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Chegando ao hospital, Irene foi imediatamente atendida por seu médico que já a esperava. Como suspeitaram, eram picos de pressão alta associado a uma crise forte de ansiedade. Depois de ser medicada, Irene estava descansando com Petra a observando como um falcão, com medo de sair de perto da mãe. Aproveitando que Irene estava dormindo, Petra pegou o celular e viu mais de 100 ligações perdidas do pai. "Grande coisa" pensou ela. Ele não precisaria ligar tanto se não tivesse feito o que fez.

Dizer que Antônio estava desesperado era um eufemismo. Não conseguiu seguir o carro da filha e nenhuma das duas atendia o telefone. Indo para todos os lugares possíveis de se pensar, Antônio ficava cada vez mais desesperado por não conseguir encontrar a esposa. Ele precisava se explicar, precisava que ela soubesse o que realmente aconteceu, o olhar ferido em seus olhos o assombraria pro resto da vida, tinha certeza disso. Derrotado, Antônio voltou para casa esperando que elas voltassem logo. Não se surpreendeu por elas não estarem lá, mas tentou o telefone de Petra mais uma vez, dessa vez com a intenção de deixar uma mensagem

"Filha… se você ouvir essa mensagem, ouve até o final, por favor. Sua mãe não vai me ouvir agora e eu preciso que você ouça e acredite. Eu não tenho mais nada com a Berenice. Sim, eu tive antes, mas eu e sua mãe já tínhamos resolvido isso. Eu juro, ela apareceu de surpresa no escritório exatamente porque fazia meses que eu não a via. Petra, por favor e-" antes de terminar a mensagem, Antônio recebeu o bipe que indicava que o tempo máximo de uma mensagem tinha sido atingido.

Sem saber o que fazer, Antônio apenas sentou no sofá e rezou para que a mulher voltasse logo para casa.

De volta ao hospital, Petra observou a mãe acordar meio grogue depois da medicação, precisando ainda ficar no hospital por algum tempo para observação dela e do feijãozinho. Ao acordar, se lembrou do que tinha acontecido e queria chorar novamente, mas foi impedida por Petra.

"Mãe, não chora, por favor. Você ta bem e papai não merece que você derrame lágrimas por ele depois de tudo que aconteceu" implorou a menina

"Filha, não é tão simples assim. Eu nem sei se consigo controlar isso. Não pensei que seu pai faria isso comigo de novo" disse a mulher com lágrimas nos olhos

"Mas mãe, porque de novo? O que aconteceu entre vocês?" Indagou Petra

"Antes de eu descobrir que estava grávida, logo após a morte do seu irmão, seu pai tinha começado a sair com aquela… baranga. Depois de descobrir ele me disse que tinha terminado as coisas, ele começou a me dar mais atenção e pensei que tínhamos ultrapassado essa essa fase, mas aparentemente não" disse Irene tristemente

"Mas filha, não quero falar disso. Eu tô com fome, traz algo pra mim?" tentou mudar de assunto

"Sim sim mãe, já volto"

Com isso, Irene foi deixada sozinha com seus pensamentos e desatou a chorar. Ela realmente achava que o casamento deles estava em um estado melhor. Bem, é isso que ela recebe por acreditar cegamente em  um homem. Ouvindo os passos da filha de volta no corredor, Irene enxugou as lágrimas e tentou o seu melhor para não parecer que estava chorando. Quando a filha entrou no quarto Irene já estava feliz por poder comer pois o estômago já estava roncando. Petra, que no caminho tinha ouvido a mensagem do pai, ficou em dúvida se acreditava e se deveria ou não dizer a mãe. Tentando testar as águas, puxou conversa com a mãe enquanto ela comia

"Ô mãe… eu queria te fazer umas perguntas. Tudo bem se não quiser responder. Eu só fiquei curiosa…"

"Ihh, não gosto quando você começa assim.. mas fala, se puder eu respondo" disse Irene desconfiada

"Então mãe… é que.. desde aquele dia que o Caio, bem, contou pra todo mundo sobre o seu passado, ele falou sobre como você e o papai se conheceram. Eu fiquei um pouco curiosa porque eu sempre perguntei e você sempre desconversou. Agora que eu meio que já sei, fiquei curiosa pra saber a história de vocês porque sei lá, vocês parecem um casal muito improvável…" disse a menina receosa

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