cap 8 A viagem

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Kimberly

Acordo pontualmente próximo do horário de levantar, um misto de medo e alegria percorre as minhas veias, meu corpo relaxou durante a noite, mas essa sensação estranha que estou
sentindo agora me deixa nervosa.

Assim que tudo estiver pronto, saio em direção da casa dos meus pais para buscar Giovanne.

Estou bem animada de vê-lo, engulo em seco, pois ele não. Sua expressão coloca em xeque se fiz a escolha certa em ir de Navio para Madri, poderia ter optado ir de avião que é bem mais rápido.

Giovanne não fazia questão de esconder seu desânimo.

Entretanto, essa viagem poderia fazer bem para ambos, principalmente para nos aproximarmos um pouco mais.

Ao chegar ao porto, avistamos o navio que os levaria até ao destino, dei pulos de alegria, vejo meu irmão sorrir da minha atitude, agora ele está começando a se soltar e reagir realmente como o meu irmão.

O percurso levaria em média 12 horas, de Londres até Madri.

Ao entrar no navio pudemos observar sua sofisticação, nas longas escadarias até as cabines da primeira classe. Estava me sentindo a Rose do filme ‘’Titanic’’... ri com esse pensamento.

Após nos acomodarmos na cabine, ainda com muitas risadas e brincadeiras, já que fazia um
tempo que não ficávamos tão próximos, isto estava me deixando muito feliz
Seguimos o percurso até o restaurante para tomar café, com muitas risadas e brincadeiras, causando espanto em algumas pessoas que nos encontraram no corredor.

— Está gostando da viagem? — pergunto enquanto sentamos.

— Você sabe que é uma chata, mas eu gosto de estar ao seu lado, faz tempo que não saímos juntos. Você trabalha demais. — ele fala gargalhando e eu me mantive séria.

— Relaxa, estou brincando.
Conversávamos com coisas aleatórias quando percebi Giovanne observando uma moça muito bonita sentar em uma cadeira próxima a nossa mesa.

Seus olhares se cruzam e ele dá um sorriso safado para a jovem. Atrás dela vem um senhor que senta ao seu lado, presumo ser o pai da moça, o olhar do homem possui um semblante muito escuro, de arrogância e soberba.

Confirmo que é o pai da jovem, pois fala algumas palavras grotescas para ela e fazem com que a moça se levante e saia do restaurante chorando.

Giovanne pede licença e se retira do ambiente, deixando-me sozinha, sem entender direito o que se passa. Na verdade, sei o quão safado e mulherengo, que meu irmão é, logo penso o previsível, pois tenho certeza de que ele foi atrás da moça. Não vou deixar barato, terei que dar o troco, pois ele vai ter que me escutar depois.

Estou desacreditada do que meu irmão é capaz de fazer, mas após tomar meu café, irei até o terraço do navio passear um pouco.

Realmente a viagem é belíssima, com uma vista maravilhosa para as cidades a beira-mar, o navio possui vários compartimentos.

À noite, eu e Giovanne combinamos de assistir uma apresentação de teatro que haveria no salão principal.

A apresentação seria às 20:00, já eram 19:30 e meu irmão não havia retornado do passeio que fora fazer.

Eu estava angustiada com a demora de meu irmão, principalmente porque
Giovanne era muito descomprometido, tinha que ficar no seu pé o tempo todo para que ele cumprisse com alguns combinados entre nós dois.

Nossa relação entre irmãos era ótima, apesar de Giovanne ser um rapaz irresponsável e imaturo.

Ouvi alguém bater na porta. Era ele que havia chegado.

— Até que enfim você chegou. Pensei que iria me dar o bolo.

— Desculpas, irmãzinha, demorei, mas estou aqui.

— Posso saber onde você esteve?— falo irritada.

— Conheci uma moça hoje pela manhã, e estávamos conversando, nem vi o tempo passar. — seu sorriso o entrega.

— Estava conhecendo, sei... Você acha que nasci ontem?— não me contive e gargalhei.

— Deixa isso para lá, vou me arrumar para irmos ao teatro.

— Espero que não arrume confusão, porque não vou te ajudar, caso precise.

— Fique tranquila, está tudo sob controle.

— Vá logo arrumar-se então.
Após prontos, fomos ao segundo compartimento, entretanto Giovanne estava incomodado, percebeu o desconforto e nervosismo dele, pois constantemente passava a mão nos cabelos, mas não o confrontei para saber o motivo, porque se for devido a algum rabo de saia, vou
odiá-lo por isso. Entretanto, espero que não seja nada de mais.

Fico um pouco incomodada com isso, principalmente porque ele sempre foi bem sincero comigo, mas não perde a oportunidade de iludir uma mulher.

Ainda na metade da apresentação, Giovanne me avisa que vai ao banheiro. Fico desconfiada com isso, mas nada digo.

Acho que meu olhar de irmã mais velha diz tudo. Minha vontade era esculachar ele, ou seja, dar um bom sermão, para ele deixar de ser idiota e tirar um tempo comigo.

Como Giovanne estava demorando a retornar, comecei a ficar nervosa. Já tive paciência demais por hoje, ele está sendo muito chato, afinal escolhi esse passeio para nos aproximarmos mais.

Melhor ir atrás dele!

Quando vou procurá-lo ouço uma discussão na lateral externa do navio.

Ao se aproximar, vi meu irmão bem alterado, discutindo com o pai da jovem que vimos durante o café da manhã.

Fiquei preocupada, era fácil alguém cair de um lugar daquele. Mas a moça estava tentando conter os dois.

Chego próximo a meu irmão, que já estava avançando para cima do velho. Tento segurá-lo por trás, e subo em um degrau de uma pequena escada que dá acesso a para o navio.

Neste momento, o pai da moça vem para cima de Giovanne, se desvencilhando da filha. Com o
impulso que ele dá contra o peito de Giovanne, perco o equilíbrio.

Caio no mar.
xxxxxx
Eu até sabia nadar, mas estava escuro, fiquei por horas ali no meio do nada.

Via uma imensidão negra e não enxergava o navio, pois quando afundei, uma enorme onda me levou
para longe.

Já muito cansada de estar dentro da água, avistei um farol ao longe, tentei me aproximar da margem, quando uma onda forte me arrastou, a dor latejante na cabeça me tirou os sentidos,
nada mais senti naquele momento, simplesmente meu corpo amoleceu.

Meus sentidos foram
se perdendo aos poucos.

Mal sabia eu que meu destino seria mudado completamente com uma batida forte na cabeça.

Encontro FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora