Não era possível, devia sim ter um fantasma nessa escola!
Primeiro os barulhos de noite, depois bitucas de cigarro e ontem a noite uma palheta e um bloco de notas.
Isso era o que ela pensava.
Agora tinha certeza de que o fantasma era ninguém menos que Castiel. Quem mais teria a ousadia de invadir a escola a noite e, quem mais ela conhecia que tinha uma guitarra? Certo, eram argumentos fracos. Lynn não conhecia quase ninguém daquela escola e Castiel não devia ser o único a tocar guitarra. Mas era o único valentão que ela conhecia, e disso sabia muito bem. A irritava o fato de Castiel não admitir isso nem morto.
As aulas já tinham acabado e Lynn estava novamente na escola. De noite. Sozinha. E isso se tornaria ainda mais preocupante enquanto ela andava em direção às escadarias e sentia a fumaça de um cigarro vindo. Por Deus, como odiava nicotina. Então ela parou no corredor, bem perto das escadas. Travou, na verdade.
E se não fosse Castiel o fantasma? E se fosse algum bandido dormindo ali? Lynn era uma garota, e estava sozinha. Se odiou por não ter chamado alguém para vir com ela. Se odiou muito. E o que diria aos pais se a vissem chegar tarde em casa de novo? O que diria a polícia se ela descobrisse os maiores criminosos da cidade morando na escola? Estava quase dando meia volta quando escutou outro barulho. Era tarde demais.– Lynn?
– SE AFAST... Nathaniel?!
Eles se olharam por um tempo, chocados. Lynn relaxou o corpo de imediato.
– O que você está fazendo aqui? Você nunca sai da escola?
– Acho que eu poderia perguntar o mesmo. Você pode se meter em problemas se te virem aqui, Lynn – Ele parecia estranhamente nervoso.
– Sinto que estou quase descobrindo quem é o fantasma! Não posso desistir agora.
– Fantasma? Já te falei que não tem fantasma. Se tivesse eu saberia, pode confiar em mim – Ele deu o melhor de seus sorrisos, o que não foi lá grande coisa.
– Já sei! Por quê não vem comigo, Nath?
– Estou falando, é uma péssima ide...
Outro barulho lá atrás.
– "Nath"?
Lynn se esticou bem para ver o que era. Nathaniel estava em sua frente tentando cobrir sua visão. O ruivo!! Naquele momento ela pulou de alegria sozinha, balançando os braços. Lembrou-se de Peggy descobrindo uma fofoca nova e então parou. Por Deus, não queria se parecer com ela. Mas estava realizada por estar certa! Castiel era o fantasma!
Bem, "fantasma" foi um pouco exagerado, de fato, mas ele existiu. Na cabeça dela, ao menos.– YES! Eu sabia. Você era o fantasma!
– É, acho que nos descobriram "Nath". E agora? – Castiel sorriu com as mãos na cintura, olhando para o loiro.
Que ele amava assistir a desgraça alheia era de conhecimento geral, mas foi a primeira vez que Lynn viu Nathaniel se enrolando para explicar alguma coisa. Realmente, chegava a ser cômico.– Ok, primeiramente, não me chame assim, é horrível vindo de você.
– Assim você me magoa.
– Segundo: Lynn, por favor, não conte nada a diretora. Tudo tem uma explicação.
"Você só não vai ter pra essa aqui!" Ela quis falar, mas estava concentrada demais em não sorrir. Imaginou que iria ferir o ego do representante de turma. Se fosse o ruivo bem que ela gostaria de fazê-lo.
Mas enquanto Nathaniel ficava vermelho tentando excaixar as palavras e Castiel ria na cara dele, uma outra pessoa apareceu atrás dos dois. Um outro cara. E por Deus, como ele era... Diferente. Um tipo de beleza peculiar, que não deixa de ser beleza. Então Lynn sorriu, aquela escola a surpreendia cada vez mais e de um jeito bom. Pessoas como ele eram interessantes, ela pensava.– Algum problema? – Ele disse, e ao chegar mais perto de onde estavam Lynn soltou o ar. Ele sim necessitava que olhassem para cima para encarar.
– Ah, Lysandre. Adivinha a boa? Nos descobriram. Devíamos dar um jeito nela? – Castiel falou, sorrindo cínico.
Ignorando Nathaniel totalmente vermelho ao lado, uma onda fria percorreu o corpo de Lynn. "Dar um jeito"? Isso parecia tanto com "dar uma surra" quanto "ensinar uma lição", e "ensinar uma lição" parecia tão...
Cristo, agora estava tão vermelha quanto Nathaniel.– Não fale assim, ela pode acreditar. E aliás, quem é ela?
– Acho que eu devia apresentar vocês – O ruivo disse, sorrindo um pouco – Tábua, esse o Lysandre. Lysandre, essa é a louca que me...
– Prazer, Lynn – Ela cortou-o, já sabia onde aquilo ia dar e não desejava ficar com a reputação manchada tão cedo. Sorriu amigavelmente e estendeu a mão para o outro.
– O prazer é meu. Me chamo Lysandre – O que Lynn esperava ser um aperto de mão casual, tornou-se de repente meramente constrangedor. Lysandre pegou sua mão e gentilmente levou-a até a boca, dando um beijo rápido ali.
Ela não se sentiu eletrizada ou algo assim, mas foi encantador. Sentiu-se como num filme de época, onde ela era uma princesa e ele o cavalheiro. Que gentil!– Hrum, hrum – Castiel limpou a garganta, parecia emburrado de novo – Atrapalhando alguma coisa?
– De forma alguma.
☆
Os próximos 10 minutos foram resumidos em Nathaniel explicando o porque estava metido naquilo e em Castiel admitindo ter a banda e os treinos quase diários no porão. Após isso Lysandre foi para seu próprio canto com o bloco de notas, Nathaniel foi para casa e enfim, restaram novamente os dois.
– Não perguntei ainda, gostou da lasanha? – Lynn perguntou depois de algum tempo de silêncio, e ainda bem que perguntou. Ele finalmente parecia empolgado.
– É, estava gostoso. Dragon gostou também – Ele sorriu com a cara de "você deu mesmo minha comida pro cachorro?" – Uma comida caseira foi bom pra variar. Era caseira, né?
– Era sim. Já disse que fiz com a minha mãe! – Ela sorriu, aqueles sorrisos que eram quase um riso de alegria calma.
– Já pensou em alugar sua mãe? Eu pagaria pra ter uma dessas cozinhando pra mim todos os dias – Ele sorriu também. Como era... Como era bonito, o ruivo. Era realmente bonito. Assim, quando sorria desse jeito. Sem querer atacar ninguém. Naquele momento Lynn se sentiu uma irmã mais velha querendo cuidar do caçula.
– Não, minha mãe não. Mas eu estou aprendendo bastante com ela.
– Dá pra alugar você, é isso? Com essa carinha renderia uma boa grana – E então ela não se sentiu mais uma irmã mais velha, e sim uma presa indefesa diante de seu predador. Como mudava rápido.
– Haha...
– E... O braço, já parou de doer?
– Parou! Coloquei gelo quando cheguei em casa – E isso já fazia uma semana. Uma semana que não falava com ele. Uma semana que pensava todas as noites em o ligar, mas nunca ligava.
– Que bom, então. Pelo menos não quebrou nada – Ele disse, e depois disso seguiu-se um silêncio estranho, constrangedor. A maioria dos silêncios que reinavam entre eles eram normais, não pensava que esse dia ia chegar e isso ia acontecer, mas estava acontecendo, e Lynn odiou isso – Bora, vou te levar pra casa.
– Ah... Sim, é verdade. Preciso ir embora – Ela checou o relógio, 20h40.
– Imagino que eu possa ir com vocês, certo? – Lysandre interveio – Também preciso ir embora.
Castiel não disse nada, só balançou a cabeça, colocou as mãos no bolso e seguiu rumo aos muros da escola. E os próximos minutos foram assim, estranhamente tensos. Apenas Lynn e Lysandre conversando enquanto o ruivo concordava.
Nota: ala, alguém tá com ciúmes
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Cass... Cassy - Castiel Amor Doce
FanfictionNo meio da madrugada ela liga para ele porque não consegue dormir, e acidentalmente ele atende.