one

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Fazia alguns dias que Irene vinha se sentindo mal mas atribuiu isso tudo à morte de Daniel. Foram semanas difíceis, pois além da morte do filho, o "mistério" sobre Agatha e a internação de Petra rondavam sua cabeça. Fora isso, as coisas com Antônio não estavam das melhores. Tinha descoberto que ele visitava frequentemente o bar da interesseira da Berenice mesmo depois da ameaça da cobra e ela já não sabia mais o que fazer. Tudo isso provavelmente a estava esgotando mais do que deveria porque durante esses dias ela vivia com sono e dormia até mais tarde, o que causou um pouco de estranheza em Petra, Antônio e Angelina, mas nenhum deles comentou nada. Se levantando da cama para se arrumar e tomar café da manhã, reparou que Antônio ainda estava dormindo ao seu lado, o que ultimamente era um bom sinal. Deixando o marido dormir mais um pouco, Irene se arrumou e desceu as escadas para tomar café.

Todos os dias Irene passava pelo quarto de Daniel mas nunca tinha coragem de entrar. Geralmente ela acordaria, se arrumaria e desceria pra chamar os filhos pro café mas desde a morte do filho, não conseguia encontrar forças pra fazer isso. Sabia que ainda tinha a Petra como filha mas depois da internação da menina a vida de Irene ficou mais solitária, zanzando pela casa sem ninguém pra conversar, procurando coisas pra fazer e se vendo cada vez mais apenas com a companhia de Angelina durante os dias. Definitivamente não foi isso que um dia Irene imaginou para sua vida, as coisas estavam saindo do controle e ela não estava conseguindo se reerguer do jeito que gostaria. Ultimamente Irene sentia que seus sentimentos estavam à flor da pele, o que não era para menos devido aos últimos acontecimentos. Decidindo que aquele não era o momento para lamentações, Irene se dirigiu à sala de jantar e sentou-se à mesa para começar sua refeição, esperançosa de que o marido logo se juntasse a ela pois Irene sempre odiou comer sozinha.

Quando Irene foi colocar o café na boca sentiu o pior mal estar que já tinha sentido em anos. Assustando Angelina que servia o café da manhã, pulou da cadeira e correu até o banheiro, passando por um Antônio confuso que tinha acabado de descer do quarto para a primeira refeição do dia. Sem entender nada, Antônio apenas continuou indo até a mesa. Ao chegar ao banheiro, Irene vomitou o que tinha no estômago, não era muito já que aquela era a primeira refeição do dia, o que a fez mais tentar vomitar do que vomitar em si. Sentindo que já estava melhor, Irene escovou os dentes e voltou para a mesa.

"O que você tem que passou correndo por mim?" perguntou Antônio enquanto comia.

"Faz uns dias que não me sinto bem. Deve ser o estresse dos últimos dias" disse Irene ainda se sentindo um pouco fraca

Voltaram a comer, Irene pedindo a Angelina que lhe trouxesse um suco e Antônio tomando seu tradicional cafézinho preto. Terminando a refeição, Antônio ia se levantando pra sair quando seu celular tocou. A cara dele ao atender deu a Irene a impressão de que não era alguém que ela gostaria que ele falasse. Saindo pra atender o telefone no jardim, Antônio não reparou mas foi seguido por Irene que conseguiu pegar o finalzinho da conversa:

"... eu vou te ver já já, fica tranquila. Tenho um presente que você vai gostar muito. Até mais"

Encerrando a ligação, Antônio se virou e deu de cara com Irene que definitivamente estava com cara de poucos amigos. Sabendo que uma discussão estava prestes a acontecer, Antônio se adiantou

"Irene, isso é coisa que se faça? Fica aí atrás de mim pra ouvir minhas conversas, eu hein"

"Quem não deve não teme Antônio. Com que você tava falando? Era com aquela vagabunda do bar não era? Anda, fala logo! Você ainda vai dar presente pra essa vadia? Sinceramente Antônio, achei que tinha deixado claro com as minhas ameaças o que eu faria se você continuasse se encontrando com ela!"

Sentindo que a mulher não estava para brincadeiras e se lembrando de suas ameaças, Antônio tentou contornar a situação.

"Ô Irene, você coloca cada coisa na sua cabeça hein? Eu tava era falando com o Caio"

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