Capítulo 3

45 9 5
                                    

 - eles vão sair? - perguntei para mim mesma ainda tentando escutar um pouco da conversa mas as vozes foram ficando mais e mais distantes - juntos? não é possível -

Cretino! Simon tinha toda razão e eu me sinto a mais idiota de todas por tê-lo defendido, burra! mil vezes burra.

Tive tempo para pensar e cheguei a uma conclusão nada agradável, vou entrar em contato com Eleonora e negociar a minha liberdade direto com ela, que ironia.

Se ela quiser dinheiro, propriedades, o que for, eu preciso arrumar um jeito de pagá-la, o que eu não posso é aceitar essa vida que me impuseram, só assim eu vou conseguir a minha liberdade para viver do jeito que eu quiser, e bem longe de todos eles. Fui até o closet, peguei um moletom com capuz e um par de ténis, vou sair de fininho para observar melhor essa propriedade, eu preciso achar uma maneira de escapar. Calcei os sapatos tentando pensar em alguma coisa.

Vesti o moletom e coloquei o capuz, assim é mais difícil de alguém me reconhecer, andei até a porta e me abaixei para checar se não tem algum possível brutamontes, graças aos céus não vi ninguém. Abri a porta já passando os olhos no corredor, ótimo! está completamente vazio, saí em passos silenciosos até as escadas, procurei por alguém lá embaixo e nada. Então avancei rapidamente, chequei melhor o hall, vazio, desci um pouco mais rápido e saí pela porta da frente.

- pronto, certo... para onde eu vou agora? -

Pela lógica a direita é o jardim, acho melhor então ir para a esquerda, já que eu não sei o que tem por lá.

Comecei a andar mas dei de cara com várias janelas, vou ser obrigada a olhar cômodo a cômodo antes de passar, se alguém me ver corro o risco de ser denunciada. E assim eu fiz, antes de passar eu olho dentro da casa, para a minha sorte todas as janelas do hall estão com as cortinas fechadas o que facilitou bastante, virei a esquerda novamente seguindo a lateral da mansão e várias janelas estão com as cortinas fechadas ou ninguém dentro. O cômodo seguinte é uma espécie de escritório e quando olhei para dentro levei um puta susto, Martino bebia alguma coisa encostado na mesa, olhei novamente tomando muito cuidado para que o meu corpo não ficasse tão à vista, ele olhava para o nada imerso em pensamentos, com um semblante triste. Olhando seu rosto pude notar alguma semelhança com o meu, nossos olhos são iguais.

Afastei de mim a vontade de continuar encarando e engatinhei por baixo das próximas duas janelas, finalmente cheguei nos fundos, uma área de piscina, uma academia e o mais decepcionante de todos, muros muito mas muito altos. Por aqui vai ser impossível escapar, o jeito é tentar pelo jardim, uma movimentação dentro da academia me chamou a atenção, avancei um pouco e me abaixei atrás de alguns arbustos. Heron, sem camisa, socava violentamente um saco de pancadas enquanto Marcos segura o objeto, Joana está sentada em um aparelho que não faço ideia para que serve, os três conversam e ela gesticula bastante.

Marcos segura o saco com dificuldades, aparentemente os socos são fortes demais, a pele de Heron brilha de suor, os músculos de suas costas estão super definidos, de repente ele para e mexe os ombros em movimentos circulares, em seguida passa a mão nos cabelos...

Merda! por que ele tem que ser tão lindo.

Eu não posso me esquecer do que ele fez, preciso sair daqui, voltei por onde vim, o cômodo que Martino estava agora está vazio, vou entrar lá e vou ver se acho alguma coisa que possa me ajudar.

Continuei seguindo, quando viro a direita e me lembro de que não dá para checar o hall por conta das cortinas, vai ser na sorte, corri até a porta de entrada abrindo bem devagar. Olhei por uma fresta e nenhuma alma viva, mas notei que a porta do escritório está aberta, eu só posso ter essa chance, então avancei sem pensar muito, corri até o escritório e fechei a porta atrás de mim.

Estou estranhamente agitada deve ser a adrenalina, estou me sentindo uma espiã em uma missão impossível, fui até a mesa mas nada de mais em cima dela, puxei a primeira gaveta mas está trancada, a segunda trancada, a terceira também, todas do lado direito estão, fui então para o lado esquerdo, todas trancadas.

- inferno! - dei um chute nos gaveteiros fez barulho mas eu não me importei

De repente ouço vozes vindo nessa direção, fico meio desesperada sem saber para qual direção ir, então decidi correr para atrás da porta, se alguém abri-la ficarei aqui bem quieta. É Heron, Marcos e Joana.

- ok, rapazes, vou me arrumar - disse Joana

Fui até a porta e abri bem devagar para observá-los, Heron está parado na ponta da escada com a mão no corrimão olhando para cima.

- fica tranquilo, cara! ela vai te perdoar - Marcos dá um tapinha nas costas dele, são amigos? pelo visto sim.

- não tenho tanta certeza disso - Heron olha para baixo visivelmente chateado

- ela vai no tempo dela mas chega de pensar nisso, você tem que estar relaxado para mais tarde - disse Joana apontando o dedo indicador para Heron que se vira para ela

Relaxado para o quê exatamente?

- ela tem razão, preparado para suar bastante? - Heron ri mas não responde nada

- e não se esqueça do perfume, porque hoje você vai dançar com Sasha e Skyler -

O que foi que a Joana disse? ele vai ao Blue's? quem são essas duas?

- eu vou acabar com essas duas moças - Heron diz cada palavra sorrindo e eu pisco algumas vezes sem acreditar no que estou ouvindo, Marcos e Joana riem e uníssono, Joana ri tanto que coloca a mão na barriga - amanhã elas não vão nem conseguir andar -

Não é possível, esse babaca se diz triste mas vai se divertir no Blue's, com duas garotas ainda por cima, cachorro nojento! QUE ÓDIO!

- vai sim, garanhão - diz Marcos sumindo corredor afora enquanto Heron sobe as escadas rindo

E eu achando que era a única, a única idiota isso sim.

Estou tremendo, meu corpo inteiro está em chamas de puro ódio, ele me fez de boba, me usou enquanto nas horas vagas se divertia com essas duas, em outra boate aparentemente porque não me lembro de nenhuma Sasha ou Skyler no clube.

Vou até o bar e pego a primeira garrafa de bebida que vejo, tiro a tampa e bebo um gole, mal engulo o líquido e começo a tossir, whisky é muito forte. Que se dane, eu preciso beber, até esquecer meu nome e principalmente o desse desgraçado mentiroso.

Abro a porta sem me importar se tem alguém lá fora, subo as escadas torcendo para que ele esteja no corredor, porque se estiver ele vai ouvir umas poucas e boas, quando chego no segundo andar pronta para a luta noto que estou sozinha no corredor. Sorte a dele, vou então para o meu quarto, vou até a janela e me sento no chão, eu só quero tirar ele e essa merda toda da minha cabeça, bebo mais um pouco de bebida pelo bico da garrafa.

Mais do que nunca preciso arrumar um jeito de sair daqui.

Meu - PAUSADOOnde histórias criam vida. Descubra agora