Capítulo 2

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Liz

— Liz! — Minha mãe sorriu, quando me viu entrar pela porta do quarto. Tentei sorrir, me manter alegre e alto astral, mas cada vez que a vinha visitá-la ficava mais difícil de fingir estar tudo bem. Seu corpo estava frágil e debilitado devido à quantidade de médicos que ela recebia por dia, as orelhas profundas e arroxeadas deixavam claro que ela mal conseguia descansar direito. — Como você está, Lili? — Desde pequena, minha mãe constava a me chamar assim, era algo tão natural e afetuoso, que já considerava meu segundo nome.

— Bem. — Respondi beijando sua testa, o cheiro de erva-doce invadiu meu nariz.

— Que bom filha. — Ela acariciou minha bochecha com a mão. — É o trabalho? Tudo certo?

Suspirei.

— Corrido como sempre. — Sentei na poltrona ao lado de sua cama. — E como foi seu dia? O que fizeram hoje?

— Ah, minha querida, Cida esteve de plantão a tarde, então já pode imaginar que risadas não faltaram, no mais, li uns dos livros que me trouxe e tirei um cochilo. — Sorri. — Você tem algo para me contar? — Perguntou.

Como eu diria que uma mulher igual a mim, apareceu do nada e me fez uma proposta para lá de doida?

Não dizendo!

Exato.

— Não, mãezinha, só estou cansada.

— Então deveria ter ido para casa descansar, poderia ter me ligado ao invés de vir aqui. — Sugeriu. — Você deveria tirar uns dias de férias, você tem trabalhado muito nas últimas semanas... e para que...

— Mãe, por favor. — Pedi.

— Lili, sejamos realistas, eu não tenho mais muito tempo... — Odiava quando ela falava assim, ela estava desistindo sem ao menos tentar. — Não quero vê-la se matando de trabalhar em vão, você precisa ter uma vida, sair com seus amigos, conhecer alguém talvez.

— Eu tenho uma vida mãe, é meu esforço, não é em vão, você vai sair dessa, eu só preciso...

— De 100 mil reais para minha cirurgia? — Perguntou.

Suspirei.

— Que a senhora continue lutando. — Disse resignada. — Sei que parece impossível, mas darei um jeito. Confie em mim.

— Lili, me escute... não há mais o que fazer... — Ela olhou para as próprias mãos. — A não ser aceitar o fim que Deus escolheu.

— O que a senhora quer dizer com isso? — Questionei. Ela molhou os lábios.

— O Doutor, disse que o tratamento não está mais está nem fazendo cócegas no tumor. — Senti as lágrimas se formarem no canto dos meus olhos. — Oh querida, não chore, não quero vê-la triste.

— Como não vou ficar triste? Se estou fazendo tudo o que posso para você sair dessa, e a senhora já jogou a toalha. Mãe, confie em mim, eu vou dar um jeito de conseguir o dinheiro e te salvar dessa situação! — Afirmei.

— Tudo bem, Lili. Tudo bem. — Ela bateu na minha mão. — Podemos assistir a um filme antes de você ir embora? — Concordei com a cabeça.

Mais minha mente só pensava em uma única coisa a onde ida conseguir todo esse dinheiro? Se todas as minhas economias já tinham sido gastas, os bancos me negavam os empréstimos.

...

— Liz?! Não sabia que estava aqui. — Dr. Carlos me disse, quando me encontrou no corredor.

— Sempre estou aqui. — Forcei um sorriso.

O Lar que eu Roubei | ** DEGUSTAÇÃO**Onde histórias criam vida. Descubra agora