Capítulo 5

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Duas semanas depois

Liz

Lia e eu trocamos alguns e-mails, com o que deveria fazer primeiro. Ela me sugeriu que pedisse demissão e depois falasse com Letícia, segundo Lia ninguém podia saber que nos conhecíamos, assim seria mais fácil e ninguém desconfiaria da farsa.

Naquele mesmo dia falei com senhor Smith e invente uma desculpa sobre não conseguir ficar na cidade depois da morte da minha mãe, ele apareceu acreditar e não me fez perguntas e apenas exigiu que entregasse todos os meus projetos pendentes. Deixei para falar com Letícia no meu último dia na empresa, assim caso algum comentário surgisse eu já estaria longe, para minha surpresa ela foi super compreensiva, mas eu percebia que ela estava intrigada e dei um jeito de sair da sala antes de um bombardeio de perguntas, nunca fui muito boa em mentir.

É estava presta a ter que fazer isso pelo próximo um ano!

Fechei a última mala, não tinha muita coisa para levar e duvidava que, Lia me deixaria ficar com aquelas roupas. Olhei para o apartamento quase vazio e me senti mal, eu tinha vivido quase a minha vida toda ali e agora estava indo embora sabendo que nunca mais voltaria para aquele lugar.

Conversei com o proprietário alguns dias atrás e ele me deixou sair sem ter que pagar a multa pela resseção, usei a mesma desculpa que usei na construtora e pareceu colocar, aquela era a minha desculpa universal. Quando doei as coisas de minha mãe disse: "não posso ficar com coisas que me lembra ela", quando dei os móveis e disse: "Estou me mudando, é não posso levá-los comigo, minha mãe ia gostar disso". Pareceu colar com todos.

Lia me mandou o cartão de embarque por e-mail, para aquela mesmo dia, de madrugada, o advogado que aprontou nosso contrato estaria a minha espera e me levaria até o hotel para encontrar com ela, tomei um susto quando vi que a passagem marcava Paris ao invés de São Paulo como pensava. Quando questionada, ela me disse que não podíamos arriscar sermos vistas juntas, já que era uma figura pública e fora do país as possibilidades eram menores, sem contar que quando voltasse para assumir seu lugar, teria que estar chegando de Paris.

Suspirei.

Nunca me imaginei indo embora de Porto Alegre, não nasci na cidade, mas cresci aqui, essa era minha referência de casa, onde tinha conquistado e vivido tantas coisas, que enquanto olhava para fora da janela esperando meu táxi chegar, não pude deixar que lembrar de várias coisa e um sorriso brotou em meus lábios. Sentiria falta da cidade, do sotaque, das pessoas.

O interfone tocou.

— Seu táxi, chegou senhorita Campos.

Hora de ir!

— Já estou indo. — Respondi.

Coloquei as três malas no elevador, dei uma última olhada saudosa para o lugar que chamei de casa e fechei a porta, como se fechasse um cilo doloroso. Apertei o botão do terreio e logo as portas foram abertas

— Precisa de ajuda com as malas? — Seu Domingos, perguntou. Ele era o porteiro mais antigo do prédio, me viu crescer e estava sempre me ajudando quando minha mãe passava mal.

— Se o senhor puder. — Ele sorriu e pegou duas mala e me ajudou a chegar no táxi. — Obrigada. — Agradeci. — Aqui. — Entregue a chave do apartamento. — O proprietário deve passar para pegar em breve. — Disse.

Ele sorriu para mim com carinho.

— Faça uma boa viagem e sem lembre a senhorita é e sempre será bem-vinda aqui.

— Obrigada. — Agradeci outra vez sentido vontade de chora. — Tenho que ir.

Seu Domingos abriu a porta do carro para mim, esperou eu entrar e fechou.

O Lar que eu Roubei | ** DEGUSTAÇÃO**Onde histórias criam vida. Descubra agora