ONDE no auge de seus trinta anos, Leticia vê que nada em sua vida havia saindo como o planejado de sua eu de quinze anos atrás, porém com a mágica da internet ela se vê de repente vivendo sua adolescência novamente e pode ter a chance de finalmente...
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❛Quase um casal Quase que rolou um sentimento Nós ficamos perdidos no tempo Ficou pela metade ficou pra depois Quase nos dois❜
Letícia adentrou o apartamento com certa ansiedade, ela esperava que pelo menos seu lar não tivesse mudado, a mulher já estava acostumada com seu próprio cantinho. Ao acender a luz ela notou o lugar irreconhecível.
Os móveis eram entre tons claros de verde e branco, pelo o pouco que conhecia Fabrício, ela sabia que verde era sua cor favorita, então aquilo com certeza era coisa dele. Tinham prateleiras presas na paredes que continham esculturas de madeira, provavelmente feitas pelo homem, também com porta-retratos de fotos reveladas dos dois.
Letícia observou uma em que ela tinha um sorriso de orelha a orelha, com algumas mechas de cabelo voando contra seu rosto e Fabrício a abraçando por trás com o mesmo sorriso, ela parecia genuinamente feliz.
Havia uma em que eles eram adolescentes em uma festa, Fabrício sorria com os olhos quase fechados, ele tinha um copo de bebida na mão esquerda, já sua mão direita estava em volta da cintura da garota, ela estava beijando sua bochecha com os olhos fechados, com um copo na mão também.
— Ah, minha festa de dezoito — ela sentiu Fabrício se aproximar dela pelas costas, observando a mesma foto que ela.
— A gente parece realmente feliz.
Seu corpo se arrepiou ao sentir o peitoral do homem entrar em contato com suas costas e passar os braços em volta de sua cintura.
— Eu me tornei genuinamente feliz a partir do dia em que descobri que você tinha se apaixonado por mim — ele sorriu, beijando o topo da cabeça dela. — Quem diria que você iria ceder aos encantos do boyzinho mimado aqui, né?
— Eu não imaginaria isso, nem em sonho — Letícia lutou contra a vontade de empurra-lo para longe e tirar aquele sorriso convencido do rosto dele.
— Eu sei, você realmente me odiava naquela época.
— Eu você não, né? — ela revirou os olhos, aproveitando que ele não poderia ver.
— Sim, odiava mesmo — Letícia não percebeu o sarcasmo em sua voz.
O olhar de Letícia caiu sobre o balcão da cozinha, que estava repleto de papéis, canetas, lápis, borrachas e um notebook.
— Ah, por favor, não me diga que vai trabalhar — Fabrício resmungou enterrando o rosto no pescoço dela. — Eu sabia que tinha que arrumar aquilo antes de a gente ir pra Imperatriz, você não sabe olhar para suas coisas e deixar de trabalhar.
— Trabalhar com o que exatamente? — Letícia perguntou confusa.
Até onde sabia, ela trabalhava como veterinária e mesmo amando cuidar dos animais com todo seu coração, ela não estava querendo estar sempre trabalhando, já que aquele não era seu emprego dos sonhos.
