VAI PRECISAR SE ESFORÇAR, SE QUISER MAIS [Parte 1]

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RESUMO: Anna sabe que vai ter um péssimo dia quando começa levando um tombo na neve congelada na porta da casa. É seu dia de patrulha e a companhia do dia é Ellie, que está claramente puta com ela. Para completar, Anna tem que dar o braço a torcer e admitir que o conselho de Jesse estava certo: alguém vai ter que ceder.

***

Não podia esperar nada de bom de um dia que começava com uma queda desastrosa de bunda, direto no concreto gelado e úmido. O vulto de alguém se aproximou sob uma velocidade pouco recomendada na neve, em especial, depois do meu resultado.

— Está tudo bem. — Levantei uma mão em um sinal de que não se preocupasse. — Foi só um tombo idiota.

— Nisso concordamos.

Levantei o rosto; Jesse segurava o riso.

— Foi mesmo um tombo idiota.

Rolei os olhos e me coloquei em pé. Pior do que cair por um descuido bobo, era a queda ser diante de Jesse. Não apenas metade de Jackson saberia, como saberia uma versão exagerada e sem nexo.

— Se soubesse que era você, tinha passado uma rasteira. — Voltei ao plano inicial, o meu caminho até o portão para começar a patrulha.

O som da neve esmagando denunciava que Jesse seguia em meu encalço. Em algum momento, ele desistiu de conter a própria risada e deixou que ela perturbasse em minhas costas.

— Você vai mesmo ficar me seguindo? — Virei a cabeça alguns graus, apenas para encontrar a figura me seguindo.

— Estamos indo para o mesmo lugar.

— Não existe um único caminho para chegar lá. — Esfreguei as mãos enluvadas uma na outra, a minha respiração se materializava no ar diante do meu rosto.

— O que você está fazendo é o mais rápido.

— Claro. — Dispensei mais um rolar de olhos. A comunidade ainda despertava, o caminho entre as casas era vazio e silencioso. — Não é uma escolha voluntária para me atormentar.

— Pensa pelo lado positivo, ao menos não sou o seu parceiro da patrulha, hoje. — Ele adiantou os passos para que seguisse ao meu lado.

— Antes fosse — admiti com um suspirar, a nuvem de vapor intensificou diante do meu rosto. — Você pelo menos me faz rir. Ellie está me dando nos nervos.

— Olha, se o paraíso não está em crise.

— Paraíso? — Foi a minha vez de rir. — No começo eu até achava fofo ela tentando esconder que sentia algo por mim.

— Eu adoro. — Ele afundou as mãos nos bolsos da blusa azul. — Ela fica calada, porque não consegue dizer duas palavras coerentes na sua presença.

Ri outra vez. O rosto ficando vermelho sob as sardas, os sorrisos contidos, as mãos se movimentando sem parar, como se fossem incapazes de encontrar um lugar onde descansarem. Lembrar dessa visão quase me fazia esquecer porque ela me irritava.

— Gosto como ela acha que ainda não sei.

Jesse sorriu genuíno antes de estampar o rosto com uma expressão desdenhosa.

— Longe de mim querer ficar do lado da Ellie...

— Pelo amor, Jesse. — Arqueei as sobrancelhas em indignação. — Ela é sua melhor amiga, você vai ficar do lado dela independente do que for.

— Que seja. — Esbarrou o seu ombro com o meu. — Ela só ficou mais chata depois que te viu beijando o Pinkmann.

— Erro rude. — Fiz uma careta. — O beijo foi péssimo e agora eu tenho que lidar com a grosseria gratuita de Ellie.

THE LAST OF US: um livro de exaltação à Ellie WilliamsOnde histórias criam vida. Descubra agora