CAPÍTULO 8

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PRÍNCIPE ADRIAN

       Chego ao Palácio de mau humor. Estou me sentindo estranhamente irritado. Tentei usar de alguns artifícios para seduzir Jade, mas ela parece ser tão inocente a ponto de não enxergar. Sou acostumado com mulheres tirando suas roupas assim que ordeno, mas ela parece uma muralha e, justamente, o que eu não faço com ninguém, fiz com ela, ou seja, a  beijei.

      Caminho pelo corredor em direção ao quarto a passos firmes. Minha expressão demonstra o que estou sentindo, no entanto, quando já estou prestes a entrar no quarto, o cão de guarda da minha mãe vem em minha direção.

      — Alteza, a Rainha Angeles organizou uma viagem para a casa de campo. Ordenei que preparem tudo, pois partirá amanhã.

       — Minha mãe está lidando comigo feito um fantoche. — reclamo, bastante irritado.

       — São ordens, Alteza. Fui enviado para lhe passar o recado. Com licença. - Ele dá as costas.

       Eu fecho os punhos e sinto meus olhos arderem de raiva. Odeio me sentir controlado por minha mãe, por esse motivo, vou contra todas as suas vontades. Caminho apressado em direção ao jardim, tendo certeza de que ela estaria por lá a essa hora. Olho para trás, vendo o guarda e também meu assessor me seguindo.

       — Saiam, me deixem sozinho!— grito.

       Chegando ao local, a observo cortando algumas rosas. Minha mãe costuma fazer isso constantemente, levando flores naturais para decorar o quarto do meu pai, há muitos anos.

       — Ah, oi querido. Soube da sua visita, fiquei muito contente. — sorri.

      — Que invenção é essa de casa de campo? Eu odeio aquele lugar. — reclamo.

       — Você não achava isso quando era mais jovem. — ignora e continua cortando as flores.

      — Não sou mais uma criança!

      — Mas será um rei!— afirma, irritada. 

      — Um rei deve fazer muitas coisas contra a sua vontade. Isso é um pedido do seu pai, a casa de campo está abandonada e ele adora aquele lugar.

       Olhei fixamente em seus olhos, mas fiquei em silêncio ao ouví-la falando do meu pai. Respiro fundo, dando as costas sem dizer nada. Decido, então, visitar o rei.

       Minutos depois, chego ao quarto onde ele fica. Sou anunciado e entro imediatamente. Ele está jogando xadrez sozinho. Sento-me à sua frente e observo as peças no tabuleiro.

        — Me acompanha, filho?— convida, visivelmente fraco.

       — Sabe que não sei jogar, pai. — respondo, desapontado.

       — Deveria! — me olha, pensativo. 

       — Há muitas coisas que você já deveria saber.

       Sinto o baque com suas palavras. Engulo seco, abaixando o olhar, analisando as jogadas demoradas que ele dava. Desde que ficou doente, tenho me sentido péssimo, mudando drasticamente meu comportamento, beirando quase à uma revolta por não ver meu pai ativo, como era antes. Não está sendo fácil para mim, lidar com sua fragilidade.

       — Tive ordens para ir à casa de campo.— falo baixo, tentando me certificar.

      — Sim, nada que nos pertence deve ficar abandonado. Quero que você cuide de tudo, pois, assim como estou lhe deixando, você deixará para seus futuros herdeiros. — fala baixo, cansado.

O ACORDO REALOnde histórias criam vida. Descubra agora