O caminho de volta à Jackson passou como um borrão na memória. Quando me dei conta, o portão já se abria diante de nós. A primeira coisa que notaram foi a minha blusa ensanguentada e um estado de alerta ficou estampado no rosto das pessoas ao redor. Por segundos, ninguém se moveu.
— Está tudo bem! — Ellie anunciou em um pedido urgente, já não estava mais sobre o seu cavalo. — Fomos surpreendidas por um corredor. Eu... Eu o esfaqueei no pescoço quando foi para cima da Anna.
Nossos olhares se encontraram, o desespero quase unia as sobrancelhas dela no centro da testa. Procurei palavras para corroborar com o que ela dizia, mas me faltava algum raciocínio lógico.
— Você está bem, Anna? — Um homem indagou próximo de mim e do cavalo que eu ainda montava. Havia hesitação em seus movimentos. — Tem certeza de que não foi mordida.
— Eu... — A palavra deslizou por meus lábios. — Não... quero dizer — esfreguei uma mão no rosto —, sim.
Ninguém disse nada ou moveu um músculo. A forma como eu agia não ajudava.
— É melhor examinarmos — o homem falou de novo. Anthon. Seu nome era Anthon, sempre elogiava o cuidado que eu tinha Alaska.
Não neguei. Quando um médico olhou o meu ombro, o ponto exato em que a blusa estava manchada e com um rasgo perceptível, nada encontraram, se não a minha pele branca. Confirmaram que a minha falta de reação era o simples choque, pelo acontecimento; o que ninguém se atentou é que, na verdade, aquela não era a minha blusa.
*
Ellie e eu não trocamos palavras em seguida do beijo. Deixei os registros do dia no caderno e voltamos para o andar inferior, onde os cavalos nos aguardavam. O tempo estava estático ao retornarmos a cavalgada, o vento não agitava as copas das árvores cobertas por neve.
— Então — a voz de Ellie vinha das minhas costas —, vamos ficar em silêncio mesmo?
Não escondi o meu riso.
— Agora você quer falar? — rebati com escárnio. — Estava me ignorando há dias.
— Eu não estava... ignorando.
— Ah, é! Para isso você teria que fingir que não me via, quando, na verdade, não só me olhava feio quanto não me poupava das respostas ríspidas.
O silêncio retornou. Por um momento achei que a tinha calado. Ellie apertou o trote do seu cavalo e ficou ao lado de Alaska.
— Você beijou Pinkmann na minha frente — ela comentou em um tom profundo, a expressão fechada em uma carranca emburrada.
— Em minha defesa, eu não sabia que você estava lá.
Ela semicerrou os olhos.
— Nós tínhamos nos falado, antes disso.
— Certo — respondi contrariada. — Eu não sabia que você estava vendo. E, teoricamente, não temos nada.
Ellie abriu a boca, mas desistiu de dizer. Voltou a atenção para o caminho à nossa frente, as sobrancelhas ainda unidas.
— Desculpa — admiti, afinal. — Eu sei que você tem — apenas os olhos dela se moveram de volta em minha direção — sentimentos por mim... — Deixei a frase morrer, de repente me sentindo ridícula por estar falando sobre aquilo. A timidez não era um sentimento com o qual eu estava acostumada.
— Foi minha culpa não ter admitido isso antes. — Cada palavra pareceu lhe custar uma porcentagem considerável de energia. O rosto ficou vermelho da forma como eu adorava.
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THE LAST OF US: um livro de exaltação à Ellie Williams
FanfictionUtilizando de toda a minha alma de fanfiqueira para lidar com a minha obsessão, recém adquirida, por Ellie Williams. Nesse livro, vocês vão encontrar todo tipo aleatório de história em que o único objetivo é exaltar a minha nova musa inspiradora. Nã...