Familia Delrio

determinação

   De um dia para o outro movimentei o tabuleiro ao meu favor, e no momento o rei é o Lorenzo. Desde o dia no lago ele vem me cortejando, me tornando sua pretendente mais promissora, isso me coloca em uma boa posição socialmente mas principalmente em minha família. Minha avó parece bem satisfeita, meu pai aliviado e meu irmão contente. Já eu... gosto de sua companhia, sua beleza me cativa e me prende, toda vez que vejo aqueles olhos me observando com tanta devoção e cuidado. Por um minuto esqueço de tudo, todos os problemas, os que tive, os que tenho e que vou chegar a ter.

Hoje irei passar o dia com ele, como tenho feito nas últimas semanas, o tempo tem passado rápido; eu e Lorenzo tivemos momentos dos quais é difícil se esquecer, ele tem me mostrado as belezas de San Giorgio. Lugares como a padaria do Joseph onde sempre nos encontramos nos fins de tarde para ver o por do sol, lá é rústico mas elegante, os quadros nas paredes, que eram pitados à mão pelo filho do dono, eram as minhas coisas favoritas lá.

Sempre nos sentamos na terceira mesa da área externa, a padaria fica em frente a praça da igreja no centro da cidade, a igreja é do padroeiro da cidade, tendo uma fonte no centro da praça em frente a igreja com uma estátua enorme de San Giorgio com todo seu esplendor derrotando o dragão. Na terceira mesa no fim da tarde, é possível ver o momento exato em que o sol se põe atrás da estátua banhada de cobre que brilha reluzentemente, marcando assim o que Lorenzo chama de "A MORTE DO DRAGÃO".

FLASHBACK – ON

Lorenzo: – Veja Catarina, olhe! Preste atenção! – Diz me puxando pelo ombro aproximando nossas faces enquanto aponta para a estátua.

Naquele momento pude ver o estante exato em que os raios de sol colidiam com a tal figura de cobre, o brilho resplandecia por todos os lados, o santo exalava pureza e força, o dragão abaixo de seus pés com certeza estava subjugado.

Lorenzo: – Vê Catarina! Essa é a morte do dragão! O Santo mata a fera, fera essa que lhe fez a proposta de que não destruiria a cidade caso ele o trouxesse jovens virgens como sacrifício. – Me olha e volta sua atenção para estátua.

Seus belos olhos, brilhavam novamente como um lindo lago azul cristalino... poderia jurar que via a água se mexer...

Lorenzo: – Mataria mil dragões como esse para defender sua honra, enfrentaria o inferno somente para ter a certeza de que no final me encontraria no paraíso dos seus braços novamente. É estranho para mim dizer isso, mas espero que me entenda... sou um tolo apaixonado!

Catarina: – Você realmente quer que eu me afogue...

FLASHBACK – OFF

   Meu coração acelera sempre que me lembro de seu desatino... paixão... amor, há uma parte em mim que realmente quer isso, mas há uma parte também que não se deixa esquecer do passado, ouço batidas na porta do meu quarto:

Edgar: – Senhorita há uma ligação para você!

Catarina: – Uma ligação? Para mim? – Pergunto surpresa enquanto abro a porta.

Edgar: – Sim, não disse quem é mas parece bem urgente, é da capital!

Me dirijo até o escritório onde havia o único telefone de fio da casa, minha avó não estava, uma ligação assim do nada para mim... confesso que acho bastante estranho, é da capital ainda por cima, bom sem muita excitação atendo:

???: – Catarina? É você? Se for você me responda! Assim vou saber aonde está, eu vou te buscar...

Catarina: – Isso é loucura! Você está morto! Está morto!

Entro em desespero e desligo o telefone o batendo no gancho, não pode ser possível! Você morreu! Você está morto... eram as únicas coisas que eu conseguia pronunciar, me encontrei em um estado de choque, me sentei no chão com os olhos cheios de lágrimas, soluçando até que Edgar apareceu, ele me perguntava algo mas eu não o ouvia, minhas vistas apenas se escureceram...