroa. As pessoas não tinham acesso a esse lugar, apenas funcionários. Era muito elegante, enquanto estou de calça jeans, tênis e casaco. Adrian está com sua roupa da realeza que, por sinal, valoriza bastante seu corpo.

        — O que é isso? — mexo no pedaço estranho, com o garfo.

       — Isso é polvo. — ele revela.

       — Ah, não. — pego o guardanapo, levando aos lábios.

       — Mas o nome do prato era tão bonito!

       — Você escolheu por conta do nome e não observou os ingredientes. — segura o riso.

       — Parece borracha, Adrian. Como vocês comem isso ? — pergunto, abismada.

        — Gosto bastante. — afirma sorrindo e volta a comer.

        Observo sua boca mexer, mastigando a comida com calma. A careta continua, pego o cardápio e olho atentamente. Eram tantos nomes elegantes que não consigo distinguir o que seria melhor.

        — Precisa de ajuda? — o príncipe se oferece.

       — Por favor...— entrego o cardápio.

       — Que tal, calamares de la romana?— ele indica.

       — Hum, parece bom. O que é? — fico curiosa.

        — Lula frita com ingredientes finos.

       Cruzo os braços, estreitando os olhos. Ele só pode estar de brincadeira. Pelo sorriso nos lábios, percebo que faz isso de propósito.

     
      — Acabo de comer polvo, agora você me oferece Lula? É trocar seis, por meia dúzia.

       — Você vai gostar. É um prato típico espanhol.

      Depois de muito insistir, aceito. Não demorou muito para que o chefe venha nos servir pessoalmente. Olho para o prato, pequenas argolas fritas. Está muito bonito, então, decido provar mesmo que receosa. Mas, para minha surpresa, a comida está deliciosa, o preparo parece diferente.

      — Realmente, está muito bom. — afirmo, fazendo-o ficar satisfeito.

      Comemos tranquilamente, seguido de vinho tinto. Tomei umas cinco taças pois não é todo dia que posso apreciar uma garrafa que equivale a um bom carro. Isso me fez rir toa, ainda mais quando veio a sobremesa e o sommelier me indica mais um vinho, dessa vez branco, para acompanhar.

       — Queria falar sobre o que aconteceu ontem...bem...— ele começa a tocar no assunto.

      — Ah, não. Bobagem, não foi nada! — desdenho, mas, não penso assim.

      Tento disfarçar. Tomo um gole do vinho branco, lambendo os lábios, que delícia. Quando olho para Adrian, ele está com o olhar fixo em minha boca. Levo os dedos até ela, tentando saber se tem algo ali.

      — Está suja? — pego o guardanapo, passando sobre ela.

      — Ah, não, não... — ele também leva a taça aos lábios.  — O formato da sua boca, é muito bonito.

      Meu rosto cora, e sinto que ficou quente. O vinho parece dar um calor imenso, sacudo o guardanapo, abanando o meu pescoço. O olhar do príncipe está intenso, em minha direção, esse vinho parece despertar algo muito estranho. Remexo na cadeira, nervosa, seu olhar aquece meu rosto, como brasa a queimar.

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