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O único inimigo de João era o próprio Ronaldo. Desconfiado que João descobrira suas trapaças, Ronaldo resolveu se livrar dele. Só não podia imaginar que João decidira fazer o mesmo.

Relendo os relatórios (em braile), algo se tornara importante: num dos bolsos de Ronaldo havia uma chave solta. Era da porta da casa de João, uma terceira cópia, além das que Anita e Renata possuíam.

'A' mata 'B', porém 'B' já havia preparado a morte de 'A'...

— E quando ele fez isso?

— Na terça-feira de manhã.

"Anita de folga, João saindo cedo... Antes de ir para a fábrica, Ronaldo abre a casa do sócio, troca a lâmpada, furta os antialérgicos e depois coloca aspirina moída dentro do copo. Vendo o outro copo, deixa-o lá, pois isso levará a imaginarem que alguém esteve com João, envenenando-o, enquanto ele próprio terá um álibi. Supõe que ninguém irá imaginar que a aspirina já estivesse no copo previamente. À noite, quando João tomar o drink fatal, Ronaldo pretende estar jantando sossegadamente em algum restaurante. Ao ir para a fábrica, porém, é morto por Zezinho.

"No fim, o próprio João acaba garantindo a Ronaldo um álibi mais do que perfeito. Enquanto João morre, supostamente envenenado por alguém que bebe com ele, Ronaldo jaz num caixão, com várias testemunhas a confirmar."

Luz concluiu:

— Foi ação e reação! O efeito de um bumerangue, daqueles de brinquedo, que você atira e ele volta para você (já me disseram que é assim, nunca vi): partiu de João para atingir Ronaldo e acabou por voltar a João, atingindo ele próprio. Luc adoraria brincar. Não é mesmo, Luc?

O cão latiu, abanando o rabo em concordância.

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Elouan Luz, o Detetive CegoOnde histórias criam vida. Descubra agora