Glamour em San Giorgio

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                                                              "Naquela noite tudo acabou
O conjunto dos fatos me assustou
E junto com o fogo...
 Foi se o meu amor"

   Meu pai me colocou em um trem assim que pode, meu irmão Tommaso nem se quer se opôs. Vou rumo a San Giorgio, ao encontro de minha avó Amélia que já deve estar preparando um belo sermão sobre a honra da família e de como eu dei fim a tudo, talvez isso seja bom, quem sabe assim... eu me esqueça de tudo... ainda é muito recente pra mim, só de pensar que passei três dias em choque: os gritos... a correria. Não, vim até aqui para fazer diferente por mim... e por você... meu eterno Duque.

A paisagem rapidamente fica cada vez mais lúdica, os campos verdes e floridos, as montanhas, as planícies, havia me esquecido do quão San Giorgio podia ser bonita. Logo o trem parou na estação depois de dois longos dias de viagem, enfim, em "casa".

Ao sair do trem, vejo um homem jovem com olhar rígido, mas com um sorriso doce, seus cabelos escuros destacam sua pele clara e o terno que lhe cai bem, estava segurando uma placa com o meu nome, me dirijo a ele e logo vamos rumo a mansão Delrio no ponto alto da cidade. Se as paredes falassem quantas histórias deve haver naquele palacete. De geração em geração, todos os Delrio nasceram em um quarto daquela mansão... ou deveria chamá-la de prisão. A casa carrega um legado, e o sobrenome se faz de suas correntes, verdadeiramente deplorável.

A cidade parece movimentada, tudo de fato está diferente, tenho vagas lembranças desse lugar. Ao chegar na mansão posso ver minha doce avó na porta com o seu olhar positivo e cheio de preocupações, seus cabelos brancos alinhados, sua roupa sempre muito elegante e o semblante jovial. 

Amélia: -- Minha querida, a quanto tempo! Já se fazem o quê, 3 anos desde a última vez que nos vimos! – Disse me dando um abraço caloroso.

Catarina: -- De fato faz um bom tempo! Receio que meu pai já tenha contado o motivo pelo qual estou aqui. – Digo completamente sem jeito.

Amélia: -- Claro que me foi dito! Como acha que eu fiquei quando soube que todos aqueles anos te criando foram em vão? – Resmungou se virando e adentrando a grande mansão comigo em seu encalço.

Catarina: -- Realmente sinto muito por ter estragado os planos da família...

Assim que chegamos a grandiosa sala, paramos em frente à lareira onde um quadro com a família estava exposto no topo, sempre no alto, como meu pai costuma falar: "Acima de todos, mas abaixo de Deus!", uma família com um lema tão narcisista.

Amélia: -- Se você retornou é porque não fiz o meu trabalho direito, não lhe mostrei a verdadeira importância dessa família. O que sua mãe diria sobre isso? Seu avô? Em momentos como esses agradeço por eles terem partido, se pouparam da vergonha!

Catarina: -- Realmente sinto muito!

Amélia: -- Não é como se suas palavras fossem resolver o estrago. Mas pra sua sorte, você é uma Delrio e logo esse erro será reparado. Bom, sem mais conversa fiada, vou lhe mostrar o seu quarto.

Aqueles corredores amplos e intimidadores, a decoração rustica, mas com um tremendo bom gosto, nós passamos reto pelo quarto onde eu ficava quando criança, algo está de fato errado, esse caminho... não poderia ser...

Amélia: -- Se lembra desse quarto? Acho que não tem como esquecer, não? Esse será seu quarto deste dia em diante!

Catarina: -- Impossível! A senhora não pode me forçar a isso!

Amélia: -- Não só posso como vou, sei que o ocorrido deve ter sido difícil pra você, mas imagine para sua família! Por pouco não colocou tudo a perder, esse será o seu castigo! Edgar trará sua bagagem, ele é novo, mas é um bom servo.

Familia DelrioOnde histórias criam vida. Descubra agora