Um Addams, nunca deixa - OneShot

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AVISO: ESTE CAPÍTULO CONTÉM DESCRIÇÕES DE CENAS VIOLENTAS, SUICÍDIO, BULLYNG E PRECONCEITO. NÃO É RECOMENDADO PARA PESSOAS SENSIVEIS E PODE CAUSAR GATILHOS.

O tom funesto do hospital trazia um sentimento aconchegante para Emma, em contra partida, a quantidade de parentes se espremendo dentro e fora do quarto lhe deixava sufocada. Ali na cama hospitalar, deitado em coma induzido, estava seu primo Pubert. Um rapaz gordinho de cabelos e bigodes loiros, pele tão pálida e deveras azulada, mais do que nunca, parecia realmente um morto vivo. O corpo, enfaixado com ataduras e gesso, o tubo de oxigênio enfiado na garganta e a máquina irritante que sempre bipava, anunciando que ele ainda estava vivo, embora inconsciente.

Enquanto sua tia Ophelia chorava baixinho sendo confortada por vovó Mortícia e sua mãe Enid. Seu tio Pugsley parecia abatido sentado em um canto do quarto, tendo a companhia de Wednesday e Gomez. Os cochichos entre os outros parentes chegavam até abafar os sons das máquinas hospitalar, primo It e sua família estavam presentes, assim como tantos outros, lotando todo o quarto. Emma decidiu sair para respirar melhor, deixando Thing para trás conversando com Tropeço, sendo barrada logo em seguida pelo corpo de Lúcifer que parecia preocupado. Os gêmeos e seus companheiros estavam parados no corredor, prontos para entrar.

- Como ele está? – O mais velho perguntou, tinham acabado de ligar para ele contando sobre o acidente de carro que o primo sofrerá, estava em aula na faculdade e saiu as pressas.

- Em coma – Foi direta, Emma não queria dar brecha para os irmãos puxarem conversa.

- Tenho quase certeza que é proibido tanta gente no quarto – Elisa comentou, curiosa ao ver tantos Addams reunidos, o ar-condicionado do quarto nem chegava a esfriar o calor de tantos corpos espalhados.

- Os Addams não seguem regras – Joui foi quem explicou, tendo convivido suficiente com a família do namorado, já estava acostumado.

- Vamos entrar – Anunciou Larissa, puxando a namorada pela mão e sendo seguida pelos demais.

Finalmente Emma encontrava-se sozinha, porém o som dos burburinhos da família ainda se mantinham presente, optou por afastar-se. Por onde andasse encontrava médicos, enfermeiros, pacientes e parentes, parecia que naquele horário – o famoso horário de visitas – não havia espaço para corredores silenciosos e vazios como nos filmes de terror que tanto apreciava. Seus pés lhe levaram para muito longe das vozes e da presença humana, o sol já começava a se pôr no estacionamento a céu aberto e o som de alguns pássaros podiam ser ouvidos a distância. O vento soprou uma brisa gélida de fim de tarde e Emma sentiu mais uma vez, aconchego.

Teve sua paz arruinada quando, não tão distante de si, observou um corpo chocar-se contra a cerca de ferro. Um rapaz caiu no chão, em prantos, tentou levantar-se, porém fora empurrado novamente por uma mulher. Emma observou que aquele homem não conseguiria se livrar tão fácil da moça, era magro demais e lhe faltava o braço esquerdo.

- Eu só preciso... Ver como ele está! – O magricelo gritou, a voz tremula e embargada pelo choro.

- Você já fez o suficiente nessa merda! – A mulher rebateu, ela também chorava.

Os dois estavam completamente alheios a sua presença, e Emma não tinha interesse algum em se meter naquela briga, aquilo não tinha nada a ver com ela. Mas como apreciadora do caos, não pôde deixar de observar os dois estranhos e sua interação nem um pouco pacífica. A mulher, mais baixa que ele, tinha os cabelos negros, amarrados em um rabo de cavalo elegante, usava um vestido azulado e delicado, o rosto poderia ser o que chamavam de angelical, olhos azuis, lábios finos e rosados.

"Erch" – Emma revirou os olhos, nem um pouco atraída pela aparência da mulher.

O homem por sua vez, bem magro e alto, usando um macacão preto com uma camisa branca de manga curta por dentro. Os cabelos eram castanhos e os olhos negros e profundos, com olheiras tão fundas que fez a Addams se questionar se ele chegará a dormir durante os últimos dias. Sua principal característica, obviamente, era a falta do braço.

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