LIBERTA<M3

IV - Armadilhas da Mente

Luke acordou bem tarde, embora não fosse o relógio na parede, não haveria como saber. A paisagem lá fora era totalmente branca sem nenhum indício da hora do dia. Nevava.

Ele esfregou os olhos e se esticou na cama macia, sentia-se deliciosamente descansado. Seus músculos doíam um pouco, mas estava mais confortável do que há muitos dias. Ainda sem entender o porquê de ter sido removido de seu antigo quarto para este muito agradável, ele esperava que não fosse apenas por acaso. Em seguida, lembrou de talvez ouvir Roman dizer que estes eram seus aposentos pessoais.

Luke corou ao lembrar as circunstâncias desse momento. Ele realmente deixou o homem que lhe humilhava, segurar seu pau e tratá-lo como se fosse seu objeto? O estômago de Luke deu uma pequena revirada. De repente ele teve um desejo quase irresistível de correr para algum lugar longe daquele homem estranho com os olhos cruéis e mãos proprietárias. Embora ele não podia negar que tudo tinha ido bastante bem. Melhor do que Luke poderia ter esperado.

Sim, ele foi punido, e isso era terrível. Mas Roman foi quase gentil com ele, e tomou conta dele quando não era preciso. O russo poderia ter deixado Luke ali, exausto e desamparado, até ele mijar-se adormecido no chão duro. Mas Roman havia trocado sua roupa e o colocado na cama. Aquele perigoso mafioso tinha sido quase gentil por fazer isso, mas ainda assim, Luke decidiu contar isso como uma pequena vitória. Ele sempre gostou de ser otimista.

Bocejando, Luke espreguiçou-se e sentou-se. Sentiu um pouco de dor pelos músculos, mas nada tão mau como ele temia. Seus olhos se direcionaram para a mesa de cabeceira e se arregalaram. Havia uma grande bandeja com todos os tipos de alimentos. Até mesmo frutas. Luke sorriu, com seu estômago roncando. Mas antes de provar qualquer coisa, ele decidiu que precisava de um banho primeiro. Seu humor melhorou muito, ele caminhou até o banheiro, olhou para o espelho e ficou imóvel.

Luke viu que usava uma camisa branca de manga comprida que claramente pertencia a alguém mais alto e mais largo nos ombros do que ele: ela descia quase até os joelhos. - "É de Roman?" - Um arrepio percorreu a sua espinha com o pensamento. Normalmente, ele não teria se importado, e ficaria satisfeito por deixar suas roupas sujas, mas após a experiência surreal da noite anterior, usar as roupas daquele homem o deixava instável. Sem mencionar que ele se encontrava totalmente nú sob a camisa.

Havia outra porta que dava acesso ao banheiro. Luke deu um passo para ela e encostou o ouvido nela. Nada. Ele empurrou a porta, mas ela não se moveu. Trancada. Claro. Mesmo se ele estivesse entre os quartos de Roman, como o russo tinha dado a entender, ele dificilmente seria deixado sozinho, ou livre para passear. Suspirando, Luke começou a se despir. Ele precisava de um banho para relaxar e parar de pensar na noite passada. Mas enquanto estava sob a água morna, os pensamentos voltavam. Algo sobre isso o incomodava muito.

Não era como se Luke fosse ignorante sobre punições disciplinares e tudo o que as implicava. Ao contrário de sua aparência, ele não era um garoto inocente ou inexperiente. Longe disso. Ele estava muito familiarizado com esse tipo de estilo de vida graças ao seu segundo namorado, Alan, que praticava BDSM, e lhe convenceu a experimentar. Depois de tentarem um pouco, Luke lhe disse que, embora respeitasse o seu estilo de vida, não gostava de ser chicoteado, acorrentado e açoitado. Alan não ficou muito feliz de ouvir isso, e eles terminaram a relação.

Mas a questão era que Ele e Alan tinham feito tudo com regras, e mesmo tendo confiança um no outro, simplesmente não funcionou. Alan não lhe fez nada de mal. Ele até gostou de algumas das coisas que tinham feito, mas a maior parte das "punições" eram chatas e bobas ao invés de excitantes, e ele nunca se sentiu impressionado por elas ou particularmente submisso. Então a relação com Alan tinha convencido Luke que essas coisas não eram para si. Até esta manhã.