Até que a vida e a morte nos separe

Capítulo 10

Lucas saiu da quadra de esportes com sentimentos mistos. Gabriel, se despediu rapidamente, dizendo que precisava ir embora, mas prometeu vê-lo por aí. Embora feliz por tê-lo encontrado novamente, Lucas ficou intrigado com a atitude repentina de Gabriel. Mesmo assim, não podia negar a conexão que sentia com ele e com as memórias compartilhadas nos sonhos.

O dia de aula chegou ao fim, e Lucas caminhou para casa, perdido em seus pensamentos. Ao entrar na sala, ele encontrou sua irmã Helena no telefone, pedindo lanche.

"Hey, Lucas, quer pedir alguma coisa também?" perguntou Helena, sorrindo para ele.

"Sim, pode ser um hambúrguer com batatas fritas, por favor", respondeu Lucas.

Enquanto esperavam o lanche chegar, Lucas foi para seu quarto e ligou o chuveiro para tomar um banho relaxante. A água quente caía sobre seu corpo, e ele deixou sua mente divagar sobre o encontro com Gabriel e as estranhas memórias que vinha tendo. A conexão entre eles era intrigante, mas também um pouco assustadora.

Após o banho, Lucas se vestiu e voltou para a sala, onde o lanche havia chegado. Ele se sentou ao lado de Helena, e eles começaram a comer enquanto conversavam sobre o dia de aula.

"Então, como estão sendo os dias de aula, Lucas?" perguntou Helena, interessada.

"Estão bem, a rotina é a mesma de sempre. Mas hoje foi diferente. Encontrei o garoto do refeitório novamente", respondeu Lucas, tomando um gole de refrigerante.

"O garoto do refeitório? Aquele que você mencionou que estava te deixando intrigado?", perguntou Helena, arqueando uma sobrancelha.

"Sim, ele mesmo. Se chama Gabriel. Tentei puxar assunto, mas ele parecia um pouco distante. Disse que tinha que ir embora e se despediu rapidamente", explicou Lucas.

Helena pareceu pensativa por um momento. "Bem, talvez ele estivesse ocupado ou preocupado com alguma coisa. Às vezes, as pessoas têm seus próprios problemas e não querem falar sobre eles."

"Talvez você esteja certa", concordou Lucas.

"Mas me conta, o que mais vocês conversaram? Você descobriu mais alguma coisa sobre ele?" perguntou Helena, curiosa.

Lucas contou a Helena sobre a conversa que tiveram, como Gabriel era apaixonado por esportes e jogos, e como eles compartilhavam interesses em comum. No entanto, ele decidiu não mencionar as memórias compartilhadas nos sonhos, pelo menos não por enquanto.

Helena ouvia atentamente e sorria. "Parece que vocês têm muito em comum."

"Eu ainda não sei muito sobre ele", admitiu Lucas.

"Às vezes, a amizade surge de forma inesperada", disse Helena, encorajando-o.

Lucas assentiu. Enquanto terminavam o lanche, ele continuou a falar sobre suas aulas, tentando desviar um pouco o foco do assunto de Gabriel.

Após o jantar, Lucas voltou ao seu quarto e se deitou na cama, com a mente ainda repleta de pensamentos sobre Gabriel. Ele se perguntava se deveria contar a Helena e Gabriela sobre as memórias vividas nos sonhos, mas a ideia o deixava nervoso. Afinal, revelar suas experiências mediúnicas era algo muito pessoal e poderia assustá-las.

Enquanto lutava para encontrar respostas, Lucas sentiu um cansaço repentino e adormeceu. Novamente, os sonhos o levaram a um lugar familiar, e ele se viu na quadra de esportes, conversando com Gabriel. As memórias pareciam se repetir, mas algo era diferente dessa vez.

No sonho, Lucas se viu enfrentando uma situação engraçada, e os dois riram juntos. Era como se estivessem se divertindo, como bons amigos costumam fazer. Lucas sentiu um calor reconfortante em seu coração, como se estivesse experimentando um momento de genuína felicidade.

Ao acordar, Lucas se sentiu diferente. Ele finalmente percebeu que suas experiências nos sonhos não eram apenas memórias aleatórias, mas sim vivências reais de Gabriel. Ele estava vendo o mundo através dos olhos do garoto, como se suas almas estivessem conectadas de alguma forma especial.

Essa revelação trouxe uma sensação de paz para Lucas, mas também aumentou sua curiosidade. Ele agora estava mais determinado do que nunca a descobrir o que estava acontecendo com ele e com Gabriel, e como suas vidas estavam tão entrelaçadas, mesmo sem que eles soubessem disso.

Decidido, Lucas foi até os quartos de suas irmãs e bateu nas portas convocando-as para uma reunião na sala. 

"Eu preciso contar a vocês sobre tudo o que vem acontecendo", disse Lucas, com a voz firme e decidida. "Sobre os sonhos, sobre Gabriel e sobre a nossa conexão."

Helena e Gabriela escutaram atentamente enquanto Lucas compartilhava todas as suas experiências, desde o primeiro encontro com o garoto no refeitório até os déjà vus e as memórias compartilhadas nos sonhos. Ele falou sobre suas descobertas e sobre como agora entendia que estava vendo o mundo através dos olhos de Gabriel.

As irmãs ouviram em silêncio, absorvendo cada palavra de Lucas. Quando ele terminou de falar, Helena foi a primeira a quebrar o silêncio.

"É uma habilidade extraordinária que você tem. Mas... eu não faço ideia de como podemos ajudá-lo. Nunca lidamos com algo assim antes", disse Helena, com sinceridade em seus olhos.

Gabriela concordou, emocionada.

Lucas se sentiu desapontado, esperando que suas irmãs tivessem alguma resposta ou orientação para lhe oferecer. Afinal, elas também eram médiuns e deveriam entender o que estava acontecendo.

"Eu entendo, é tudo tão confuso para mim também", disse Lucas, desanimado. "Mas não podemos desistir. Talvez possamos encontrar alguma pista ou buscar ajuda de alguém mais experiente."

Helena e Gabriela concordaram com a cabeça, percebendo que não podiam ignorar a situação e deixar seu irmão confuso e desamparado. Juntos, eles decidiram que iriam buscar respostas, mesmo que isso significasse enfrentar o desconhecido e adentrar o mundo sobrenatural. O próximo passo era buscar respostas, investigar e se preparar para o que viesse pela frente. Juntos, eles iriam mergulhar nas profundezas do sobrenatural e descobrir a verdade por trás das memórias compartilhadas e da misteriosa conexão entre Lucas e Gabriel.