ONDE no auge de seus trinta anos, Leticia vê que nada em sua vida havia saindo como o planejado de sua eu de quinze anos atrás, porém com a mágica da internet ela se vê de repente vivendo sua adolescência novamente e pode ter a chance de finalmente...
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❛ Há apenas alguns centímetros entre nós Eu quero que você se entregue, quero que você se entregue Há tensão entre nós Eu só quero me entregar E eu não me importo se serei perdoada ❜
Felizmente, naquele dia, o sol não estava tão potente e o clima era fresco, então o grupo de amigos não se incomodou em ficar andando pela pequena cidade aquela hora da tarde. A atmosfera entre eles estava longe de ser tão alegre quanto costuma a ser antigamente. Henrique lançava alguns olhares preocupados para o trio de vez em quando, sem saber ao certo como abordar a tensão que pairava no ar.
Os passos de Carol eram mais silenciosos do que o habitual, ela lançou um olhar discreto para Letícia. A garota percebeu que a prima tentava ser discreta, mas ainda podia sentir um certo desconforto vindo dela. Anita, por outro lado, parecia estar tentando desesperadamente compensar o que havia acontecido, mas a ferida estava fresca demais para ser esquecida.
A casa de César estava próxima, e o quarteto se sentiu ansioso, cada um deles não viam a hora de sair desse ambiente tenso, pelo menos por um tempo. Anita se apressou, batendo na porta de entrada casa do amigo, e observando o homem que se aproximava para recebe-los.
— Olá, galera — o homem mais velho os cumprimentou.
— Oi, seu Geraldo. — Anita sorriu, simpática. — O Cé tá ai?
— Tá sim, tá sim. Vamos entrar — ele convidou, dando espaço para os adolescentes passarem. — Letícia, quanto tempo eu não te vejo aqui!
— Oi, tio — ela tinha o costume de chama-lo desse jeito, assim como César chamava sua mãe, Rosângela, de tia. — Pois é, a volta as aulas tá acabando comigo, ninguém me avisou o quão difícil o ensino médio podia ser.
— É, mas em um piscar de olhos isso acaba, fica tranquila — Letícia sabia muito bem disso, mas apenas assentiu. — Olha, o César não tá nada bem, viu? — Ele se direcionou a todos os jovens. — Não sei o que aconteceu. Eu não consigo falar com esse garoto direito... Ainda bem que ele tem amigos pra dar uma animada nele.
Geraldo apoiou a mão no ombro de Letícia, ele admirava muito sua amizade com César e sempre deixava claro que se sente feliz pelo filho ter encontrado alguém tão bom quanto ela.
— Ó, ele tá lá — Geraldo apontou para a direção que dava ao quarto do filho. — Vocês não querem falar com ele?
— Uhum! — Carol exclamou, enquanto o resto do grupo apenas assentia.
— Obrigado, gente — o mais velho agradeceu.
O quarteto começou a traçar o caminho em direção ao quarto de César, assim como Geraldo havia apontado. Letícia estava acompanhado os três, mas Fabrício se aproximou pelas suas costas e a puxou pela mão.
— Chega aqui — ele disse baixo, sem querer chamar a atenção dos outros.
Letícia se sentiu confusa, mas mesmo assim acompanhou o garoto até a cozinha.
