Marcas de revolução

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Argentina acordou com um peso sobre todo seu corpo. Apesar de estar meio confuso, lembrou-se da noite passada. Quase imediatamente um sorriso se formou em seus lábios. Ele se levantou da cama cuidadosamente, para não acordar Brasil, que ainda dormia. Ele lembrava Leche, o gato tricolor do argentino, que dormia enrolado nos cobertores de sua casa. Argentina sentia muita falta do gato, que agora estava sob os cuidados de Buenos Aires.

Depois de trocar a roupa do dia anterior e tomar um banho, ele foi até a cozinha, para fazer o café da manhã. Enquanto pegava os pães, sentiu um aperto na cintura, que só podia ser causado por uma pessoa.

-Primeramente, buenos días, ¿donde estan sus modos?

-Morreram.

-Que dice?!

-Morreram de amor por você.

Argentina sentiu as bochechas queimarem, enquanto tapava o rosto com as mãos. Brasil começou a fazer cosquinha no argentino, fazendo-o rir alto, e consequentemente tirar as mãos do rosto. Brasil sentia-se atordoado pela visão. Como caralhos alguém pode ser tão lindo? Como eu ignorei ele por todo esse tempo? Como eu não percebi, meu senhor?!

Enquanto isso, o argentino correu para o sofá, tentando escapar das garras do moreno, que não demorou muito para sentar-se ao lado dele, e o abraçar, como se a vida dele dependesse disso.

-Perro.

-Sí, tu perrito hermoso.

-¡Cállate hombre! ¡Literalmente nos besamos por primera vez ayer! ¡Ayer!

-Foda-se. Lindo.

-Ay dios mio. Você sabe que a gente prescisa conversar... Sobre ontem.

-Mas não tem que ser agora.

-Boludo. Continua adiando os eventos da sua vida desse jeito pra você ver. Eu tô falando sério.

-Blá blá blá. A gente vai conversar. Hoje. Mas agora não. Agora eu vou te ver fazendo café da manhã abraçado em você igual uma preguiça.

Argentina se levantou e foi até a cozinha para continuar o que já tinha começado, passando manteiga nos pães e em seguida colocando-os na frigideira. Enquanto isso, Brasil abraçava o argentino de costas, com a cabeça apoiada no vão entre o pescoço e o ombro do loiro. Ele aproveitava o cheiro de creme e perfume que nunca saía do pescoço de Argentina, que também gostava de sentir o brasileiro por perto. Agora, ele fatiava algumas frutas separadamente, morangos, bananas, e até uvas. Depois colocava tudo em um palito e mergulhava em chocolate.

-Brasil, voc... Oh, mon Dieu... Ce qui s'est passé...? Eu sabia! -França parecia ter acabado de tomar uma injeção de adrenalina, enquanto dava pulinhos e corria pela casa.

-Oi França. Primeiramente bom dia (Argentina olhou para ele com uma certa ironia ao ouvir a segunda frase).

-Oui, oui, bonjour. Agora me explique o que aconteceu aqui. Eu presciso saber.

-Esse corno chegou bêbado ontem a noite aqui em casa, falou que me adora, que sou incrível e maravilhoso, a gente se beijou, eu falei que também gosto dele por que ele é lindo e outras coisas e a gente foi dormir abraçado. Agora eu acordei e estou abraçando ele. Foi isso.

-Eu, não, acre-di-to. Caralho. Putain. Eu vou morrer. -França ainda não acreditava no que vai.

-Vai sim. E o café da manhã tá pronto meu queridíssimo. Bora comer.

Todos se sentaram a mesa, conversando e rindo da rivalidade, e de como eles claramente viviam entre tapas e beijos. Foi tudo leve, e eles facilmente se deixavam-se levar pelo clima feliz. França sairia para a praia com Croácia, Estados Unidos, Rússia, Venezuela e Colômbia ainda naquela manhã, então saiu mais cedo que o esperado, deixando-os sozinhos na casa. Obviamente, o francês não queria ser empata-foda, ou sabe-se lá o que ambos fariam com a privacidade concedida pelo amigo.

-Princesa...?

-O quê?

-Vamos assistir um filme? -Brasil fazia aquela cara de quem iria aprontar.

-Só se você não fizer nada do que você está pensando que vai fazer comigo nesse exato momento. -Para a tristeza de Brasil, o loiro havia aprendido a lê-lo como um livro aberto. Não que ele não fosse. E claro que o argentino adorava estudar cada vez mais aquele livro, por mais que muitas vezes fingisse que não.

Ambos voltaram para o quarto rindo da própria situação, e ignorando, pelo menos por um segundo os problemas dos próprios países.

-Vamo' assistir Barbie? Pode ser a escola de princesas, eu tenho uma toalha desse filme.

-Brasil... Você acabou de dizer que tem uma toalha da Barbie...?

-Isso aí, e já que você não reclamou do filme a gente vai assistir. -Argentina podia jurar que o moreno estava brincando, mas quando vou ele pesquisando Barbie na TV, teve certeza que tinha beijado um louco. Brasil selecionou o filme e se deitou no colo do argentino, deixando-o corado. Quase na metade do filme, o brasileiro já estava dormindo. Enquanto acaricia vai os cachos do garoto no seu colo, Argentina pensava o que ele tinha feito mas vidas passadas para merecer algo assim.
Ele nunca pensou que teria uma pessoa assim na vida dele. Afinal, o que ele tinha de especial? Porque alguém iria prestar atenção nele? Argentina nunca acreditou em amor a primeira vista, muito menos em final feliz, e agora, lá estava ele, com o maior rival da vida dele deitado no seu colo, dormindo. O universo pode nos surpreender as vezes.

-Cariño?

-Oi.

-Você é muito lindo, é sério.

-Você não para né?

-Não.

Enquanto observava Brasil, Argentina percebeu algo no antebraço do garoto em seu colo.

-Brasil? Que cicatriz é essa aqui?-A expressão do brasileiro mudou quase que imediatamente, se transformando em uma tristeza camuflada quase imperceptível.

-Eu prefiro não falar sobre isso.

-Olha... Eu quero saber. Quero te ajudar.

-Eu... não dá pra ajudar agora. E mesmo que você pudesse ajudar, já passou.

-A gente já conversou sobre confiança? Porque eu acho que já tá na hora de confiar em mim. E eu também preciso confiar em você. Eu não sei que tipo de relação esquisita a gente tem a partir de agora, mas eu... a gente precisa confiar um no outro, mais do que nunca. Se você realmente não quer falar sobre isso, tudo bem, eu entendo, você não precisa contar, ou falar sobre. Mas quero que você saiba que eu sempre vou estar aqui pra você.

-Eu... eu confio em você. Eu só não quero que você se preocupe, porque já passou.

-Ei. Tudo bem. Relaxa corazón.

-Tá. Essas marcas aí são do período colonial, as que você tá segurando. Tem outras que são da ditadura. Eu era muito novo pra entender o que estava acontecendo. Quando eu nasci, ainda existia escravidão. Não era tanto quanto antes, porque eu nasci praticamente na metade do século (1500). Algumas são de quedas que eu sofria. -Ele deu um sorriso nostálgico. -Outras são de situações que eu me metia com os donos dos casarões. Portugal geralmente me defendia, mas ele nem sempre estava lá.

–Eu só quero que você saiba que eu sempre vou estar aqui pra você...

–Mas tá tudo bem.

–Eu sei... É só que... Eu gosto muito de você. Eu me importo. Porque você é importante pra mim, só quero que saiba disso. Eu sempre vou estar aqui pra conversar. É... Acho que é isso.

Oiii, voltei, finalmente meus amores, espero que vcs estejam bem!

(ESQUECI DA ESTRELA CARALHO, QUE ÓDIO)

⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

pronto👍













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