𝟬𝟮𝟬| Perder ele pela segunda vez.

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Any G..

Uma semana intensa se passou, a Sophie melhorou e voltou para a escola, eu voltei a trabalhar com compromisso, a Amanda está cuidando da minha casa, tudo caminhando para o normal. Mas... Tem o Josh, bem... O Josh, ele me ligou na segunda-feira à noite e hoje já é sexta; aquele foi meu último contato com ele.

Ficou tudo muito confuso, não sei se sinto falta do contato dele ou se fico feliz pela distância, distante dele eu não irei me machucar nem machucar ele. Mas perder ele pela segunda vez...

De segunda pra cá, eu chorei algumas vezes, por motivos variados; raiva de algumas pessoas, tpm, estresse, incapacidade, pessoas bagunçando a minha vida, mas o principal motivo foi a Sophie. A dona dos meus sorrisos mais sinceros também é dona das minhas lágrimas mais doloridas.
Chorei por não conseguir ser uma boa mãe, chorei por não poder protegê-la de todo o mal, chorei pelo seu medo de abandono. E choro porque a amo, a amo com todo o meu ser e eu não aguento vê-la sofrer.

Passo as minhas mãos pelo rosto e coço meus olhos, puxando o vestido amarelo que acabei de finalizar da máquina de costura. Diga-se de passagem um vestido bem brega, mas fazer o que se é o gosto da cliente.
Como nas últimas sextas-feiras, a Sophie tem consulta no psicólogo hoje. Eu odeio ter que levá-la nessas consultas, é sempre uma agonia muito grande.

[…]

— Oi, princesa! — fecho a porta com dificuldade por estar com muitas sacolas em minhas mãos.
— Mamãe! Mamãe! Mamãe! — sinto os pequenos braços da Sophie envolverem minhas pernas. Agacho e largo as sacolas no chão, podendo abraçá-la.
— Uau, você está uma verdadeira princesa arrumada desse jeito! — reajo ao ver ela com sapatilhas brancas em seus pés, um vestido lilás que vai até os joelhos e um penteado com pequenos laços lilás em seu cabelo.

— É... — ela se afasta de mim e vai de volta para o sofá feito sob medida para.
— Sophie? O que foi, princesa? — eu sinto que já sei a resposta. — Eu não quero ir ao psitocologo'! — ela diz enquanto cruza os braços.
— Já falamos sobre isso, é importante! E o tio é legal não é? — trago as sacolas para a cozinha e volto para terminar de conversar com ela.
— Sim, mas eu não quero! — um pequeno bico se fazia em seus lábios.
— Mas você tem que ir, ponto final! — encerro a conversa, mas ela não parece convencida.

— Mamãe... Eu quero o papai! — ela levanta do pequeno sofá e vem até mim. Minha feição muda instantaneamente.
— O papai deve está trabalhando! Segunda você vê ele. — tento não prolongar mais esse assunto.
— Mamãe, ele não ligou pra falar comigo? Eu preciso muito falar com ele! — ela abraça as minhas e diz com um tom chateado.

Antes eles só se viam após a primeira quinzena do mês, mas com a bagunça do último mês o Josh se fez presente em todas as últimas semanas; a Sophie até intercalou em uma semana lá e uma semana aqui. Eu penso que ela se sente distante do pai com as coisas voltando ao "normal".

— Se você se comportar muito bem no psicólogo, nós ligamos pra ele! — a proponho. — Podemos ir na casa dele? — ela pergunta ainda com o biquinho feito nos lábios.
— Veremos! — ela me abraça ainda mais forte.

Eu cresci sem um pai presente, eu não quero privar a Sophie de ter o pai como melhor companhia.

[…]

Observo minha filha brincar com o carrinho que há em cima da mesa das crianças dentro do consultório do psicólogo Oliver. A Sophie brincava, eu esperava e o psicólogo anotava algumas coisas.

— Senhorita Gabrielly! — o psicólogo me chama. — Sim? — antes de continuar a falar ele verificou se Sophie não estava prestando atenção.
— Any, com a consulta de hoje ficou mais claro que nunca o meu diagnóstico para a pequena Sophie. A síndrome de limítrofe é realmente algo presente na Sophie.

𝗜 𝗦𝗧𝗜𝗟𝗟 𝗟𝗢𝗩𝗘 𝗬𝗢𝗨 ✦ beauany.Onde histórias criam vida. Descubra agora