ONDE no auge de seus trinta anos, Leticia vê que nada em sua vida havia saindo como o planejado de sua eu de quinze anos atrás, porém com a mágica da internet ela se vê de repente vivendo sua adolescência novamente e pode ter a chance de finalmente...
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❛Óh! Cupido, vê se deixa em paz Meu coração que já não pode amar Eu amei há muito tempo atrás Já cansei de tanto soluçar Hei, hei, é o fim Óh! Cupido Vai longe de mim❜
Ao chegarem no IECET, a primeira a se afastar foi Luiza ao encontrar suas amigas. O caminho até a escola havia sido um pouco silencioso naquele dia, as primas de Letícia haviam visto seu pai saindo de carro a noite e notaram as olheiras e o rosto inchado dela, logo resolveram apenas respeitar seu momento.
As duas conheciam a história dos pais de Letícia e odiavam ver a garota passando por isso, mas elas também sabiam que ela é péssima em conseguir se abrir e expressar sentimentos, então não fizeram perguntas sobre a situação.
— Eu vou pra videoteca — Letícia cortou o silêncio que estava instalado entre as duas. — Você vem?
— Na verdade preciso fazer uma coisa antes — Anita pousou a mão em seu braço. — Mas se quiser companhia eu vou com você.
— Não, tá tudo bem — a garota sorriu forçado. — Cé ou Henrique devem estar por lá, pode ir fazer tuas coisas.
Anita observou com preocupação sua prima se retirar. A menina de cabelo liso passou por Fabrício sem nem parar para dizer um "oi", mesmo depois do momento que tiveram ontem.
Fabrício até teria reclamado e feito algum comentário para irrita-la, mas percebeu a expressão triste em seu rosto e teve de se segurar para não ir até ela e perguntar como ela estava.
A cacheada observou a expressão preocupada dele e como ele abaixou o celular e a assistia passar por ele, ela até o questionaria sobre aquilo, mas tinha de resolver algo antes.
— A gente precisa conversar — Anita disparou assim que chegou até ele, o puxando para um canto.
— Aí, a sua prima tá bem? — Fabrício perguntou preocupado, já que não teve mais notícias dela — Quase morri quando vi o baque que ela tomou, foi... Foi tenso, né?
— É. Foi bem tenso — Anita se recordou da cena e expulsou a memória no mesmo instante — Mas ela tá bem, tá com gesso no braço. Vai dar tudo certo.
— Então rolou, cê conseguiu o que você queria, o Eduardo já tá em outra — Fabrício sorriu, se sentindo mais leve.
— Você sabe muito bem que não era isso que eu queria — a cacheada saiu em defesa própria. — Mas é... Só-só fica quieto, tá? Por favor, não conta nada pra ninguém.
— Hum, não sei, não sei — Fabrício deu de ombros. — Talvez eu deixe escapar pra alguém, assim, sem querer... Que toda essa bagunça foi ideia sua.
— Qual é a sua, hein, moleque? — Anita perguntou se aproximando, seu semblante mostrando irritação.
— Qual é a sua? — Fabrício rebateu. — Você vai cumprir com o combinado, ou não vai? Você tá me devendo uma.
