|Desentendimentos

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Sinopse:

Luigi já nutria sentimentos por Eric a algum tempo, e havia aprendido a lidar com eles, tempos depois a escola implantou dormitórios compartilhados e Eric o dividiria com o loiro. A relação dos dois era estranha, Eric as vezes demonstrava algo por Luigi outrora não, o que confundia a cabeça do loiro.

Narrado por: Luigi
——

Já haviam se passado 3 horas que Eric havia saído com Hugo, nunca fui de me importar com isso, afinal Eric era solteiro e sempre fez o que bem entendeu, o que me incomodou naquele dia foi ele me avisar que iria sair, e ainda mais sendo com o Hugo, aquilo tudo sobre mim e ele era estressante demais para minha cabeça.

Me sentei na minha cama encostando minha cabeça na cabeceira, abri meu livro e comecei a folhear ele enquanto lia as palavras que se tornavam desconexas por eu estar distraído.

A porta do quarto se abre revelando um Eric meio zonzo, seu rosto tava mais vermelho que o normal, e ele claramente havia bebido, ainda sim parecia manter seu juízo, ele vai até a cozinha e pega uma garrafa de água bebendo metade do líquido presente dentro dela, a fecha e guarda na geladeira.

— Me esperando?
Ele diz esvaziando seus bolsos no balcão
e me olhando de canto.

— Com certeza sim
Respondo sem o olhar.

Claro que eu estava te esperando seu imbecil, mas eu nunca admitiria isso em voz alta.

Sem mais conversas eu me levanto e puxo uma blusa do cabideiro e saio do quarto sem dizer onde eu ia, subo para o terraço da escola e sinto o vento bater contra meu rosto o que me alivia a tensão, vou até o batente dali e me apoio vendo a cidade.

Acabo perdendo a noção do tempo e só volto quando percebo as luzes dos prédios se apagando, o que indicava que já era tarde demais para eu estar ali.

Sai do terraço e desci as escadas com cuidado, estava meio fora de área naquele momento, então apenas queria chegar no quarto e me deitar, abri a porta e vi Eric, nada parecido com quem entrou aqui horas atrás, já estava de banho tomado, vestia uma moletom cinza e uma regata branca, ele andava pelo quarto atordoado mexendo no celular.

fecho a porta com cuidado, ele parecia estressado e eu não estava afim de discutir com ele, estava esgotado.

— Onde caralhos você tava Luigi?
Ele fala notando minha presença.

Agora eu entendi, o motivo do estresse era eu.

— Ahn?
murmuro confuso.

— Porra você por acaso vou que horas são?
Ele diz se aproximando de mim.

Instintivamente chego para trás, e ele também, ligando seu celular me mostra.

23h44

Ah, entendi a preocupação dele.

— E? por acaso eu te devo alguma obrigação agora?
Falo sarcástico.

— C’ deve tá de brincadeira com a minha cara
Ele esfrega o rosto.

Tiro o casaco que eu usava e o penduro no cabideiro.

— Eric, tá tarde e eu tô cansado, se não se importa eu vou dormir
Falo sem o dar o mínimo de atenção.

— Qual é a porra do seu problema? você deve tá achando que é algum tipo de adolescente pra sair fazendo o que bem entende
Ele diz frente a mim.

— Como é? não sei se você não sabe, mas eu faço questão de te lembrar que eu não sou um adolescente, mas eu faço o que eu bem entender quando eu bem quiser, ou se esqueceu que eu não te devo nenhuma satisfação sobre minhas atitudes?
Me levanto cuspindo as palavras nele.

Ele morde a mandíbula.
— Tá certo, você não me deve satisfação sobre nada, mas ao menos me avisasse, eu fiquei preocupado com você, mas se isso te incomoda, tudo bem, faz o que quiser

Ele parecia magoado.

— Acabou o drama?
pergunto

— Quando você deixar de ser moleque e virar homem a gente conversa Luigi
Ele sai do quarto.

Engulo o choro entalado na garganta, e decido tomar um banho pra tentar tirar aquele peso das costas.

Vou até o banheiro e me despio, ligo o chuveiro deixando a água quente escorrer sobre minha pele, continuo reprimindo o que eu sentia me negando a chorar por aquela briga idiota.

Após longos minutos eu já estava sentado na beirada da cama, secando o meu cabelo com uma toalha, eu estava esgotado daquele dia, só queria dormir. A porta se abre e Eric entra, nem olha pra mim, nenhum comentário sarcástico.

Ele se senta na sua cama.

Me levanto e penduro a toalha no banheiro novamente, abaixo a claridade da lâmpada deixando o quarto um tanto escuro, me deito em minha cama e apago o abajur e me cubro tentando deixar o sono vir.

Minutos depois ouço Eric fazer o mesmo.

As horas se passam e eu ainda não havia dormido, a ansiedade havia me consumindo, me levantei trêmulo, fui até o guarda roupas e comecei a revirar o mesmo atrás de um calmante, o que era meio impossível devido a escuridão no quarto.

De repente uma claridade domina o quarto, fecho os olhos levemente, e olho para trás, Eric estava em pé perto do interruptor esfregando os olhos.

— O que houve?
Ele pergunta de braços cruzados.

— Desculpa, não queria te acordar
Falo e me viro voltando a revirar o armário.

— Luigi, olha pra mim
Ele fala.

Me sinto intimidado pela sua voz e sinto minhas pernas fraquejarem, eu me sentia sensível naquele momento, não queria falar com ele, ainda mais naquele estado em que me encontrava.

Seus passos se aproximam de mim e eu começo a revirar a caixa com mais velocidade.

— Luigi
Ele pega em meu pulso me obrigando a me virar pra ele.

— O que foi? seu rosto tá vermelho
Ele pergunta nitidamente preocupado.

Antes que eu tentasse falar começo a soluçar de nervoso e sinto as lágrimas caírem do meu rosto.

— Porra
Ele murmura baixo e me envolve em um abraço.

Ficamos assim até eu me acalmar, ele pega em minha mão me sentando na minha cama e se abaixa na minha frente.

— Me desculpa por mais cedo, não queria que aquilo atacasse sua ansiedade
Eric diz.

Balanço a cabeça em confirmação.

— Olha pra mim, eu sei que tudo isso tem sido confuso, pra mim e pra você, mas eu quero te dizer, que tudo o que eu sinto por você é real, eu gosto de você, e sou foda em relação a isso, mas eu tô disposto a mudar por você

Me sinto confuso, meu coração parecia querer explodir, o que tava acontecendo?
me sinto ofegante.

— Tá tudo bem, não precisa me dar uma resposta agora, tá tarde, deita um pouco e descansa, mais tarde a gente conversa sobre

Ele se levanta e busca um copo de água pra mim, junto de um comprimido de remédio.
Eu o tomo sem pestanejar e ele leva o copo de volta pra cozinha, Me ajuda a me cobrir, e estranhamente ele acaricia meu cabelo, deixa um selar na minha testa e vai se deitar logo após de apagar a luz.

Um misto de sentimentos invadia meu corpo, e eu não fazia ideia do que havia acabado de acontecer, mas eu havia gostado e de alguma forma me senti validado por ele.

𝓐𝓽𝓮 𝓸𝓷𝓭𝓮 𝓸 𝓼𝓸𝓵 𝓫𝓻𝓲𝓵𝓱𝓪𝓻 𝓶𝓪𝓲𝓼 𝓯𝓸𝓻𝓽𝓮Onde histórias criam vida. Descubra agora